main-banner

Jurisprudência


STF Ext 1000 / RFA - REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA EXTRADIÇÃO

Ementa
EXTRADIÇÃO. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE TRATADO BILATERAL. PROMESSA DE RECIPROCIDADE EM CONDIÇÕES DE SER CUMPRIDA. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA JUSTIÇA BRASILEIRA. INEXISTÊNCIA. ART. 85, § 1º, DA LEI 6.815/80. INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CONFIGURAÇÃO. IDENTIDADE DO EXTRADITANDO. CONFIRMAÇÃO PERICIAL. FAMÍLIA NO BRASIL. SÚMULA 421. XENOFOBIA. INCONSISTÊNCIA. TRADUÇÃO OFICIAL. IMPUGNAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. PEDIDO DEFERIDO. 1. O pedido de extradição foi formalizado nos autos, com mandado de prisão que indica precisamente o local, a data, a natureza e as circunstâncias dos fatos delituosos atribuídos ao extraditando, transcrevendo os dispositivos legais da ordem jurídica alemã pertinentes ao caso. Observados os requisitos do art. 77 da Lei n° 6.815/80. 2. A ausência de tratado bilateral sobre extradição entre o governo requerente e o Brasil é superada pela promessa de reciprocidade formalizada nos autos, cujo cumprimento não encontra óbice legal. 3. O crime de tráfico internacional de entorpecentes teria sido executado no Brasil e na Alemanha, com suposto domínio final do fato pelo extraditando, o que exclui a exclusividade da competência da Justiça Brasileira. Ademais, não foi instaurado qualquer procedimento para sua apuração no Brasil. Precedentes. 4. Não é inconstitucional a limitação dos temas passíveis de alegação no processo extradicional (art. 85, § 1º, da Lei n° 6.815/80), tendo em vista que, nesta modalidade processual, não se julga o mérito da acusação, mas apenas a possibilidade de seu julgamento pelo Estado Requerente. Precedentes. 5. A alegação de homonímia foi infirmada por laudo pericial, que constatou ser o extraditando a mesma pessoa procurada pelo Estado Requerente. 6. Existência de família no Brasil não é obstáculo à extradição, conforme pacífico entendimento da Corte. Súmula n° 421. 7. A alegação de suposta xenofobia praticada pela Justiça da Alemanha contra árabes, bem como a afirmação de que a tradução oficial dos documentos para o português não foi fidedigna, não encontram respaldo nos autos, baseando-se apenas na opinião da própria defesa. 8. Extradição deferida. 9. O tempo de prisão do extraditando no Brasil, por força do presente pedido, deve ser contabilizado para efeito de detração, no eventual caso de condenação na Alemanha.
Decisão
O Tribunal, por unanimidade, deferiu o pedido de extradição, nos termos do voto do Relator. Falou pelo extraditando o Dr. Airton Rocha Nóbrega. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello. Licenciada a Senhora Ministra Ellen Gracie (Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Vice-Presidente). Plenário, 22.03.2007.

Data do Julgamento : 22/03/2007
Data da Publicação : DJ 13-04-2007 PP-00084 EMENT VOL-02271-01 PP-00033
Órgão Julgador : Tribunal Pleno
Relator(a) : Min. JOAQUIM BARBOSA
Parte(s) : REQTE.(S) : GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA EXTDO.(A/S) : MOHAMAD KHALIL CHAMESS OU CHAMES MOHAMED KHALIL OU SHAMS MOHAMMED KHALIL OU CHAMES MOHAMED KHALIL GEORGE ADV.(A/S) : JORAN PINTO RIBEIRO
Mostrar discussão