STF RE 395902 AgR / RJ - RIO DE JANEIRO AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MUNICÍPIO DO
RIO DE JANEIRO/RJ - PLEITO RECURSAL QUE BUSCA A APLICAÇÃO, NO CASO,
DA TÉCNICA DA MODULAÇÃO DOS EFEITOS TEMPORAIS DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE - IMPOSSIBILIDADE, PELO FATO DE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL NÃO HAVER PROFERIDO DECISÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE PERTINENTE AO ATO ESTATAL QUESTIONADO -
JULGAMENTO DA SUPREMA CORTE QUE SE LIMITOU A FORMULAR, NA ESPÉCIE,
MERO JUÍZO NEGATIVO DE RECEPÇÃO - NÃO-RECEPÇÃO E
INCONSTITUCIONALIDADE: NOÇÕES CONCEITUAIS QUE NÃO SE CONFUNDEM -
RECURSO IMPROVIDO.
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O VALOR DO ATO
INCONSTITUCIONAL - OS DIVERSOS GRAUS DE INVALIDADE DO ATO EM
CONFLITO COM A CONSTITUIÇÃO: ATO INEXISTENTE? ATO NULO? ATO ANULÁVEL
(COM EFICÁCIA "EX TUNC" OU COM EFICÁCIA "EX NUNC")? - FORMULAÇÕES
TEÓRICAS - O "STATUS QUAESTIONIS" NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL.
2. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO
DE INCONSTITUCIONALIDADE: TÉCNICA INAPLICÁVEL QUANDO SE TRATAR DE
JUÍZO NEGATIVO DE RECEPÇÃO DE ATOS PRÉ-CONSTITUCIONAIS.
- A
declaração de inconstitucionalidade reveste-se, ordinariamente, de
eficácia "ex tunc" (RTJ 146/461-462 - RTJ 164/506-509), retroagindo
ao momento em que editado o ato estatal reconhecido
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
- O Supremo
Tribunal Federal tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade
de proceder à modulação ou limitação temporal dos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando proferida, por
esta Corte, em sede de controle difuso. Precedente: RE 197.917/SP,
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno).
- Revela-se inaplicável, no
entanto, a teoria da limitação temporal dos efeitos, se e quando o
Supremo Tribunal Federal, ao julgar determinada causa, nesta
formular juízo negativo de recepção, por entender que certa lei
pré-constitucional mostra-se materialmente incompatível com normas
constitucionais a ela supervenientes.
- A não-recepção de ato
estatal pré-constitucional, por não implicar a declaração de sua
inconstitucionalidade - mas o reconhecimento de sua pura e simples
revogação (RTJ 143/355 - RTJ 145/339) -, descaracteriza um dos
pressupostos indispensáveis à utilização da técnica da modulação
temporal, que supõe, para incidir, dentre outros elementos, a
necessária existência de um juízo de inconstitucionalidade.
-
Inaplicabilidade, ao caso em exame, da técnica da modulação dos
efeitos, por tratar-se de diploma legislativo, que, editado em 1984,
não foi recepcionado, no ponto concernente à norma questionada,
pelo vigente ordenamento constitucional.
Ementa
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MUNICÍPIO DO
RIO DE JANEIRO/RJ - PLEITO RECURSAL QUE BUSCA A APLICAÇÃO, NO CASO,
DA TÉCNICA DA MODULAÇÃO DOS EFEITOS TEMPORAIS DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE - IMPOSSIBILIDADE, PELO FATO DE O SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL NÃO HAVER PROFERIDO DECISÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE PERTINENTE AO ATO ESTATAL QUESTIONADO -
JULGAMENTO DA SUPREMA CORTE QUE SE LIMITOU A FORMULAR, NA ESPÉCIE,
MERO JUÍZO NEGATIVO DE RECEPÇÃO - NÃO-RECEPÇÃO E
INCONSTITUCIONALIDADE: NOÇÕES CONCEITUAIS QUE NÃO SE CONFUNDEM -
RECURSO IMPROVIDO.
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O VALOR DO ATO
INCONSTITUCIONAL - OS DIVERSOS GRAUS DE INVALIDADE DO ATO EM
CONFLITO COM A CONSTITUIÇÃO: ATO INEXISTENTE? ATO NULO? ATO ANULÁVEL
(COM EFICÁCIA "EX TUNC" OU COM EFICÁCIA "EX NUNC")? - FORMULAÇÕES
TEÓRICAS - O "STATUS QUAESTIONIS" NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL.
2. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DA DECISÃO
DE INCONSTITUCIONALIDADE: TÉCNICA INAPLICÁVEL QUANDO SE TRATAR DE
JUÍZO NEGATIVO DE RECEPÇÃO DE ATOS PRÉ-CONSTITUCIONAIS.
- A
declaração de inconstitucionalidade reveste-se, ordinariamente, de
eficácia "ex tunc" (RTJ 146/461-462 - RTJ 164/506-509), retroagindo
ao momento em que editado o ato estatal reconhecido
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
- O Supremo
Tribunal Federal tem reconhecido, excepcionalmente, a possibilidade
de proceder à modulação ou limitação temporal dos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando proferida, por
esta Corte, em sede de controle difuso. Precedente: RE 197.917/SP,
Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA (Pleno).
- Revela-se inaplicável, no
entanto, a teoria da limitação temporal dos efeitos, se e quando o
Supremo Tribunal Federal, ao julgar determinada causa, nesta
formular juízo negativo de recepção, por entender que certa lei
pré-constitucional mostra-se materialmente incompatível com normas
constitucionais a ela supervenientes.
- A não-recepção de ato
estatal pré-constitucional, por não implicar a declaração de sua
inconstitucionalidade - mas o reconhecimento de sua pura e simples
revogação (RTJ 143/355 - RTJ 145/339) -, descaracteriza um dos
pressupostos indispensáveis à utilização da técnica da modulação
temporal, que supõe, para incidir, dentre outros elementos, a
necessária existência de um juízo de inconstitucionalidade.
-
Inaplicabilidade, ao caso em exame, da técnica da modulação dos
efeitos, por tratar-se de diploma legislativo, que, editado em 1984,
não foi recepcionado, no ponto concernente à norma questionada,
pelo vigente ordenamento constitucional.Decisão
A Turma, por votação unânime, negou provimento ao recurso de agravo,
nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, neste
julgamento, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. 2ª Turma, 07.03.2006.
Data do Julgamento
:
07/03/2006
Data da Publicação
:
DJ 25-08-2006 PP-00065 EMENT VOL-02244-04 PP-00809 RDDP n. 44, 2006, p. 159-164
Órgão Julgador
:
Segunda Turma
Relator(a)
:
Min. CELSO DE MELLO
Parte(s)
:
AGTE.(S) : MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
ADV.(A/S) : ELIANA DA COSTA LOURENÇO
ADV.(A/S) : HERALDO MOTTA PACCA
AGDO.(A/S) : ABM ARQUITETURA PARTICIPAÇÕES LTDA E
OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : JOSEVAL SIRQUEIRA E OUTRO(A/S)
Mostrar discussão