TJES 0016686-22.2007.8.08.0035 (035070166869)
Apelação Cível nº 0016686-22.2007.8.08.0035
Apelante:
Virginio Siqueira Simão
Apelado:
Alício Ferreira dos Santos
Relator:
Desembargador Ewerton Schwab Pinto Júnior
ACÓRDÃO
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. FATO APURADO NA SEARA CRIMINAL. ART. 935
DO CÓDIGO CIVIL. AUSÊNCIA DE PROVAS ROBUSTAS. EMBRIAGUEZ QUE NÃO CONFIGURA, POR SI SÓ,
CULPA PELO SINISTRO. HONORÁRIOS. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.
A correlação entre a responsabilidade nas esferas penal e civil é regida pelo art. 935 do
Código Civil, segundo o qual a responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal..
2.
O caso não é de hipótese de não desincumbência do ônus probatório, eis que provas existem
(ainda que sustentem ambas as versões), cabendo, tão somente, a ponderação e a valoração
de tais provas, para que se acolham aquelas que se mostrem coerentes.
3.
Embora o atual sistema processual civil tenha extirpado o princípio da identidade física
do juiz, antes insculpido no art. 132 do CPC/73, é certo que em alguns casos, como nos
autos, em que as provas sejam de natureza testemunhal e divirjam entre si, o Magistrado
que colheu tais provas terá melhores condições de firmar seu entendimento. Em casos dessa
natureza, evidentemente
sui generis
, adotar entendimento diverso do Magistrado requer provas robustas em sentido diverso, o
que, evidentemente, não é a hipótese em análise.
4.
Conquanto o processo criminal não vincule o civil, há de se considerar que naquele a
produção probatória busca ser exauriente, eis que pode ensejar a privação da liberdade do
acusado, bem jurídico de alto valor no ordenamento pátrio. Dessarte, a superação de uma
sentença absolutória (isto é, a comprovação da culpa a ensejar a responsabilidade civil),
requer do autor a produção de sólidas provas nesse sentido.
5.
A ingestão de bebida alcoólica não é capaz, isoladamente, de atrair a culpa do sinistro
ao apelado, sendo necessário que se comprove que tal ingestão influiu diretamente no fato,
o que, igualmente, não restou caracterizado
in casu
, mormente por se tratar de quantidade dentro do limite legal à época.
6.
A fixação dos honorários sucumbenciais na origem padece de contradição, eis que a juíza
sentenciante fixou tal verba em 10% sobre o valor da causa, em algarismos arábicos,
constando por extenso, todavia, o patamar de quinze por cento. Assim, por tratar-se de
matéria de ordem pública e cognoscível de ofício, o valor adequado é aquele escrito por
extenso (15% ou quinze por cento sobre o valor da causa), especialmente por cuidar-se de
causa que tramita há mais de dez anos.
7.
Recurso conhecido e improvido. Sentença reformada de ofício.
VISTOS
, relatados e discutidos estes autos,
ACORDAM
os Desembargadores que compõem a Primeira Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas que integram
este julgado, à unanimidade,
CONHECER
e
NEGAR PROVIMENTO
ao recurso, bem como reformar a sentença de ofício, nos termos do voto do Relator.
Vitória, ES, 22 de maio de 2018.
PRESIDENTE
RELATOR
Ementa
Apelação Cível nº 0016686-22.2007.8.08.0035
Apelante:
Virginio Siqueira Simão
Apelado:
Alício Ferreira dos Santos
Relator:
Desembargador Ewerton Schwab Pinto Júnior
ACÓRDÃO
APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. FATO APURADO NA SEARA CRIMINAL. ART. 935
DO CÓDIGO CIVIL. AUSÊNCIA DE PROVAS ROBUSTAS. EMBRIAGUEZ QUE NÃO CONFIGURA, POR SI SÓ,
CULPA PELO SINISTRO. HONORÁRIOS. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.
A correlação entre a responsabilidade nas esferas penal e civil é regida pelo art. 935 do
Código Civil, segundo o qual a responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no juízo criminal..
2.
O caso não é de hipótese de não desincumbência do ônus probatório, eis que provas existem
(ainda que sustentem ambas as versões), cabendo, tão somente, a ponderação e a valoração
de tais provas, para que se acolham aquelas que se mostrem coerentes.
3.
Embora o atual sistema processual civil tenha extirpado o princípio da identidade física
do juiz, antes insculpido no art. 132 do CPC/73, é certo que em alguns casos, como nos
autos, em que as provas sejam de natureza testemunhal e divirjam entre si, o Magistrado
que colheu tais provas terá melhores condições de firmar seu entendimento. Em casos dessa
natureza, evidentemente
sui generis
, adotar entendimento diverso do Magistrado requer provas robustas em sentido diverso, o
que, evidentemente, não é a hipótese em análise.
4.
Conquanto o processo criminal não vincule o civil, há de se considerar que naquele a
produção probatória busca ser exauriente, eis que pode ensejar a privação da liberdade do
acusado, bem jurídico de alto valor no ordenamento pátrio. Dessarte, a superação de uma
sentença absolutória (isto é, a comprovação da culpa a ensejar a responsabilidade civil),
requer do autor a produção de sólidas provas nesse sentido.
5.
A ingestão de bebida alcoólica não é capaz, isoladamente, de atrair a culpa do sinistro
ao apelado, sendo necessário que se comprove que tal ingestão influiu diretamente no fato,
o que, igualmente, não restou caracterizado
in casu
, mormente por se tratar de quantidade dentro do limite legal à época.
6.
A fixação dos honorários sucumbenciais na origem padece de contradição, eis que a juíza
sentenciante fixou tal verba em 10% sobre o valor da causa, em algarismos arábicos,
constando por extenso, todavia, o patamar de quinze por cento. Assim, por tratar-se de
matéria de ordem pública e cognoscível de ofício, o valor adequado é aquele escrito por
extenso (15% ou quinze por cento sobre o valor da causa), especialmente por cuidar-se de
causa que tramita há mais de dez anos.
7.
Recurso conhecido e improvido. Sentença reformada de ofício.
VISTOS
, relatados e discutidos estes autos,
ACORDAM
os Desembargadores que compõem a Primeira Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Espírito Santo, de conformidade com a ata e notas taquigráficas que integram
este julgado, à unanimidade,
CONHECER
e
NEGAR PROVIMENTO
ao recurso, bem como reformar a sentença de ofício, nos termos do voto do Relator.
Vitória, ES, 22 de maio de 2018.
PRESIDENTE
RELATORConclusão
À unanimidade:
Conhecido o recurso de VIRGINIO SIQUEIRA SIMAO e não-provido.
Data do Julgamento
:
22/05/2018
Data da Publicação
:
30/05/2018
Classe/Assunto
:
Apelação
Relator(a)
:
EWERTON SCHWAB PINTO JUNIOR
Comarca
:
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
Mostrar discussão