TJPR 0011585-74.2017.8.16.0182 (Decisão monocrática)
INSCRIÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE CONTRATO ENTRE AS PARTES. ALEGA A
APARTE AUTORA, EM SÍNTESE, QUE TEVE SEU NOME INSCRITO NOS ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO PELA RÉ POR DÍVIDA QUE DESCONHECE, VEZ QUE
NUNCA REALIZOU A COMPRA DE APARELHO CELULAR, TAMPOUCO, CELEBROU
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM A RÉ. AFIRMA AINDA, QUE AO
OBTER CÓPIA DO CONTRATO CELEBRADO EM SEU NOME, VERIFICOU QUE OS
DOCUMENTOS UTILIZADOS SÃO DIVERSOS DO SEU. PUGNA, LIMINARMENTE PELA
RETIRADA DE SEU NOME DOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO E, NO
MÉRITO, PELA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS E DA RELAÇÃO
JURÍDICA ENTRE AS PARTES, BEM COMO, PELA CONDENAÇÃO DA RÉ EM
INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. SOBREVEIO SENTENÇA
PROCEDENTE, DETERMINOU A RETIRADA DO NOME DA PARTE AUTORA DOS
ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO, DETERMINOU O CANCELAMENTO DOS
DÉBITOS E DA RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE AS PARTES, BEM COMO, CONDENOU A
RÉ AO PAGAMENTO DE R$ 3.000,00 A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE AUTORA, PUGNA PELA
MAJORAÇÃO DO INDENIZATÓRIO. PRESENTE A RELAÇÃO DEQUANTUM DECIDO.
CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. É PRESUMIDA A EXISTÊNCIA DE DANO MORAL,
NOS CASOS DE INSCRIÇÃO E/OU MANUTENÇÃO EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO
CRÉDITO, QUANDO INDEVIDA, CONFORME INTELIGÊNCIA DOS ENUNCIADOS Nº
12.15 E 12.16 DAS TURMAS RECURSAIS DO PARANÁ. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. INCUMBIA À OPERADORA RÉ A COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE FATO
IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DA AUTORA, CONFORME
PREVISÃO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CDC. ENTRETANTO, MANTEVE-SE INERTE. A
RÉ NÃO COLACIONOU O CONTRATO FIRMADO ENTRE AS PARTES OU CÓPIA DE
GRAVAÇÃO DE ÁUDIO QUE COMPROVASSE A ANUÊNCIA DA CONSUMIDORA NA
CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO. OBSERVA-SE QUE A RÉ APENAS TROUXE AOS
AUTOS TELA DE SISTEMA INTERNO A QUAL NÃO PODE SER CONSIDERADA COMO
PROVA POR SER PRODUZIDA UNILATERALMENTE E DE FÁCIL MODIFICAÇÃO DE
SUAS INFORMAÇÕES. É EVIDENTE A REPERCUSSÃO NEGATIVA GERADA PELA
INSCRIÇÃO INDEVIDA, TENDO EM VISTA QUE TAL FATO ACARRETA EFEITOS
PREJUDICIAIS EM DIVERSOS ASPECTOS DA VIDA CIVIL, NÃO SÓ LIMITANDO
IMEDIATAMENTE A OBTENÇÃO DE CRÉDITO, MAS ATENTANDO CONTRA O
PATRIMÔNIO IDEAL FORMADO PELA IMAGEM IDÔNEA DO CONSUMIDOR.O
SEMPRE TER OARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL DEVE
CUIDADO DE NÃO PROPORCIONAR, POR UM LADO, O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
DO AUTOR EM DETRIMENTO DO RÉU, NEM POR OUTRO, A BANALIZAÇÃO DA
VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DO CONSUMIDOR, QUANTO MAIS QUANDO QUALQUER
RESTRIÇÃO CREDITÍCIA PODE SOMAR PONTOS NEGATIVOS NO SCORING DO
CONSUMIDOR, DIFICULTANDO-LHE AINDA MAIS O ACESSO AO CRÉDITO,
MATÉRIA ESTA DECIDIDA PELO STJ. DIANTE DISSO, LEVANDO EM CONTA, AINDA,
OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE, BEM COMO OS
PRECEDENTES DESTA TURMA RECURSAL, MAJORO A INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS PARA R$ 15.000 (QUINZE MIL REAIS). VALOR QUE DEVERÁ SER
CORRIGIDO PELO ÍNDICE INPC E JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS, NOS
TERMOS DO ENUNCIADO 12.13 “B” DAS TR’S/PR. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.
CONSIDERANDO QUE A SENTENÇA É CONTRÁRIA AO ENTENDIMENTO DESTA
TURMA RECURSAL, DOU PROVIMENTO AO RECURSO DE FORMA MONOCRÁTICA,
COM FULCRO NO ART. 932, INCISO V, ALÍNEA ‘A’, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
DIANTE DO ÊXITO RECURSAL DEIXO DE CONDENAR A PARTE AUTORA AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.CONFORME PREVISÃO DO ART. 4
DA LEI ESTADUAL 18.413/2014 NÃO HAVERÁ A DEVOLUÇÃO DAS CUSTAS
RECURSAIS.
Curitiba, 04 de Maio de 2018.
(TJPR - 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0011585-74.2017.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: Fernando Swain Ganem - J. 04.05.2018)
Ementa
INSCRIÇÃO INDEVIDA. AUSÊNCIA DE CONTRATO ENTRE AS PARTES. ALEGA A
APARTE AUTORA, EM SÍNTESE, QUE TEVE SEU NOME INSCRITO NOS ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO PELA RÉ POR DÍVIDA QUE DESCONHECE, VEZ QUE
NUNCA REALIZOU A COMPRA DE APARELHO CELULAR, TAMPOUCO, CELEBROU
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM A RÉ. AFIRMA AINDA, QUE AO
OBTER CÓPIA DO CONTRATO CELEBRADO EM SEU NOME, VERIFICOU QUE OS
DOCUMENTOS UTILIZADOS SÃO DIVERSOS DO SEU. PUGNA, LIMINARMENTE PELA
RETIRADA DE SEU NOME DOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO E, NO
MÉRITO, PELA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS E DA RELAÇÃO
JURÍDICA ENTRE AS PARTES, BEM COMO, PELA CONDENAÇÃO DA RÉ EM
INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. SOBREVEIO SENTENÇA
PROCEDENTE, DETERMINOU A RETIRADA DO NOME DA PARTE AUTORA DOS
ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO, DETERMINOU O CANCELAMENTO DOS
DÉBITOS E DA RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE AS PARTES, BEM COMO, CONDENOU A
RÉ AO PAGAMENTO DE R$ 3.000,00 A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE AUTORA, PUGNA PELA
MAJORAÇÃO DO INDENIZATÓRIO. PRESENTE A RELAÇÃO DEQUANTUM DECIDO.
CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. É PRESUMIDA A EXISTÊNCIA DE DANO MORAL,
NOS CASOS DE INSCRIÇÃO E/OU MANUTENÇÃO EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO
CRÉDITO, QUANDO INDEVIDA, CONFORME INTELIGÊNCIA DOS ENUNCIADOS Nº
12.15 E 12.16 DAS TURMAS RECURSAIS DO PARANÁ. INVERSÃO DO ÔNUS DA
PROVA. INCUMBIA À OPERADORA RÉ A COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE FATO
IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DA AUTORA, CONFORME
PREVISÃO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CDC. ENTRETANTO, MANTEVE-SE INERTE. A
RÉ NÃO COLACIONOU O CONTRATO FIRMADO ENTRE AS PARTES OU CÓPIA DE
GRAVAÇÃO DE ÁUDIO QUE COMPROVASSE A ANUÊNCIA DA CONSUMIDORA NA
CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO. OBSERVA-SE QUE A RÉ APENAS TROUXE AOS
AUTOS TELA DE SISTEMA INTERNO A QUAL NÃO PODE SER CONSIDERADA COMO
PROVA POR SER PRODUZIDA UNILATERALMENTE E DE FÁCIL MODIFICAÇÃO DE
SUAS INFORMAÇÕES. É EVIDENTE A REPERCUSSÃO NEGATIVA GERADA PELA
INSCRIÇÃO INDEVIDA, TENDO EM VISTA QUE TAL FATO ACARRETA EFEITOS
PREJUDICIAIS EM DIVERSOS ASPECTOS DA VIDA CIVIL, NÃO SÓ LIMITANDO
IMEDIATAMENTE A OBTENÇÃO DE CRÉDITO, MAS ATENTANDO CONTRA O
PATRIMÔNIO IDEAL FORMADO PELA IMAGEM IDÔNEA DO CONSUMIDOR.O
SEMPRE TER OARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL DEVE
CUIDADO DE NÃO PROPORCIONAR, POR UM LADO, O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
DO AUTOR EM DETRIMENTO DO RÉU, NEM POR OUTRO, A BANALIZAÇÃO DA
VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DO CONSUMIDOR, QUANTO MAIS QUANDO QUALQUER
RESTRIÇÃO CREDITÍCIA PODE SOMAR PONTOS NEGATIVOS NO SCORING DO
CONSUMIDOR, DIFICULTANDO-LHE AINDA MAIS O ACESSO AO CRÉDITO,
MATÉRIA ESTA DECIDIDA PELO STJ. DIANTE DISSO, LEVANDO EM CONTA, AINDA,
OS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE, BEM COMO OS
PRECEDENTES DESTA TURMA RECURSAL, MAJORO A INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS PARA R$ 15.000 (QUINZE MIL REAIS). VALOR QUE DEVERÁ SER
CORRIGIDO PELO ÍNDICE INPC E JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS, NOS
TERMOS DO ENUNCIADO 12.13 “B” DAS TR’S/PR. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.
CONSIDERANDO QUE A SENTENÇA É CONTRÁRIA AO ENTENDIMENTO DESTA
TURMA RECURSAL, DOU PROVIMENTO AO RECURSO DE FORMA MONOCRÁTICA,
COM FULCRO NO ART. 932, INCISO V, ALÍNEA ‘A’, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
DIANTE DO ÊXITO RECURSAL DEIXO DE CONDENAR A PARTE AUTORA AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.CONFORME PREVISÃO DO ART. 4
DA LEI ESTADUAL 18.413/2014 NÃO HAVERÁ A DEVOLUÇÃO DAS CUSTAS
RECURSAIS.
Curitiba, 04 de Maio de 2018.
(TJPR - 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0011585-74.2017.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: Fernando Swain Ganem - J. 04.05.2018)
Data do Julgamento
:
04/05/2018 00:00:00
Data da Publicação
:
04/05/2018
Órgão Julgador
:
3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Relator(a)
:
Fernando Swain Ganem
Comarca
:
Curitiba
Segredo de justiça
:
Não
Comarca
:
Curitiba
Mostrar discussão