STF ADI 973 MC / AP - AMAPÁ MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL
QUE ESTENDE A DETERMINADA CATEGORIA FUNCIONAL O REALINHAMENTO
REMUNERATÓRIO DEFERIDO A SERVIDORES PÚBLICOS DIVERSOS - EXTENSÃO
DESSE BENEFÍCIO PECUNIÁRIO RESULTANTE DE EMENDA DE INICIATIVA
PARLAMENTAR APROVADA PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - VETO REJEITADO
- PROMULGAÇÃO DA LEI PELO PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
LOCAL - AUMENTO DA DESPESA GLOBAL PREVISTA NO PROJETO DE LEI
APRESENTADO PELO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE
CONSTITUCIONAL DESSA MAJORAÇÃO POR EFEITO DE EMENDA DE INICIATIVA
PARLAMENTAR - INCIDÊNCIA DA RESTRIÇÃO PREVISTA NO ART. 63, I, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.
PROCESSO LEGISLATIVO E ESTADO-MEMBRO.
- A atuação dos
membros da Assembléia Legislativa dos Estados acha-se submetida,
no processo de formação das leis, à limitação imposta pelo art.
63, I, da Constituição, que veda - ressalvadas as proposições de
natureza orçamentária - o oferecimento de emendas parlamentares
de que resulte o aumento da despesa prevista nos projetos
sujeitos ao exclusivo poder de iniciativa do Governador do
Estado.
O EXERCÍCIO DO PODER DE EMENDA, PELOS MEMBROS DO
PARLAMENTO, QUALIFICA-SE COMO PRERROGATIVA INERENTE À FUNÇÃO
LEGISLATIVA DO ESTADO.
- O poder de emendar - que não
constitui derivação do poder de iniciar o processo de formação
das leis - qualifica-se como prerrogativa deferida aos
parlamentares, que se sujeitam, no entanto, quanto ao seu
exercício, às restrições impostas, em "numerus clausus", pela
Constituição Federal.
- A Constituição Federal de 1988,
prestigiando o exercício da função parlamentar, afastou muitas
das restrições que incidiam, especificamente, no regime
constitucional anterior, sobre o poder de emenda reconhecido aos
membros do Legislativo. O legislador constituinte, ao assim
proceder, certamente pretendeu repudiar a concepção regalista de
Estado (RTJ 32/143 - RTJ 33/107 - RTJ 34/6 - RTJ 40/348), que
suprimiria, caso prevalecesse, o poder de emenda dos membros do
Legislativo.
- Revela-se plenamente legítimo, desse modo, o
exercício do poder de emenda pelos parlamentares, mesmo quando se
tratar de projetos de lei sujeitos à reserva de iniciativa de
outros órgãos e Poderes do Estado, incidindo, no entanto, sobre
essa prerrogativa parlamentar - que é inerente à atividade
legislativa -, as restrições decorrentes do próprio texto
constitucional (CF, art. 63, I e II), bem assim aquela fundada na
exigência de que as emendas de iniciativa parlamentar sempre
guardem relação de pertinência com o objeto da proposição
legislativa. Doutrina. Precedentes.
Ementa
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL
QUE ESTENDE A DETERMINADA CATEGORIA FUNCIONAL O REALINHAMENTO
REMUNERATÓRIO DEFERIDO A SERVIDORES PÚBLICOS DIVERSOS - EXTENSÃO
DESSE BENEFÍCIO PECUNIÁRIO RESULTANTE DE EMENDA DE INICIATIVA
PARLAMENTAR APROVADA PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA - VETO REJEITADO
- PROMULGAÇÃO DA LEI PELO PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
LOCAL - AUMENTO DA DESPESA GLOBAL PREVISTA NO PROJETO DE LEI
APRESENTADO PELO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - IMPOSSIBILIDADE
CONSTITUCIONAL DESSA MAJORAÇÃO POR EFEITO DE EMENDA DE INICIATIVA
PARLAMENTAR - INCIDÊNCIA DA RESTRIÇÃO PREVISTA NO ART. 63, I, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.
PROCESSO LEGISLATIVO E ESTADO-MEMBRO.
- A atuação dos
membros da Assembléia Legislativa dos Estados acha-se submetida,
no processo de formação das leis, à limitação imposta pelo art.
63, I, da Constituição, que veda - ressalvadas as proposições de
natureza orçamentária - o oferecimento de emendas parlamentares
de que resulte o aumento da despesa prevista nos projetos
sujeitos ao exclusivo poder de iniciativa do Governador do
Estado.
O EXERCÍCIO DO PODER DE EMENDA, PELOS MEMBROS DO
PARLAMENTO, QUALIFICA-SE COMO PRERROGATIVA INERENTE À FUNÇÃO
LEGISLATIVA DO ESTADO.
- O poder de emendar - que não
constitui derivação do poder de iniciar o processo de formação
das leis - qualifica-se como prerrogativa deferida aos
parlamentares, que se sujeitam, no entanto, quanto ao seu
exercício, às restrições impostas, em "numerus clausus", pela
Constituição Federal.
- A Constituição Federal de 1988,
prestigiando o exercício da função parlamentar, afastou muitas
das restrições que incidiam, especificamente, no regime
constitucional anterior, sobre o poder de emenda reconhecido aos
membros do Legislativo. O legislador constituinte, ao assim
proceder, certamente pretendeu repudiar a concepção regalista de
Estado (RTJ 32/143 - RTJ 33/107 - RTJ 34/6 - RTJ 40/348), que
suprimiria, caso prevalecesse, o poder de emenda dos membros do
Legislativo.
- Revela-se plenamente legítimo, desse modo, o
exercício do poder de emenda pelos parlamentares, mesmo quando se
tratar de projetos de lei sujeitos à reserva de iniciativa de
outros órgãos e Poderes do Estado, incidindo, no entanto, sobre
essa prerrogativa parlamentar - que é inerente à atividade
legislativa -, as restrições decorrentes do próprio texto
constitucional (CF, art. 63, I e II), bem assim aquela fundada na
exigência de que as emendas de iniciativa parlamentar sempre
guardem relação de pertinência com o objeto da proposição
legislativa. Doutrina. Precedentes.Decisão
Apresentado o feito em mesa, o julgamento foi adiado em virtude do
adiantado da hora. Plenário, 25.11.93.
Decisão: Por votação unânime, o Tribunal deferiu a medida cautelar para
suspender, até a decisão final da ação, a eficácia do parágrafo único
do art. 2º da Lei n. 98, de 01.9.93, do Estado do Amapá. Votou o
Presidente. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Marco Aurélio.
Plenário, 17.12.93.
Data do Julgamento
:
17/12/1993
Data da Publicação
:
DJ 19-12-2006 PP-00034 EMENT VOL-02261-01 PP-00080 RTJ VOL-00210-03 PP-01084
Órgão Julgador
:
Tribunal Pleno
Relator(a)
:
Min. CELSO DE MELLO
Parte(s)
:
REQTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAPÁ
ADV. : ANNIBAL BARCELLOS
REQDO. : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO AMAPÁ
Mostrar discussão