STJ 2016.03.33366-5 201603333665
..EMEN:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO.
TRÁFICO DE DROGAS. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL EM RAZÃO
DA QUANTIDADE E NATUREZA DOS ENTORPECENTES APREENDIDOS. CAUSA
ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTA NO ART. 33, § 4º, DA LEI N.
11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO INDICATIVAS DA
DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA. REEXAME DE PROVAS. REGIME INICIAL
MAIS GRAVOSO. POSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL.
PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS (ART.
44, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL). CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso
próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo orientação
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF e do próprio
Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, ante as alegações
expostas na inicial, afigura-se razoável a análise do feito para
verificar a existência de eventual constrangimento ilegal.
2. A aplicação da causa especial de diminuição prevista no art. 33,
§ 4º, da Lei n. 11.343/06 depende do convencimento do Magistrado de
que o apenado, primário e de bons antecedentes, não se dedique às
atividades delituosas nem integre organização criminosa. A Corte
estadual entendeu pela inaplicabilidade do dispositivo, ante a
constatação de que o paciente se dedicava à atividade criminosa,
fazendo do tráfico o seu meio de vida, sobretudo em razão da
quantidade, variedade, local e das circunstâncias em que se deu a
apreensão de 19 invólucros contendo "cocaína" e 5 invólucros
contendo "crack" (20,1g e 1,4g, respectivamente) além de 19
papelotes de "maconha" (43,5g).
3. A reforma do entendimento das instâncias ordinárias quanto à
dedicação do apenado à atividade criminosa constitui matéria que
refoge ao restrito escopo do habeas corpus, porquanto demanda
percuciente reexame de fatos e provas, inviável no rito eleito. 4. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n. 111.840/ES,
declarou inconstitucionalidade do § 1º do art. 2.º da Lei n.
8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.464/07,
afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado
para os condenados por crimes hediondos e equiparados.
5. Sedimentou-se, nesta Corte Superior, o entendimento segundo o
qual, nos delitos previstos na Lei de Drogas, a fixação do regime
prisional deve observar a regra imposta no art. 33, § 2º, do Código
Penal em conjunto com o art. 42 da Lei 11.343/2006, que determina a
consideração, preponderantemente, da natureza e quantidade da droga.
No caso dos autos, a pena-base foi fixada acima do mínimo legal, em
razão da existência de circunstância judicial desfavorável. Muito
embora a reprimenda total tenha sido estabelecida em patamar
superior a 4 (quatro) e inferior a 8 (oito) anos de reclusão, o
regime inicial fechado foi fixado a partir de motivação concreta
extraída dos autos, exatamente nos termos do que dispõe o art. 33,
§§ 2º e 3º do CP, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/06.
6. O entendimento consignado pelo Tribunal de origem quanto à
negativa de substituição da pena privativa de liberdade por medidas
restritivas de direitos, ante a ausência de preenchimento dos
requisitos previstos no art. 44, inciso I, do Código Penal, está em
consonância com a jurisprudência desta Corte.
Habeas corpus não conhecido.
..EMEN:(HC - HABEAS CORPUS - 389588 2017.00.39746-7, JOEL ILAN PACIORNIK, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:18/12/2017
..DTPB:.)
Ementa
..EMEN:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO.
TRÁFICO DE DROGAS. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL EM RAZÃO
DA QUANTIDADE E NATUREZA DOS ENTORPECENTES APREENDIDOS. CAUSA
ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTA NO ART. 33, § 4º, DA LEI N.
11.343/06. IMPOSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO INDICATIVAS DA
DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA. REEXAME DE PROVAS. REGIME INICIAL
MAIS GRAVOSO. POSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL.
PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE
DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS (ART.
44, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL). CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso
próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo orientação
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal - STF e do próprio
Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, ante as alegações
expostas na inicial, afigura-se razoável a análise do feito para
verificar a existência de eventual constrangimento ilegal.
2. A aplicação da causa especial de diminuição prevista no art. 33,
§ 4º, da Lei n. 11.343/06 depende do convencimento do Magistrado de
que o apenado, primário e de bons antecedentes, não se dedique às
atividades delituosas nem integre organização criminosa. A Corte
estadual entendeu pela inaplicabilidade do dispositivo, ante a
constatação de que o paciente se dedicava à atividade criminosa,
fazendo do tráfico o seu meio de vida, sobretudo em razão da
quantidade, variedade, local e das circunstâncias em que se deu a
apreensão de 19 invólucros contendo "cocaína" e 5 invólucros
contendo "crack" (20,1g e 1,4g, respectivamente) além de 19
papelotes de "maconha" (43,5g).
3. A reforma do entendimento das instâncias ordinárias quanto à
dedicação do apenado à atividade criminosa constitui matéria que
refoge ao restrito escopo do habeas corpus, porquanto demanda
percuciente reexame de fatos e provas, inviável no rito eleito. 4. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n. 111.840/ES,
declarou inconstitucionalidade do § 1º do art. 2.º da Lei n.
8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.464/07,
afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado
para os condenados por crimes hediondos e equiparados.
5. Sedimentou-se, nesta Corte Superior, o entendimento segundo o
qual, nos delitos previstos na Lei de Drogas, a fixação do regime
prisional deve observar a regra imposta no art. 33, § 2º, do Código
Penal em conjunto com o art. 42 da Lei 11.343/2006, que determina a
consideração, preponderantemente, da natureza e quantidade da droga.
No caso dos autos, a pena-base foi fixada acima do mínimo legal, em
razão da existência de circunstância judicial desfavorável. Muito
embora a reprimenda total tenha sido estabelecida em patamar
superior a 4 (quatro) e inferior a 8 (oito) anos de reclusão, o
regime inicial fechado foi fixado a partir de motivação concreta
extraída dos autos, exatamente nos termos do que dispõe o art. 33,
§§ 2º e 3º do CP, c/c o art. 42 da Lei n. 11.343/06.
6. O entendimento consignado pelo Tribunal de origem quanto à
negativa de substituição da pena privativa de liberdade por medidas
restritivas de direitos, ante a ausência de preenchimento dos
requisitos previstos no art. 44, inciso I, do Código Penal, está em
consonância com a jurisprudência desta Corte.
Habeas corpus não conhecido.
..EMEN:(HC - HABEAS CORPUS - 389588 2017.00.39746-7, JOEL ILAN PACIORNIK, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:18/12/2017
..DTPB:.)Decisão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Primeira
Turma do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo o julgamento,
após o voto-vista do Sr. Ministro Gurgel de Faria, por maioria,
vencido parcialmente o Sr. Ministro Relator, dar parcial provimento
ao recurso especial, determinando o retorno dos autos ao Tribunal de
origem, para que os honorários advocatícios de sucumbência sejam
analisados à luz do art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, nos
termos do voto-vista da Sra. Ministra Regina Helena Costa, que
lavrará o acórdão. Votaram com a Sra. Ministra Regina Helena Costa
(Presidente) (voto-vista) os Srs. Ministros Benedito Gonçalves,
Sérgio Kukina e Gurgel de Faria (voto-vista).
Data da Publicação
:
19/12/2017
Classe/Assunto
:
RESP - RECURSO ESPECIAL - 1647246
Órgão Julgador
:
PRIMEIRA TURMA
Relator(a)
:
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Tipo
:
Acórdão
Indexação
:
"[...] da conjugação dos enunciados administrativos ns. 3 e 7,
editados em 09.03.2016 pelo Plenário desta Corte, depreende-se que
as novas regras relativas aos honorários advocatícios de
sucumbência, previstas no art. 85 do Código de Processo Civil de
2015, serão aplicadas apenas aos recursos sujeitos à novel
legislação, tanto nas hipóteses em que o novo julgamento da lide
gerar a necessidade de fixação ou modificação dos ônus da
sucumbência anteriormente distribuídos (conforme jurisprudência
desta Corte a alteração está adstrita às hipóteses de irrisoriedade
ou exorbitância), quanto em relação aos honorários recursais (§
11)".
..INDE:
"[...] vislumbrando o nítido propósito de desestimular a
interposição de recurso infundado pela parte vencida, entendo que a
fixação de honorários recursais, em favor do patrono da parte
recorrida, está adstrita às hipóteses de não conhecimento ou
desprovimento do recurso".
..INDE:
"[...] quanto ao momento em que deva ocorrer o arbitramento dos
honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/15), afigura-se-me
acertado o entendimento segundo o qual estes incidem apenas quando
esta Corte julga, pela vez primeira, o recurso, sujeito ao Código de
Processo Civil de 2015, que inaugure o grau recursal, revelando-se
indevida sua fixação em agravo interno e embargos de declaração".
..INDE:
"[...] a possibilidade de fixação de honorários recursais está
condicionada à existência de imposição de verba honorária pelas
instâncias ordinárias, vedada aquela quando esta não houver sido
imposta".
..INDE:
"Na aferição do montante a ser arbitrado a título de honorários
recursais deverão ser considerados o trabalho desenvolvido pelo
patrono da parte recorrida e os requisitos previstos nos §§ 2º a
10º, do art. 85, do estatuto processual civil de 2015, sendo
desnecessária a apresentação de contrarrazões [...]".
..INDE:
"[...] não se revela razoável prover o recurso para majorar os
honorários advocatícios arbitrados pelas instâncias ordinárias e ao
mesmo tempo fixar honorários recursais.
Isso porque, mesmo na hipótese de mera reforma do provimento
jurisdicional anterior [...], o magistrado deverá distribuir
novamente os ônus da sucumbência, oportunidade na qual já será
considerado o trabalho desenvolvido pelo patrono da parte recorrente
até então".
..INDE:
(VOTO VENCIDO EM PARTE) (MIN. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO)
"A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira - ENFAM, no seminário 'O
Poder Judiciário e o Novo CPC', firmou o Enunciado 15, afirmando
que, 'nas execuções fiscais ou naquelas fundadas em título
extrajudicial promovidas contra a Fazenda Pública, a fixação dos
honorários deverá observar os parâmetros do art. 85, § 3o. do
CPC/2015'".
..INDE:
"Tendo em vista o disposto no art. 85, § 11 do CPC/2015 e o
Enunciado 241 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, 'os
honorários de sucumbência recursal serão somados aos honorários pela
sucumbência em primeiro grau, observados os limites legais'. [...]".
..INDE:
Referência
legislativa
:
LEG:FED LEI:005869 ANO:1973
***** CPC-73 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973
ART:00020
..REF:
LEG:FED LEI:013105 ANO:2015
***** CPC-15 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
ART:00085 PAR:00003 INC:00004 PAR:00011 ART:01046
..REF:
LEG:FED ENU:000241 ANO:2016
(ENUNCIADO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS)
..REF:
LEG:FED ENU:****** ANO:****
***** ENUENFAM ENUNCIADO DA ESCOLA NAC. DE FORMAÇÃO E
APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS
NUM:00015
..REF:
LEG:FED ENU:****** ANO:****
***** ENUASTJ ENUNCIADO ADMINISTRATIVO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA
NUM:00003 NUM:00007
..REF:
Fonte da publicação
:
DJE DATA:19/12/2017
..DTPB:
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