STF HC 70620 / DF - DISTRITO FEDERAL HABEAS CORPUS
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - DEPUTADO FEDERAL DENUNCIADO POR
SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA - DIPLOMAÇÃO
SUPERVENIENTE DO RÉU COMO MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL -
COMPETÊNCIA PENAL QUE SE DESLOCA, EM SEDE ORIGINÁRIA, PARA O
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - VALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS ATÉ
ENTÃO PRATICADOS - ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA DENÚNCIA - DESCRIÇÃO
CLARA E OBJETIVA DOS FATOS E DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO
DELITO - INDAGAÇÃO EM TORNO DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS -
IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO "HABEAS CORPUS" - PRETENDIDA
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUÇÃO PENAL - INOCORRÊNCIA -
NECESSIDADE DE REEXAME APROFUNDADO DOS FATOS - IMPOSSIBILIDADE -
ALEGAÇÃO DE CAPITULAÇÃO JURÍDICA ERRÔNEA - FATO DESCRITO DE FORMA
CLARA, IDÔNEA E OBJETIVA NA DENÚNCIA - "EMENDATIO LIBELLI" -
PEDIDO INDEFERIDO.
- A diplomação do réu como Deputado Federal
opera o deslocamento, para o Supremo Tribunal Federal, da
competência penal para a "persecutio criminis", não tendo o
condão de afetar a integridade jurídica dos atos processuais,
inclusive os de caráter decisório, já praticados, com base no
ordenamento positivo vigente à época de sua efetivação, por órgão
judiciário até então competente. Precedente.
- A denúncia,
quando contém todos os elementos essenciais à adequada
configuração típica do delito, não apresenta o vício nulificador
da inépcia.
A peça acusatória deve narrar, de modo claro e
objetivo, o fato material concretizador de determinada infração
penal. Em nosso sistema de direito, a errônea capitulação
jurídica revela-se circunstância secundária, pois o acusado se
defende de fatos, tais como expostos na denúncia, e não de
qualificações jurídicas que a esses mesmos fatos haja dado o
órgão da acusação penal. Doutrina. Jurisprudência.
- O
reconhecimento da ausência de justa causa para a persecução penal,
embora cabível em sede de "habeas corpus", reveste-se de caráter
excepcional. É que, para que tal se revele possível, impõe-se que
inexista qualquer situação de iliquidez ou de dúvida objetiva
quanto aos fatos subjacentes à acusação penal.
A discussão em
torno da ausência de justa causa depende, essencialmente, da
incontestabilidade dos elementos que informam a imputação penal,
não se viabilizando o debate em questão, quando - suscitado em
sede de "habeas corpus" - disser respeito a hipóteses em que se
registre dúvida fundada a propósito dos fatos alegados. Doutrina.
Precedentes. Inviabilidade, no caso, em face do caráter
sumaríssimo da ação de "habeas corpus", do exame aprofundado de
matérias cuja análise depende de ampla indagação probatória.
-
Conceito de documento para efeito de configuração típica do
delito de falsidade ideológica (CP, art. 299). O "crimen falsi":
elementos estruturais. O caráter imprescindível da potencialidade
danosa gerada pela conduta do agente. Precedentes.
Ementa
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - DEPUTADO FEDERAL DENUNCIADO POR
SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA - DIPLOMAÇÃO
SUPERVENIENTE DO RÉU COMO MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL -
COMPETÊNCIA PENAL QUE SE DESLOCA, EM SEDE ORIGINÁRIA, PARA O
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - VALIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS ATÉ
ENTÃO PRATICADOS - ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA DENÚNCIA - DESCRIÇÃO
CLARA E OBJETIVA DOS FATOS E DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO
DELITO - INDAGAÇÃO EM TORNO DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS -
IMPOSSIBILIDADE NA VIA ESTREITA DO "HABEAS CORPUS" - PRETENDIDA
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A PERSECUÇÃO PENAL - INOCORRÊNCIA -
NECESSIDADE DE REEXAME APROFUNDADO DOS FATOS - IMPOSSIBILIDADE -
ALEGAÇÃO DE CAPITULAÇÃO JURÍDICA ERRÔNEA - FATO DESCRITO DE FORMA
CLARA, IDÔNEA E OBJETIVA NA DENÚNCIA - "EMENDATIO LIBELLI" -
PEDIDO INDEFERIDO.
- A diplomação do réu como Deputado Federal
opera o deslocamento, para o Supremo Tribunal Federal, da
competência penal para a "persecutio criminis", não tendo o
condão de afetar a integridade jurídica dos atos processuais,
inclusive os de caráter decisório, já praticados, com base no
ordenamento positivo vigente à época de sua efetivação, por órgão
judiciário até então competente. Precedente.
- A denúncia,
quando contém todos os elementos essenciais à adequada
configuração típica do delito, não apresenta o vício nulificador
da inépcia.
A peça acusatória deve narrar, de modo claro e
objetivo, o fato material concretizador de determinada infração
penal. Em nosso sistema de direito, a errônea capitulação
jurídica revela-se circunstância secundária, pois o acusado se
defende de fatos, tais como expostos na denúncia, e não de
qualificações jurídicas que a esses mesmos fatos haja dado o
órgão da acusação penal. Doutrina. Jurisprudência.
- O
reconhecimento da ausência de justa causa para a persecução penal,
embora cabível em sede de "habeas corpus", reveste-se de caráter
excepcional. É que, para que tal se revele possível, impõe-se que
inexista qualquer situação de iliquidez ou de dúvida objetiva
quanto aos fatos subjacentes à acusação penal.
A discussão em
torno da ausência de justa causa depende, essencialmente, da
incontestabilidade dos elementos que informam a imputação penal,
não se viabilizando o debate em questão, quando - suscitado em
sede de "habeas corpus" - disser respeito a hipóteses em que se
registre dúvida fundada a propósito dos fatos alegados. Doutrina.
Precedentes. Inviabilidade, no caso, em face do caráter
sumaríssimo da ação de "habeas corpus", do exame aprofundado de
matérias cuja análise depende de ampla indagação probatória.
-
Conceito de documento para efeito de configuração típica do
delito de falsidade ideológica (CP, art. 299). O "crimen falsi":
elementos estruturais. O caráter imprescindível da potencialidade
danosa gerada pela conduta do agente. Precedentes.Decisão
Por maioria de votos, o Tribunal conheceu do
pedido de habeas corpus vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos
Velloso que dele não conheciam. Votou o Presidente. No mérito por
maioria de votos o Tribunal o indeferiu, vencidos os Ministros Marco
Aurélio e Sepúlveda Pertence, que o deferiam. Votou o Presidente.
Falaram: pelo paciente, o Dr. Lúcio Gaião Torreão Braz e pelo
Ministério Público Federal, o Dr. Aristides Junqueira Alvarenga,
Procurador-Geral da República. Plenário 16.12.93.
Data do Julgamento
:
16/12/1993
Data da Publicação
:
DJ 24-11-2006 PP-00063 EMENT VOL-02257-04 PP-00732
Órgão Julgador
:
Tribunal Pleno
Relator(a)
:
Min. CELSO DE MELLO
Parte(s)
:
PACTE. : ALBERTO FELIPPE HADDAD FILHO
IMPTE. : LUCIO GAIAO TORREAO BRAZ E OUTRO
COATOR : MINISTRO-RELATOR DO INQ. 602-5
Mostrar discussão