TJPR 0037901-61.2016.8.16.0182 (Decisão monocrática)
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
4ª TURMA RECURSAL - DM92 - PROJUDI
Rua Mauá, 920 - 28º Andar - Alto da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone:
3017-2568
Autos nº. 0037901-61.2016.8.16.0182/0
Recurso: 0037901-61.2016.8.16.0182
Classe Processual: Recurso Inominado
Assunto Principal: Reajustes de Remuneração, Proventos ou Pensão
Recorrente(s): ESTADO DO PARANA
Recorrido(s): Carlos Alberto Garcia
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA C/C OBRIGAÇÃO DE
FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
PARA IMPLANTAÇÃO DE AAP (ADICIONAL DE ATIVIDADE
PENITENCIÁRIA). AUTOR CONTRATADO COMO AGENTE DE CADEIA
PÚBLICA TEMPORÁRIO. ATRAVÉS DE PROCESSO SELETIVO
SIMPLIFICADO. ALEGAÇÃO DE SIMILITUDE NO DESEMPENHO DAS
FUNÇÕES COM AGENTE PENITENCIÁRIO EFETIVO. PLEITO PARA
PERCEPÇÃO DE ADICIONAL DE ATIVIDADE PENITENCIÁRIA.
POSSIBILIDADE. GRATIFICAÇÃO CONCEDIDA AO AGENTE
PENITENCIÁRIO EFETIVO QUE TAMBÉM DEVE SER CONCEDIDA AO
AGENTE DE CADEIA PÚBLICA TEMPORÁRIO. ENTENDIMENTO
DOMINANTE ACERCA DO TEMA.
Recurso conhecido e parcialmente provido. Precedentes: RI nº
0038635-12.2016.8.16.0182/0; 40358-66.2016.8.16.0182 e RI
18584-77.2016.8.16.0182.
I- Relatório.
Relatório dispensado conforme o artigo 38 da Lei 9.099/95.
II- Fundamentação
De acordo com a Súmula 568 do STJ, é cabível o julgamento monocrático do recurso, por existir
unanimidade no entendimento desta Turma Recursal acerca da questão.
O recurso deve ser conhecido vez que presentes os pressupostos processuais de admissibilidade.
Preliminarmente, pugna o recorrente pelo conhecimento da ilegitimidade passiva da ré Secretaria de
Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do Paraná/SESP.
Entendo que assiste razão ao réu, vez que se trata de órgão público da administração direta, sendo um ente
despersonalizado. Desta forma, fica impedido de ser parte em processos judiciais, sendo todos os seus
atos de responsabilidade da pessoa jurídica a quem pertencem, que no presente caso é o Estado do Paraná.
Desta feita, com fulcro no artigo 485, VI do CPC/2015, julgo extinto o processo, sem resolução de mérito
para o réu Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do
Paraná/SESP.
Preliminar acolhida, passo ao mérito.
Nesse, sem razão o recorrente.
A presente decisão encontra fundamento na Súmula 568-STJ, sendo igualmente aplicável o disposto nos
Enunciados 102 e 103 do FONAJE.
A controvérsia recursal gira em torno da possibilidade de o adicional de atividade penitenciária ser
concedido aos agentes penitenciários efetivos e agentes de cadeia pública temporários contratados pelo
regime simplificado.
Pois bem. A Lei Estadual nº 13.666/2002 que instituiu o quadro próprio do Poder Executivo do Estado do
Paraná -QPPE, além de outras providências, modificou a forma de composição salarial dos servidores,
criando para os agentes penitenciários, a vantagem denominada AAP -Adicional de Atividade
Penitenciária, estabelecido no artigo 18, inciso I, da prefalada lei estadual.
Emerge que tal vantagem é concedida em razão da natureza do trabalho prestado pelos agentes
penitenciários, devendo ser ressaltada que tal percepção de valores é assegurado constitucionalmente,
conforme dicção do artigo 7º, inciso XXIII, da Carta Magna.
Inicialmente, tenho que se faz necessário determinar se a função exercida pelo autor, contratado pelo
processo seletivo simplificado, é a mesma realizada pelo agente penitenciário efetivo, concursado, o que
lhe garantiria, em tese, os mesmos benefícios.
Conforme se observa de todo o processado, o autor participou de processo seletivo, tendo firmado
contrato por prazo determinado por regime especial, para o exercício da função de Agente de Cadeia
Pública nas Unidades do Departamento de Execução Penal - DEPEN, conforme cláusula primeira.
Frise-se que as atividades básicas das funções do agente penitenciário efetivo e do agente de cadeia
pública temporário são as mesmas, ou seja, promover o controle e vigia de presos que estão sob a tutela
do Estado.
Ora, se a atividade exercida pelo temporário possui caráter idêntica à do efetivo, com o mesmo caráter
penoso, perigoso, insalubre e com risco de vida, não há como negar-lhe o direito de recebimento do
adicional de atividade penitenciária a que têm direito os demais, nos termos da legislação vigente.
Desta forma, conforme preconiza o artigo 8, inciso VI, da Lei Complementar nº 108/05, o AAP é
exclusivo para os Agentes Penitenciários, e demais cargos que desempenham atividade intramuros,
fazendo assim, ao recebimento do GADI. Pois, a previsão do edital é inverídica uma vez que,jus
estabelece remuneração mensal de R$2.330,57, neste já incluso o GADI, e considerando a época do edital
2016, o valor da gratificação era correspondente à R$ 1.576,51, conforme anexo IV - A da resolução
nº4279/06, montante inferior ao salário mínimo vigente, o que é expressamente vedado pela Constituição
Federal.
A pretensão do autor, isto é incontroverso, encontra guarida nas disposições do artigo 37, inciso IX, da
Constituição Federal, bem assim, nas normas insculpidas na Lei Complementar 108/2005 (que regula a
contratação de pessoal por tempo determinado), conforme artigo 8º, IV, da citada Lei.
Por derradeiro, uma vez que o recorrente sustentou que a manutenção da sentença implicaria em violação
aos artigos 2º e 37, X, da Constituição Federal, tenho que não lhe assiste razão, porque o caso em exame
não se trata de ingerência entre poderes e nem aumento remuneratório determinado pelo Poder Judiciário,
mas sim de determinar-se o cumprimento da lei específica existente, em estrita obediência ao Princípio da
Legalidade a que está sujeita a Administração Pública.
Pois bem.
Em que pese tal pedido não tenha sido feito em sede recursal, por se tratar de matéria de ordem pública, é
possível seu reconhecimento a qualquer tempo.
Desta forma, determino que passe a constar: A correção monetária deve incidir sob o vencimento de cada
parcela, e o juros de mora a partir da citação. Em relação aos juros de mora e a correção monetária,
aplica-se o comando do artigo 1º -F da Lei nº9494/97, verbis: “Art. 1º-F. Nas condenações impostas à
Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração
do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”
Pelo referido artigo, as condenações impostas à fazenda pública terão os juros de mora e a correção
monetária aplicáveis a caderneta de poupança (TR) até a expedição do precatório requisitório ou RPV.
Após, a correção monetária se dá pelo IPCA-E e os juros de mora pelos índices oficiais da caderneta de
poupança.
Reconhecido o período de graça constitucional, nos termos da Súmula Vinculante n. 17 do Supremo
Tribunal Federal.
Sendo assim, reformo a sentença somente para acolher a preliminar de ilegitimidade passiva da
Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do
e determinar oParaná/SESP s parâmetros de correção monetária e juros observem o acima exposto.
Em face disso, condeno o recorrente ao pagamento de verba honorária, o qual fixo em 10% sobre o valor
da condenação.
Curitiba, data da assinatura eletrônica.
Aldemar Sternadt
Juiz Relator
(TJPR - 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0037901-61.2016.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: Aldemar Sternadt - J. 04.07.2017)
Ementa
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
4ª TURMA RECURSAL - DM92 - PROJUDI
Rua Mauá, 920 - 28º Andar - Alto da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone:
3017-2568
Autos nº. 0037901-61.2016.8.16.0182/0
Recurso: 0037901-61.2016.8.16.0182
Classe Processual: Recurso Inominado
Assunto Principal: Reajustes de Remuneração, Proventos ou Pensão
Recorrente(s): ESTADO DO PARANA
Recorrido(s): Carlos Alberto Garcia
RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA C/C OBRIGAÇÃO DE
FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
PARA IMPLANTAÇÃO DE AAP (ADICIONAL DE ATIVIDADE
PENITENCIÁRIA). AUTOR CONTRATADO COMO AGENTE DE CADEIA
PÚBLICA TEMPORÁRIO. ATRAVÉS DE PROCESSO SELETIVO
SIMPLIFICADO. ALEGAÇÃO DE SIMILITUDE NO DESEMPENHO DAS
FUNÇÕES COM AGENTE PENITENCIÁRIO EFETIVO. PLEITO PARA
PERCEPÇÃO DE ADICIONAL DE ATIVIDADE PENITENCIÁRIA.
POSSIBILIDADE. GRATIFICAÇÃO CONCEDIDA AO AGENTE
PENITENCIÁRIO EFETIVO QUE TAMBÉM DEVE SER CONCEDIDA AO
AGENTE DE CADEIA PÚBLICA TEMPORÁRIO. ENTENDIMENTO
DOMINANTE ACERCA DO TEMA.
Recurso conhecido e parcialmente provido. Precedentes: RI nº
0038635-12.2016.8.16.0182/0; 40358-66.2016.8.16.0182 e RI
18584-77.2016.8.16.0182.
I- Relatório.
Relatório dispensado conforme o artigo 38 da Lei 9.099/95.
II- Fundamentação
De acordo com a Súmula 568 do STJ, é cabível o julgamento monocrático do recurso, por existir
unanimidade no entendimento desta Turma Recursal acerca da questão.
O recurso deve ser conhecido vez que presentes os pressupostos processuais de admissibilidade.
Preliminarmente, pugna o recorrente pelo conhecimento da ilegitimidade passiva da ré Secretaria de
Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do Paraná/SESP.
Entendo que assiste razão ao réu, vez que se trata de órgão público da administração direta, sendo um ente
despersonalizado. Desta forma, fica impedido de ser parte em processos judiciais, sendo todos os seus
atos de responsabilidade da pessoa jurídica a quem pertencem, que no presente caso é o Estado do Paraná.
Desta feita, com fulcro no artigo 485, VI do CPC/2015, julgo extinto o processo, sem resolução de mérito
para o réu Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do
Paraná/SESP.
Preliminar acolhida, passo ao mérito.
Nesse, sem razão o recorrente.
A presente decisão encontra fundamento na Súmula 568-STJ, sendo igualmente aplicável o disposto nos
Enunciados 102 e 103 do FONAJE.
A controvérsia recursal gira em torno da possibilidade de o adicional de atividade penitenciária ser
concedido aos agentes penitenciários efetivos e agentes de cadeia pública temporários contratados pelo
regime simplificado.
Pois bem. A Lei Estadual nº 13.666/2002 que instituiu o quadro próprio do Poder Executivo do Estado do
Paraná -QPPE, além de outras providências, modificou a forma de composição salarial dos servidores,
criando para os agentes penitenciários, a vantagem denominada AAP -Adicional de Atividade
Penitenciária, estabelecido no artigo 18, inciso I, da prefalada lei estadual.
Emerge que tal vantagem é concedida em razão da natureza do trabalho prestado pelos agentes
penitenciários, devendo ser ressaltada que tal percepção de valores é assegurado constitucionalmente,
conforme dicção do artigo 7º, inciso XXIII, da Carta Magna.
Inicialmente, tenho que se faz necessário determinar se a função exercida pelo autor, contratado pelo
processo seletivo simplificado, é a mesma realizada pelo agente penitenciário efetivo, concursado, o que
lhe garantiria, em tese, os mesmos benefícios.
Conforme se observa de todo o processado, o autor participou de processo seletivo, tendo firmado
contrato por prazo determinado por regime especial, para o exercício da função de Agente de Cadeia
Pública nas Unidades do Departamento de Execução Penal - DEPEN, conforme cláusula primeira.
Frise-se que as atividades básicas das funções do agente penitenciário efetivo e do agente de cadeia
pública temporário são as mesmas, ou seja, promover o controle e vigia de presos que estão sob a tutela
do Estado.
Ora, se a atividade exercida pelo temporário possui caráter idêntica à do efetivo, com o mesmo caráter
penoso, perigoso, insalubre e com risco de vida, não há como negar-lhe o direito de recebimento do
adicional de atividade penitenciária a que têm direito os demais, nos termos da legislação vigente.
Desta forma, conforme preconiza o artigo 8, inciso VI, da Lei Complementar nº 108/05, o AAP é
exclusivo para os Agentes Penitenciários, e demais cargos que desempenham atividade intramuros,
fazendo assim, ao recebimento do GADI. Pois, a previsão do edital é inverídica uma vez que,jus
estabelece remuneração mensal de R$2.330,57, neste já incluso o GADI, e considerando a época do edital
2016, o valor da gratificação era correspondente à R$ 1.576,51, conforme anexo IV - A da resolução
nº4279/06, montante inferior ao salário mínimo vigente, o que é expressamente vedado pela Constituição
Federal.
A pretensão do autor, isto é incontroverso, encontra guarida nas disposições do artigo 37, inciso IX, da
Constituição Federal, bem assim, nas normas insculpidas na Lei Complementar 108/2005 (que regula a
contratação de pessoal por tempo determinado), conforme artigo 8º, IV, da citada Lei.
Por derradeiro, uma vez que o recorrente sustentou que a manutenção da sentença implicaria em violação
aos artigos 2º e 37, X, da Constituição Federal, tenho que não lhe assiste razão, porque o caso em exame
não se trata de ingerência entre poderes e nem aumento remuneratório determinado pelo Poder Judiciário,
mas sim de determinar-se o cumprimento da lei específica existente, em estrita obediência ao Princípio da
Legalidade a que está sujeita a Administração Pública.
Pois bem.
Em que pese tal pedido não tenha sido feito em sede recursal, por se tratar de matéria de ordem pública, é
possível seu reconhecimento a qualquer tempo.
Desta forma, determino que passe a constar: A correção monetária deve incidir sob o vencimento de cada
parcela, e o juros de mora a partir da citação. Em relação aos juros de mora e a correção monetária,
aplica-se o comando do artigo 1º -F da Lei nº9494/97, verbis: “Art. 1º-F. Nas condenações impostas à
Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração
do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”
Pelo referido artigo, as condenações impostas à fazenda pública terão os juros de mora e a correção
monetária aplicáveis a caderneta de poupança (TR) até a expedição do precatório requisitório ou RPV.
Após, a correção monetária se dá pelo IPCA-E e os juros de mora pelos índices oficiais da caderneta de
poupança.
Reconhecido o período de graça constitucional, nos termos da Súmula Vinculante n. 17 do Supremo
Tribunal Federal.
Sendo assim, reformo a sentença somente para acolher a preliminar de ilegitimidade passiva da
Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Estado do
e determinar oParaná/SESP s parâmetros de correção monetária e juros observem o acima exposto.
Em face disso, condeno o recorrente ao pagamento de verba honorária, o qual fixo em 10% sobre o valor
da condenação.
Curitiba, data da assinatura eletrônica.
Aldemar Sternadt
Juiz Relator
(TJPR - 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais - 0037901-61.2016.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: Aldemar Sternadt - J. 04.07.2017)
Data do Julgamento
:
04/07/2017 00:00:00
Data da Publicação
:
04/07/2017
Órgão Julgador
:
4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Relator(a)
:
Aldemar Sternadt
Comarca
:
Curitiba
Segredo de justiça
:
Não
Comarca
:
Curitiba
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