TRF2 0000249-88.2014.4.02.5004 00002498820144025004
APELAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. PROGRAMA MINHA CASA
MINHA VIDA. DEMORA NA CONCLUSÃO DAS OBRAS. CEF. LEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM.REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVIDA. QUANTUM REDUZIDO. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Apelação interposta em face de sentença que, nos autos
de ação de ação de cumprimento de contrato cumulada com indenização por danos
materiais e morais, julgou procedentes os pedidos formulados. 2. Nos casos dos
empreendimentos imobiliários, vinculados aos programas sociais de construção
de moradias populares, a CEF não agiria como mero agente financeiro, mas
também como executor de políticas federais para a promoção de moradia para
pessoas de baixa renda, tornando-se, por isso, responsável pela solidez e
segurança de tais imóveis. Nessa perspectiva, há uma interdependência entre
as relações obrigacionais em jogo, pois o agente financeiro, a construtora e
a empresa que intermedeiam o negócio, em princípio, assumem a responsabilidade
solidária pelo cronograma da obra. Precedentes: TRF2, 6ª Turma Especializada,
AC 01315602520144025160, Rel. Des. Fed. SALETE MACCALÓZ, E-DJF2R 16.9.2016;
TRF2, 5ª Turma Especializada, AG 00325303420134025101, Rel. Des. Fed. ALUISIO
GONÇALVES DE CASTRO MENDES, E-DJF2R 16.9.2015. 3. A CEF, na qualidade
de beneficiária do seguro, tem o dever de acionar a apólice do mesmo,
eis que, embora não seja responsável pelo ressarcimento dos prejuízos,
é agente garantidor, tanto da retomada da obra, como da sua conclusão,
sendo desnecessária a denunciação à lide da seguradora. Nesse sentido: TRF2,
6ª Turma Especializada, AC 201450041049804, Rel. Des. Fed. GUILHERME CALMON
NOGUEIRA DA GAMA, e-DJF2R 27.3.2017. 4. De acordo com os termos contratuais,
a CEF assumiu duas posições no contrato assinado: como agente operador e como
agente financeiro, uma vez que se trata especificamente de programa social
"Minha Casa, Minha Vida", programa esse que visa dar incentivo à famílias
de baixa renda para aquisição de unidades habitacionais ou requalificação
de imóveis urbanos, cabendo à CEF a fiscalização da execução das obras
até sua conclusão, acionando a seguradora nas hipóteses de atraso igual ou
superior a trinta dias. Portanto, se agiu de forma desidiosa ou negligente
por não cumprir com as regras estabelecidas contratualmente, permitindo a
paralisação injustificada da obra, além de alterações sucessivas do prazo de
conclusão da obra, evidente sua parcela de responsabilidade pelo atraso. 5. A
reparação civil do dano moral, diversamente do que se verifica em relação ao
dano patrimonial, não objetiva a recompor a situação jurídico-patrimonial
do lesado, mas compensar alguma das violações às dimensões da dignidade
humana, como a liberdade, a integridade físico-psíquica, solidariedade e a
isonomia. 6. Há excesso no valor fixado, devendo o valor arbitrado a título de
danos morais ser reduzido para R$ 1 10.000,00 (dez mil reais), porquanto em
casos semelhantes, assim decidido esta Corte: TRF2, 6ª Turma Especializada,
AC 00009621220144025118, Rel. Des. Fed. GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA,
E-DJF2R 9.11.2016; TRF2, 5ª Turma Especializada, AC 00009509520144025118,
Rel. Juiz Fed. Conv. FIRLY NASCIMENTO FILHO, E-DJF2R 25.8.2016. 7. Na espécie,
observa-se que a demanda foi proposta em 9.7.2014, com o valor atribuído à
causa de R$ 97.000,00 (noventa e sete mil reais) e os honorários de sucumbência
fixados em 10% do valor da condenação pela sentença de (15.1.2016. A causa,
de pouca complexidade em relação aos fatos e ao direito alegado, não apresenta
singularidade. Nessas circunstâncias, observa-se que a fixação dos honorários
advocatícios se deu de forma razoável. Esse valor, no entanto, deve ser
atualizado a partir da data da prolação da sentença. 7. Apelação da parte
demandante não provida e apelação da CEF parcialmente provida para reduzir
os danos morais para R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Ementa
APELAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. PROGRAMA MINHA CASA
MINHA VIDA. DEMORA NA CONCLUSÃO DAS OBRAS. CEF. LEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM.REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVIDA. QUANTUM REDUZIDO. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Apelação interposta em face de sentença que, nos autos
de ação de ação de cumprimento de contrato cumulada com indenização por danos
materiais e morais, julgou procedentes os pedidos formulados. 2. Nos casos dos
empreendimentos imobiliários, vinculados aos programas sociais de construção
de moradias populares, a CEF não agiria como mero agente financeiro, mas
também como executor de políticas federais para a promoção de moradia para
pessoas de baixa renda, tornando-se, por isso, responsável pela solidez e
segurança de tais imóveis. Nessa perspectiva, há uma interdependência entre
as relações obrigacionais em jogo, pois o agente financeiro, a construtora e
a empresa que intermedeiam o negócio, em princípio, assumem a responsabilidade
solidária pelo cronograma da obra. Precedentes: TRF2, 6ª Turma Especializada,
AC 01315602520144025160, Rel. Des. Fed. SALETE MACCALÓZ, E-DJF2R 16.9.2016;
TRF2, 5ª Turma Especializada, AG 00325303420134025101, Rel. Des. Fed. ALUISIO
GONÇALVES DE CASTRO MENDES, E-DJF2R 16.9.2015. 3. A CEF, na qualidade
de beneficiária do seguro, tem o dever de acionar a apólice do mesmo,
eis que, embora não seja responsável pelo ressarcimento dos prejuízos,
é agente garantidor, tanto da retomada da obra, como da sua conclusão,
sendo desnecessária a denunciação à lide da seguradora. Nesse sentido: TRF2,
6ª Turma Especializada, AC 201450041049804, Rel. Des. Fed. GUILHERME CALMON
NOGUEIRA DA GAMA, e-DJF2R 27.3.2017. 4. De acordo com os termos contratuais,
a CEF assumiu duas posições no contrato assinado: como agente operador e como
agente financeiro, uma vez que se trata especificamente de programa social
"Minha Casa, Minha Vida", programa esse que visa dar incentivo à famílias
de baixa renda para aquisição de unidades habitacionais ou requalificação
de imóveis urbanos, cabendo à CEF a fiscalização da execução das obras
até sua conclusão, acionando a seguradora nas hipóteses de atraso igual ou
superior a trinta dias. Portanto, se agiu de forma desidiosa ou negligente
por não cumprir com as regras estabelecidas contratualmente, permitindo a
paralisação injustificada da obra, além de alterações sucessivas do prazo de
conclusão da obra, evidente sua parcela de responsabilidade pelo atraso. 5. A
reparação civil do dano moral, diversamente do que se verifica em relação ao
dano patrimonial, não objetiva a recompor a situação jurídico-patrimonial
do lesado, mas compensar alguma das violações às dimensões da dignidade
humana, como a liberdade, a integridade físico-psíquica, solidariedade e a
isonomia. 6. Há excesso no valor fixado, devendo o valor arbitrado a título de
danos morais ser reduzido para R$ 1 10.000,00 (dez mil reais), porquanto em
casos semelhantes, assim decidido esta Corte: TRF2, 6ª Turma Especializada,
AC 00009621220144025118, Rel. Des. Fed. GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA,
E-DJF2R 9.11.2016; TRF2, 5ª Turma Especializada, AC 00009509520144025118,
Rel. Juiz Fed. Conv. FIRLY NASCIMENTO FILHO, E-DJF2R 25.8.2016. 7. Na espécie,
observa-se que a demanda foi proposta em 9.7.2014, com o valor atribuído à
causa de R$ 97.000,00 (noventa e sete mil reais) e os honorários de sucumbência
fixados em 10% do valor da condenação pela sentença de (15.1.2016. A causa,
de pouca complexidade em relação aos fatos e ao direito alegado, não apresenta
singularidade. Nessas circunstâncias, observa-se que a fixação dos honorários
advocatícios se deu de forma razoável. Esse valor, no entanto, deve ser
atualizado a partir da data da prolação da sentença. 7. Apelação da parte
demandante não provida e apelação da CEF parcialmente provida para reduzir
os danos morais para R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Data do Julgamento
:
10/05/2017
Data da Publicação
:
15/05/2017
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
5ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
RICARDO PERLINGEIRO
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
RICARDO PERLINGEIRO
Mostrar discussão