STF HC 85056 / MG - MINAS GERAIS HABEAS CORPUS
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE
(CAPUT DO ART. 129 DO CP, C/C O ART. 88 DA LEI Nº 9.099/95). PEDIDO
DE TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL, POR MOTIVO DE RETRATAÇÃO DO ATO DE
REPRESENTAÇÃO JUNTO AO MINISTÉRIO PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE, NOS
TERMOS DO ART. 25 DO CPP. ALEGADA NULIDADE DO JULGAMENTO DE HABEAS
CORPUS IMPETRADO PERANTE TURMA RECURSAL. NORMA REGIMENTAL QUE
PERMITE AO MAGISTRADO PROLATOR DO ATO IMPUGNADO INTEGRAR O QUÓRUM DE
JULGAMENTO NA TURMA RECURSAL (REGIMENTO INTERNO DAS TURMAS
RECURSAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - CAPÍTULO II).
INCONSTITUCIONALIDADE. GARANTIA DO JUIZ NATURAL.
É irretratável a
representação da vítima depois de oferecida a denúncia pelo
Ministério Público (CPP, art. 25). Não gera a extinção do processo
penal a retratação que, somente formalizada após o oferecimento da
denúncia, tem como objetivo obstar a continuidade de feito já
instaurado.
Muito embora o inciso III do art. 252 do Código de
Processo Penal não se aplique às Turmas Recursais integrantes dos
Juizados Especiais (ante a inexistência de dualidade de instâncias),
é de se ter como inconstitucional, por ofensiva ao inciso LIII do
art. 5º da Constituição Federal, norma regimental que habilita o
magistrado prolator do ato impugnado a participar, já no âmbito das
Turmas Recursais, da revisão do mesmo decisum que
proferiu.
Revela-se obstativa da automática aplicação da garantia
fundamental do juiz natural a autorização de que, entre os três
integrantes de Turma Recursal, figure o próprio autor do provimento
questionado.
Declaração incidental de inconstitucionalidade do §
3º do art. 6º do Regimento Interno das Turmas Recursais do Estado de
Minas Gerais (redação dada pela Instrução nº 1, de 14 de agosto de
2002).
Ordem concedida para que novo julgamento seja proferido,
desta feita sem a participação da autoridade tida como coatora.
Ementa
HABEAS CORPUS. CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE
(CAPUT DO ART. 129 DO CP, C/C O ART. 88 DA LEI Nº 9.099/95). PEDIDO
DE TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL, POR MOTIVO DE RETRATAÇÃO DO ATO DE
REPRESENTAÇÃO JUNTO AO MINISTÉRIO PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE, NOS
TERMOS DO ART. 25 DO CPP. ALEGADA NULIDADE DO JULGAMENTO DE HABEAS
CORPUS IMPETRADO PERANTE TURMA RECURSAL. NORMA REGIMENTAL QUE
PERMITE AO MAGISTRADO PROLATOR DO ATO IMPUGNADO INTEGRAR O QUÓRUM DE
JULGAMENTO NA TURMA RECURSAL (REGIMENTO INTERNO DAS TURMAS
RECURSAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS - CAPÍTULO II).
INCONSTITUCIONALIDADE. GARANTIA DO JUIZ NATURAL.
É irretratável a
representação da vítima depois de oferecida a denúncia pelo
Ministério Público (CPP, art. 25). Não gera a extinção do processo
penal a retratação que, somente formalizada após o oferecimento da
denúncia, tem como objetivo obstar a continuidade de feito já
instaurado.
Muito embora o inciso III do art. 252 do Código de
Processo Penal não se aplique às Turmas Recursais integrantes dos
Juizados Especiais (ante a inexistência de dualidade de instâncias),
é de se ter como inconstitucional, por ofensiva ao inciso LIII do
art. 5º da Constituição Federal, norma regimental que habilita o
magistrado prolator do ato impugnado a participar, já no âmbito das
Turmas Recursais, da revisão do mesmo decisum que
proferiu.
Revela-se obstativa da automática aplicação da garantia
fundamental do juiz natural a autorização de que, entre os três
integrantes de Turma Recursal, figure o próprio autor do provimento
questionado.
Declaração incidental de inconstitucionalidade do §
3º do art. 6º do Regimento Interno das Turmas Recursais do Estado de
Minas Gerais (redação dada pela Instrução nº 1, de 14 de agosto de
2002).
Ordem concedida para que novo julgamento seja proferido,
desta feita sem a participação da autoridade tida como coatora.Decisão
O Tribunal, por unanimidade, concedeu a ordem e declarou,
incidentalmente, a inconstitucionalidade do § 3º do artigo 6º do
Regimento Interno das Turmas Recursais do Estado de Minas Gerais, na
redação dada pela Instrução nº 1, de 14 de agosto de 2002, nos termos
do voto do relator. Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim.
Plenário, 17.11.2005.
Data do Julgamento
:
17/11/2005
Data da Publicação
:
DJ 25-08-2006 PP-00017 EMENT VOL-02244-03 PP-00451 RTJ VOL-00201-01 PP-00189 LEXSTF v. 28, n. 333, 2006, p. 387-393
Órgão Julgador
:
Tribunal Pleno
Relator(a)
:
Min. CARLOS BRITTO
Parte(s)
:
PACTE.(S) : RITA DE CASSIA MARTINS SANTOS
IMPTE.(S) : RITA DE CASSIA MARTINS SANTOS
ADV.(A/S) : JOSÉ RENATO MARQUES
COATOR(A/S)(ES) : TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL
DE PONTE NOVA
Mostrar discussão