STF HC 68171 / DF - DISTRITO FEDERAL HABEAS CORPUS
"HABEAS CORPUS" - PROCESSO PENAL - COMPETÊNCIA DO
ESCRIVAO DO JUÍZO PARA PROMOVER INTIMAÇÃO E CERTIFICAR-LHE A
REALIZAÇÃO - ALEGADA INVERACIDADE DA CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO -
PRESUNÇÃO "JURIS TANTUM" DE VERACIDADE DOS ATOS DOS SERVENTUARIOS E
DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA - ALEGAÇÃO NÃO-COMPROVADA - DEFESA TECNICA
INSATISFATORIA - INOCORRENCIA - DESISTENCIA DE DEPOIMENTO TESTEMUNHAL
- FACULDADE QUE SE CONTEM NOS PODERES DO DEFENSOR - AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA.
- Não se pode desconhecer que as declarações dos
Serventuarios e dos Oficiais de Justiça, consubstanciadas nas
certidoes que exaram no regular exercício de suas atribuições
funcionais, revestem-se de presunção "juris tantum" de veracidade.
Essa presunção legal, ainda que relativa e infirmavel por prova em
contrario, milita em favor dos atos praticados pelos Escrivaes do
Juízo e pelos Oficiais de Justiça, quer porque gozam, estes, de fé
pública, inerente ao relevante oficio que desempenham, quer porque
traduzem, aqueles, formal manifestação do próprio Estado.
As certidoes emanadas desses agentes auxiliares do
Juízo tem fé pública e prevaleCem até que se produza prova idonea e
inequivoca em sentido contrario. Meras alegações não descaracterizam
o conteudo de veracidade que se presume existente nesses atos
processuais.
- O Código de Processo Penal, após estAbelecer a
disciplina das intimações, deferiu ao Serventuario de Justiça a
atribuição de proceder a sua realização, certificando nos autos o
resultado de suas diligencias processuais.
- Respeita-se o princípio constitucional do direito de
defesa, quando se enseja ao réu, permanentemente assistido por
Defensor tecnico, o seu exercício em plenitude, sem a ocorrencia de
quaisquer restrições ou obstaculos, ilegitimamente criados pelo
Estado, que possam afetar a cláusula inscrita em nossa Carta
Politica, assecuratoria do contraditorio e de todos os meios e
consequencias derivados do postulado do "due process of law".
- A desistencia do depoimento de testemunhas constitui
faculdade processual que se contem nos poderes do Defensor tecnico,
autorizada, sem qualquer restrição, pela norma consubstanciada no
art. 404 do Código de Processo Penal, que a permite as partes, desde
que estas, a seu juízo e critério, considerem suficientes as provas
que possam ou tenham sido produzidas.
Ementa
"HABEAS CORPUS" - PROCESSO PENAL - COMPETÊNCIA DO
ESCRIVAO DO JUÍZO PARA PROMOVER INTIMAÇÃO E CERTIFICAR-LHE A
REALIZAÇÃO - ALEGADA INVERACIDADE DA CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO -
PRESUNÇÃO "JURIS TANTUM" DE VERACIDADE DOS ATOS DOS SERVENTUARIOS E
DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA - ALEGAÇÃO NÃO-COMPROVADA - DEFESA TECNICA
INSATISFATORIA - INOCORRENCIA - DESISTENCIA DE DEPOIMENTO TESTEMUNHAL
- FACULDADE QUE SE CONTEM NOS PODERES DO DEFENSOR - AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA.
- Não se pode desconhecer que as declarações dos
Serventuarios e dos Oficiais de Justiça, consubstanciadas nas
certidoes que exaram no regular exercício de suas atribuições
funcionais, revestem-se de presunção "juris tantum" de veracidade.
Essa presunção legal, ainda que relativa e infirmavel por prova em
contrario, milita em favor dos atos praticados pelos Escrivaes do
Juízo e pelos Oficiais de Justiça, quer porque gozam, estes, de fé
pública, inerente ao relevante oficio que desempenham, quer porque
traduzem, aqueles, formal manifestação do próprio Estado.
As certidoes emanadas desses agentes auxiliares do
Juízo tem fé pública e prevaleCem até que se produza prova idonea e
inequivoca em sentido contrario. Meras alegações não descaracterizam
o conteudo de veracidade que se presume existente nesses atos
processuais.
- O Código de Processo Penal, após estAbelecer a
disciplina das intimações, deferiu ao Serventuario de Justiça a
atribuição de proceder a sua realização, certificando nos autos o
resultado de suas diligencias processuais.
- Respeita-se o princípio constitucional do direito de
defesa, quando se enseja ao réu, permanentemente assistido por
Defensor tecnico, o seu exercício em plenitude, sem a ocorrencia de
quaisquer restrições ou obstaculos, ilegitimamente criados pelo
Estado, que possam afetar a cláusula inscrita em nossa Carta
Politica, assecuratoria do contraditorio e de todos os meios e
consequencias derivados do postulado do "due process of law".
- A desistencia do depoimento de testemunhas constitui
faculdade processual que se contem nos poderes do Defensor tecnico,
autorizada, sem qualquer restrição, pela norma consubstanciada no
art. 404 do Código de Processo Penal, que a permite as partes, desde
que estas, a seu juízo e critério, considerem suficientes as provas
que possam ou tenham sido produzidas.Decisão
Indeferiu-se o pedido de "habeas corpus", nos termos do voto do Ministro Relator. Unânime. 1ª Turma, 13-11-90.
Data do Julgamento
:
13/11/1990
Data da Publicação
:
DJ 08-03-1991 PP-02202 EMENT VOL-01610-02 PP-00288
Órgão Julgador
:
Primeira Turma
Relator(a)
:
Min. CELSO DE MELLO
Parte(s)
:
IMPETRANTE: AUGUSTO T. DA COSTA FILHO
COATOR: TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PACIENTE: LEVI JOSÉ DOS SANTOS
Mostrar discussão