AgRg no HC 327026 / CEAGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS2015/0139850-3
CONDENAÇÃO PELOS DELITOS PREVISTO NO ART. 1º, I, DO DECRETO-LEI N.
201/1967. PENA-BASE FIXADA MUITO ALÉM DO GRAU MÍNIMO PREVISTO.
EXISTÊNCIA DE DUAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS.
UTILIZAÇÃO DE UM ÚNICO DADO FÁTICO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA E CONCRETA. ILEGALIDADE DA OPERAÇÃO DE DOSIMETRIA PENAL.
CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO.
1. É certo que nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu grau mínimo. Não é menos exato que compete ao magistrado motivar adequadamente o ato decisório, mediante ampla fundamentação e com base em elementos concretos, quando proceder a uma especial exacerbação da pena-base, cumprindo, de modo pleno, o princípio constitucional da individualização da pena.
2. Na espécie, o Tribunal de Justiça, ao redimensionar a pena dos pacientes, empregou um mesmo elemento fático para justificar a negativação de duas circunstâncias judiciais - motivos e consequências do crime. Ou seja, o Colegiado, sem revelar a fundamentação jurídica adequada e justificadora de suas conclusões, definiu, mediante fixação puramente arbitrária, a pena-base de modo excessivo, sem quaisquer outras considerações. Evidentemente que tal procedimento não observou os parâmetros legais e incidiu em comportamento arbitrário, mostrando-se imperiosa a retificação da operação na via processual eleita.
3. O magistrado, em seu processo decisório, está necessariamente vinculado a fatores e critérios que, em matéria de dosimetria penal, limitam-lhe a prerrogativa de definir a pena aplicável ao condenado.
Individualização sem a devida e minuciosa fundamentação acerca da aplicação da pena é procedimento casual e incerto e gera nulidade absoluta, por ferir norma constitucional.
4. Ordem concedida para afastar a circunstância judicial referente aos motivos do crime, por carência de fundamentação.
(AgRg no HC 327.026/CE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2015, DJe 22/09/2015)
Ementa
CONDENAÇÃO PELOS DELITOS PREVISTO NO ART. 1º, I, DO DECRETO-LEI N.
201/1967. PENA-BASE FIXADA MUITO ALÉM DO GRAU MÍNIMO PREVISTO.
EXISTÊNCIA DE DUAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS.
UTILIZAÇÃO DE UM ÚNICO DADO FÁTICO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA E CONCRETA. ILEGALIDADE DA OPERAÇÃO DE DOSIMETRIA PENAL.
CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO.
1. É certo que nenhum condenado tem direito público subjetivo à estipulação da pena-base em seu grau mínimo. Não é menos exato que compete ao magistrado motivar adequadamente o ato decisório, mediante ampla fundamentação e com base em elementos concretos, quando proceder a uma especial exacerbação da pena-base, cumprindo, de modo pleno, o princípio constitucional da individualização da pena.
2. Na espécie, o Tribunal de Justiça, ao redimensionar a pena dos pacientes, empregou um mesmo elemento fático para justificar a negativação de duas circunstâncias judiciais - motivos e consequências do crime. Ou seja, o Colegiado, sem revelar a fundamentação jurídica adequada e justificadora de suas conclusões, definiu, mediante fixação puramente arbitrária, a pena-base de modo excessivo, sem quaisquer outras considerações. Evidentemente que tal procedimento não observou os parâmetros legais e incidiu em comportamento arbitrário, mostrando-se imperiosa a retificação da operação na via processual eleita.
3. O magistrado, em seu processo decisório, está necessariamente vinculado a fatores e critérios que, em matéria de dosimetria penal, limitam-lhe a prerrogativa de definir a pena aplicável ao condenado.
Individualização sem a devida e minuciosa fundamentação acerca da aplicação da pena é procedimento casual e incerto e gera nulidade absoluta, por ferir norma constitucional.
4. Ordem concedida para afastar a circunstância judicial referente aos motivos do crime, por carência de fundamentação.
(AgRg no HC 327.026/CE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2015, DJe 22/09/2015)Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal
de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr.
Ministro Sebastião Reis Júnior dando provimento ao agravo regimental
para conceder a ordem, no que foi acompanhado pelos Srs. Ministros
Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Ericson Maranho
(Desembargador convocado do TJ/SP), por maioria, dar provimento ao
agravo regimental para conceder a ordem, nos termos do voto do Sr.
Ministro Sebastião Reis Júnior, que lavrará o acórdão. Vencida a
Sra. Ministra Relatora. Votaram com o Sr. Ministro Sebastião Reis
Júnior (Presidente) os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi
Cordeiro e Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP).
Data do Julgamento
:
01/09/2015
Data da Publicação
:
DJe 22/09/2015
Órgão Julgador
:
T6 - SEXTA TURMA
Relator(a)
:
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131)
Relator a p acórdão
:
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (1148)
Informações adicionais
:
(VOTO VENCIDO) (MIN. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA)
"O Superior Tribunal de Justiça já assentou que, mesmo em
hipóteses de nulidades ditas absolutas, é imprescindível a
observância do devido processo legal e do duplo grau de jurisdição.
Se a matéria não foi enfrentada pelo Tribunal de origem, e já houve
o trânsito em julgado da condenação, cabe à Defesa ajuizar, se for o
caso, a competente revisão criminal".
"[...]não é demais lembrar o entendimento desta Corte, no
tocante à dosimetria, no sentido de que, em sede de habeas corpus
não se afere o quantum aplicado, desde que devidamente fundamentado,
como ocorre na espécie, sob pena de revolvimento fático-probatório".
Referência legislativa
:
LEG:FED CFB:****** ANO:1988***** CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ART:00093 INC:00009LEG:FED DEL:002848 ANO:1940***** CP-40 CÓDIGO PENAL ART:00059
Veja
:
(DIREITO PENAL - DOSIMETRIA - INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA -FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE) STF - HC 101118-MS(HABEAS CORPUS - REEXAME DE DOSIMETRIA DE PENA - EXCEPCIONALIDADE -DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO) STJ - EDcl no HC 119070-SP, HC 310560-SP(VOTO VENCIDO - PROCESSO PENAL - ALEGAÇÃO DE NULIDADE ABSOLUTA -MATÉRIA NÃO ENFRENTADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM) STJ - HC 318623-SP, HC 312282-SP(VOTO VENCIDO - HABEAS CORPUS - DOSIMETRIA DE PENA - REEXAME DO"QUANTUM" APLICADO) STJ - HC 119544-SP, HC 95118-PB STF - RHC 101576
Mostrar discussão