TJRR 10080110702
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
RELATÓRIO
Trata-se de Reexame Necessário referente à sentença proferida pela Juíza de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Boa Vista, no Incidente Processual nº 01007161040-5, proposto pelo Estado de Roraima.
Discuti-se, neste Incidente Processual, o benefício da gratuidade judiciária concedida ao Autor da Ação de Indenização nº 01007154525-4.
O Estado de Roraima sustenta, na inicial, que: a) o Impugnado é soldado da Polícia Militar deste Estado, o qual percebe remuneração de R$ 1.773,14 mensais, razão por que não é parte necessitada; b) mesmo que houvesse incapacidade temporária de pagar as custas e demais despesas processuais, isso poderia ser realizado no final do processo.
Aduz, também, que: c) o Demandado é assistido por advogado particular, o que demonstra a sua capacidade financeira; d) o patrono não tem poderes especiais para pleitear tal benefício em nome do Impugnado.
Requer, ao final, o indeferimento do benefício da justiça gratuita.
O Requerido não apresentou resposta (Certidão de fl. 09-v).
A juíza a quo julgou improcedente o pedido autoral, mantendo a gratuidade da justiça à parte impugnada (fls. 13-15).
Não havendo recurso voluntário, subiram os autos a este Egrégio Tribunal, cabendo-me a relatoria.
O Órgão Ministerial absteve-se de intervir no feito (21-22).
É o relatório.
Ao Revisor, nos termos do art. 178, IV, do RITJRR.
Boa Vista - RR, 19 de março de 2009.
Des. Almiro Padilha
Relator
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
VOTO
Mantenho íntegra a sentença.
O ordenamento jurídico brasileiro garante às pessoas economicamente necessitadas o acesso ao Poder Judiciário, concedendo-lhes, dentre outras formas, o benefício da gratuidade da Justiça (CF, inc. LXXIV do art. 5.º e L. F. n.º 1.060/50).
A Lei Federal nº 1.060/50, em seu art. 2º - parágrafo único, traz um critério econômico como parâmetro para a situação de necessitado, dispondo:
Parágrafo único. Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Para que a pessoa tenha direito a tal benefício, deve se enquadrar nesse conceito e preencher alguns requisitos constantes no art. 4º da norma infralegal mencionada:
“Art. 4.º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1.º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.
[...]”
Essa situação recebe da lei uma presunção relativa de veracidade, ou seja, o pedido deve ser indeferido se houver prova em contrário.
No caso em análise, a irresignação do Estado de Roraima funda-se principalmente no fato de o Impugnado ser funcionário público do quadro efetivo de Soldado da Polícia Militar deste Estado e por perceber renda mensal de R$ 1.773,14 (mil setecentos e setenta e três reais e quatorze centavos).
Porém, essas razões, por si sós, não espelham a real necessidade da parte. Além disso, não há qualquer prova demonstrando a não veracidade da alegação de insuficiência econômica da parte Impugnada, o que é necessário, vez que se trata de hipótese de presunção relativa, conforme dito.
Nesse sentido, é o entendimento já manifestado por esta Corte:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR – BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDOS – IRREGULARIDADE DA REPRESENTAÇÃO – INEXISTÊNCIA – AFIRMAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA NA PETIÇÃO INICIAL – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM – MÉRITO: DEMONSTRAÇÃO DO 'FUMUS BONI IURIS' E 'PERICULUM IN MORA' – RECURSO IMPROVIDO.
1. A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita não se condiciona à prova do estado de pobreza do requerente, mas tão-somente à mera afirmação desse estado, sendo irrelevante o fato de o pedido haver sido formulado na petição inicial ou no curso do processo (negritei).
2. A jurisprudência pacífica é que o candidato aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação.
(TJRR – AI 0010070092027, Rel. Juiz César Alves, DJ. 27.05.2008).
REEXAME NECESSÁRIO – INCIDENTE PROCESSUAL –IMPUGNAÇÃO ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA PELA PRÓPRIA PARTE IMPUGNANTE – ARTIGO 5º, LXXIV, CR/88 – ART. 4º LEI 1.060/50 – DESNECESSIDADE DE ESTADO DE MISERABILIDADE – SENTENÇA MANTIDA.
(TJRR – RN 010.08.010796-3, Des. Rel. Carlos Henriques, DJ. 05.11.2008).
AGRAVO DE INSTRUMENTO - BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA – CRITÉRIO ECONÔMICO – AFIRMAÇÃO DE QUE É NECESSITADO – PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE – ANÁLISE APENAS DA RENDA MENSAL DA AUTORA (SUPERIOR A MIL REAIS) E POR SER A MESMA REPRESENTADA POR ADVOGADA PARTICULAR – RAZÕES INADEQUADAS PARA, POR SI SÓS, AFASTAR A PRESUNÇÃO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJRR – AI 001006006846-6, Rel. Des. Almiro Padilha, Julgado em 20.03.2007).
Concernente ao fato de o Requerido ter contratado advogado particular, isso não comprova a sua capacidade financeira de arcar com as despesas processuais, vez que, por exemplo, o patrono pode ter sido contratado para receber remuneração apenas no caso de procedência da demanda ou pode estar atuando na causa por caridade.
Por essas razões, conheço o recurso e integralizo a sentença.
É como voto.
Boa Vista-RR, 28 de abril de 2009.
Des. Almiro Padilha
Relator
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
EMENTA
REEXAME NECESSÁRIO - BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA – CRITÉRIO ECONÔMICO – AFIRMAÇÃO DE QUE É NECESSITADO – PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE – ALEGAÇÃO DE QUE O IMPUGNADO É SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR DESTE ESTADO, PERCEBENDO RENDA MENSAL DE R$ 1.773,14 - RAZÃO INADEQUADA PARA, POR SI SÓ, AFASTAR A PRESUNÇÃO – SENTENÇA CONFIRMADA.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Colenda Câmara Única, integrantes da Turma Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, à unanimidade de votos, em conhecer o reexame e integralizar a sentença nos termos do voto do Relator que faz parte deste julgado.
Sala das Sessões da Câmara Única do E. TJRR, em Boa Vista - RR, 28 de abril de 2009.
Des. Mauro Campello
Presidente
Des. Lupercino Nogueira
Julgador
Des. AlmiroPadilha
Relator
Publicado no Diário da Justiça Eletrônico, ANO XII - EDIÇÃO 4080, Boa Vista, 16 de maio de 2009, p. 014.
( : 28/04/2009 ,
: XII ,
: 14 ,
Ementa
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
RELATÓRIO
Trata-se de Reexame Necessário referente à sentença proferida pela Juíza de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Boa Vista, no Incidente Processual nº 01007161040-5, proposto pelo Estado de Roraima.
Discuti-se, neste Incidente Processual, o benefício da gratuidade judiciária concedida ao Autor da Ação de Indenização nº 01007154525-4.
O Estado de Roraima sustenta, na inicial, que: a) o Impugnado é soldado da Polícia Militar deste Estado, o qual percebe remuneração de R$ 1.773,14 mensais, razão por que não é parte necessitada; b) mesmo que houvesse incapacidade temporária de pagar as custas e demais despesas processuais, isso poderia ser realizado no final do processo.
Aduz, também, que: c) o Demandado é assistido por advogado particular, o que demonstra a sua capacidade financeira; d) o patrono não tem poderes especiais para pleitear tal benefício em nome do Impugnado.
Requer, ao final, o indeferimento do benefício da justiça gratuita.
O Requerido não apresentou resposta (Certidão de fl. 09-v).
A juíza a quo julgou improcedente o pedido autoral, mantendo a gratuidade da justiça à parte impugnada (fls. 13-15).
Não havendo recurso voluntário, subiram os autos a este Egrégio Tribunal, cabendo-me a relatoria.
O Órgão Ministerial absteve-se de intervir no feito (21-22).
É o relatório.
Ao Revisor, nos termos do art. 178, IV, do RITJRR.
Boa Vista - RR, 19 de março de 2009.
Des. Almiro Padilha
Relator
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
VOTO
Mantenho íntegra a sentença.
O ordenamento jurídico brasileiro garante às pessoas economicamente necessitadas o acesso ao Poder Judiciário, concedendo-lhes, dentre outras formas, o benefício da gratuidade da Justiça (CF, inc. LXXIV do art. 5.º e L. F. n.º 1.060/50).
A Lei Federal nº 1.060/50, em seu art. 2º - parágrafo único, traz um critério econômico como parâmetro para a situação de necessitado, dispondo:
Parágrafo único. Considera-se necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Para que a pessoa tenha direito a tal benefício, deve se enquadrar nesse conceito e preencher alguns requisitos constantes no art. 4º da norma infralegal mencionada:
“Art. 4.º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1.º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.
[...]”
Essa situação recebe da lei uma presunção relativa de veracidade, ou seja, o pedido deve ser indeferido se houver prova em contrário.
No caso em análise, a irresignação do Estado de Roraima funda-se principalmente no fato de o Impugnado ser funcionário público do quadro efetivo de Soldado da Polícia Militar deste Estado e por perceber renda mensal de R$ 1.773,14 (mil setecentos e setenta e três reais e quatorze centavos).
Porém, essas razões, por si sós, não espelham a real necessidade da parte. Além disso, não há qualquer prova demonstrando a não veracidade da alegação de insuficiência econômica da parte Impugnada, o que é necessário, vez que se trata de hipótese de presunção relativa, conforme dito.
Nesse sentido, é o entendimento já manifestado por esta Corte:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR – BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDOS – IRREGULARIDADE DA REPRESENTAÇÃO – INEXISTÊNCIA – AFIRMAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA NA PETIÇÃO INICIAL – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM – MÉRITO: DEMONSTRAÇÃO DO 'FUMUS BONI IURIS' E 'PERICULUM IN MORA' – RECURSO IMPROVIDO.
1. A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita não se condiciona à prova do estado de pobreza do requerente, mas tão-somente à mera afirmação desse estado, sendo irrelevante o fato de o pedido haver sido formulado na petição inicial ou no curso do processo (negritei).
2. A jurisprudência pacífica é que o candidato aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação.
(TJRR – AI 0010070092027, Rel. Juiz César Alves, DJ. 27.05.2008).
REEXAME NECESSÁRIO – INCIDENTE PROCESSUAL –IMPUGNAÇÃO ASSISTENCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA PELA PRÓPRIA PARTE IMPUGNANTE – ARTIGO 5º, LXXIV, CR/88 – ART. 4º LEI 1.060/50 – DESNECESSIDADE DE ESTADO DE MISERABILIDADE – SENTENÇA MANTIDA.
(TJRR – RN 010.08.010796-3, Des. Rel. Carlos Henriques, DJ. 05.11.2008).
AGRAVO DE INSTRUMENTO - BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA – CRITÉRIO ECONÔMICO – AFIRMAÇÃO DE QUE É NECESSITADO – PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE – ANÁLISE APENAS DA RENDA MENSAL DA AUTORA (SUPERIOR A MIL REAIS) E POR SER A MESMA REPRESENTADA POR ADVOGADA PARTICULAR – RAZÕES INADEQUADAS PARA, POR SI SÓS, AFASTAR A PRESUNÇÃO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJRR – AI 001006006846-6, Rel. Des. Almiro Padilha, Julgado em 20.03.2007).
Concernente ao fato de o Requerido ter contratado advogado particular, isso não comprova a sua capacidade financeira de arcar com as despesas processuais, vez que, por exemplo, o patrono pode ter sido contratado para receber remuneração apenas no caso de procedência da demanda ou pode estar atuando na causa por caridade.
Por essas razões, conheço o recurso e integralizo a sentença.
É como voto.
Boa Vista-RR, 28 de abril de 2009.
Des. Almiro Padilha
Relator
CÂMARA ÚNICA
TURMA CÍVEL
REEXAME NECESSÁRIO Nº 01008011070-2
AUTOR: ESTADO DE RORAIMA
RÉU: ROBERTO VIANA VIEIRA
RELATOR: DES. ALMIRO PADILHA
EMENTA
REEXAME NECESSÁRIO - BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA – CRITÉRIO ECONÔMICO – AFIRMAÇÃO DE QUE É NECESSITADO – PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE – ALEGAÇÃO DE QUE O IMPUGNADO É SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR DESTE ESTADO, PERCEBENDO RENDA MENSAL DE R$ 1.773,14 - RAZÃO INADEQUADA PARA, POR SI SÓ, AFASTAR A PRESUNÇÃO – SENTENÇA CONFIRMADA.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Colenda Câmara Única, integrantes da Turma Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, à unanimidade de votos, em conhecer o reexame e integralizar a sentença nos termos do voto do Relator que faz parte deste julgado.
Sala das Sessões da Câmara Única do E. TJRR, em Boa Vista - RR, 28 de abril de 2009.
Des. Mauro Campello
Presidente
Des. Lupercino Nogueira
Julgador
Des. AlmiroPadilha
Relator
Publicado no Diário da Justiça Eletrônico, ANO XII - EDIÇÃO 4080, Boa Vista, 16 de maio de 2009, p. 014.
( : 28/04/2009 ,
: XII ,
: 14 ,
Data do Julgamento
:
28/04/2009
Data da Publicação
:
16/05/2009
Classe/Assunto
:
Reexame Necessário )
Relator(a)
:
DES. ALMIRO PADILHA
Tipo
:
Acórdão
Mostrar discussão