main-banner

Jurisprudência


RHC 59542 / PERECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS2015/0112271-4

Ementa
RECURSO EM HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL E POSTERIOR REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO. DENÚNCIA ANÔNIMA. VALIDADE DESDE QUE CORROBORADA POR OUTROS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO. INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR REALIZADA. GRAVAÇÃO CLANDESTINA REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. VALIDADE. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. NULIDADE DA DECISÃO. NÃO OCORRÊNCIA. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DA LEI N. 9.296/1996. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, a denúncia anônima pode dar início à investigação, desde que corroborada por elementos informativos prévios que denotem a verossimilhança da comunicação. 2. Diante da confecção de relatório de investigação preliminar, anterior à portaria de instauração do inquérito policial, constata-se que o procedimento investigatório foi embasado em outros elementos informativos, além da notícia anônima. 3. É válida a utilização da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores do diálogo como meio de prova no processo penal, independentemente de prévia autorização judicial. Precedentes. 4. O provimento judicial que autoriza a interceptação telefônica - admitida pela Constituição Federal, em seu art. 5°, XII, e regulamentada pela Lei n. 9.296/1996 - deve ser ordenado por juiz competente para o julgamento da ação principal, diante da existência de indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal punida com reclusão, ante a inexistência de outros meios de se produzir a prova. 5. O Juízo de primeiro grau indicou a existência de indícios razoáveis de participação dos recorrentes em delito punido com reclusão - concussão -, bem como a necessidade da medida cautelar para instruir a investigação criminal. 6. Foram também observados os requisitos legais relativos à indicação da finalidade de instruir a investigação criminal e a imprescindibilidade do meio de prova em questão, porquanto se apresentou a interceptação telefônica como medida indispensável à colheita de elementos necessários ao desenrolar da persecução. 7. Recurso não provido. (RHC 59.542/PE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 20/10/2016, DJe 14/11/2016)
Acórdão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma, prosseguindo no julgamento após o voto-vista antecipado do Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior dando parcial provimento ao recurso, sendo acompanhado pela Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, e os votos dos Srs. Ministros Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro negando-lhe provimento, por maioria, negar provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Votaram vencidos os Srs. Ministros Maria Thereza de Assis Moura e Sebastião Reis Júnior, que davam parcial provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro votaram com o Sr. Ministro Relator.

Data do Julgamento : 20/10/2016
Data da Publicação : DJe 14/11/2016
Órgão Julgador : T6 - SEXTA TURMA
Relator(a) : Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ (1158)
Informações adicionais : (VOTO VISTA) (MIN. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR) É ilegal a gravação de conversa realizada por um dos interlocutores, sem autorização judicial, na hipótese em que tal gravação se deu por imposição da autoridade policial e não por vontade própria do interlocutor. Isso porque, nessa situação, houve uma burla ao direito constitucional de privacidade.
Referência legislativa : LEG:FED DEL:003689 ANO:1941***** CPP-41 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ART:00005 PAR:00003 INC:00010LEG:FED CFB:****** ANO:1988***** CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ART:00005 INC:00012LEG:FED LEI:009296 ANO:1996
Veja : (DENÚNCIA ANÔNIMA - INÍCIO DA PERSECUÇÃO PENAL - PROCEDIMENTOS DEINVESTIGAÇÃO PRÉVIOS) STF - HC 108147-PR STJ - RHC 45925-GO, HC 229205-RS(PROCESSO PENAL - PROVA - GRAVAÇÃO CLANDESTINA FEITA POR UM DOSINTERLOCUTORES - PROVA LÍCITA) STF - RE-QO-RG 583937-RJ STJ - RMS 49277-SP, HC 309516-SP, AgRg no REsp 1205036-MS, HC 292858-ES(INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA - NECESSIDADE DA MEDIDA - INDÍCIOSRAZOÁVEIS DE PARTICIPAÇÃO NO CRIME) STJ - HC 217674-RS
Mostrar discussão