TRF2 0006699-18.2012.4.02.5101 00066991820124025101
APELAÇÃO CÍVEL. REMESSA NECESSÁRIA. DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO
E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTS. 1.040 E 1.041 DO
CPC/15. SERVIDOR PÚBLICO. ABONO DE PERMANÊNCIA. ATRASADOS. RECONHECIMENTO
ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. INTERESSE DE AGIR
CONFIGURADO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO STJ. CORREÇÃO
MONETÁRIA. IPCA-E. STF. ADIN´S 4357 E 4425 E RE 870.947. STJ. RESP N.º
1.492.221 (TEMA 905). MODIFICAÇÃO DO JULGADO. ADEQUAÇÃO AOS ENTENDIMENTOS
DO STF, PROFERIDO EM SEDE DE RECURSO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA,
E DO STJ, E XARADO SOB A SISTEMÁTICA DE RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. 1. Julgamento proferido em cumprimento ao disposto nos
arts. 1.040 e 1.041 do CPC/15, para fins de adequação do acórdão proferido
por esta Turma aos entendimentos sedimentados no Supremo Tribunal Federal
(STF), nos autos do RE 870.947, submetido ao rito dos recursos com repercussão
geral reconhecida, e no STJ, nos autos do RESP 1.492.221, sob a sitemática de
recurso representativo de c ontrovérsia. 2. O C. STF, em sede de repercurssão
geral (Tema 810), reconheceu a validade dos juros moratórios incidentes
sobre as condenações impostas à Fazenda Pública nas relações jurídicas
de natureza não tributária, conforme previstos no art. 1.º-F da Lei n.º
9.494/1997, com a redação dada pela Lei .nº 11.960/2009. Por outro lado,
declarou a inconstitucionalidade do aludido dispositivo legal na parte em
que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda
Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, por impor
restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII),
de modo que a correção monetária deverá observar o IPCA-e (RE n.º 870.947,
Rel. Ministro Luiz Fux, 25/06/2015). No que toca, porém, às relações
jurídicas tributárias, definiu a SELIC como índice p ara a atualização
monetária e juros moratórios. 3. O STJ, ao apreciar, sob a sistemática dos
recursos representativos de controvérsia, o REsp n.º 1.492.221, fixou as
seguintes teses: (i) o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei
11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações
judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza;
(ii) impossibilidade de fixação apriorística da taxa de correção monetária;
(iii) não cabimento de modulação dos efeitos da decisão que declarou
inconstitucional a atualização monetária dos débitos da Fazenda Pública com
base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, no âmbito do
Supremo Tribunal Federal, em relação aos casos em que não ocorreu expedição
ou pagamento de precatório; (iv) o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada
pela Lei 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora
nos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da
caderneta de poupança, aplica-se às condenações impostas à Fazenda Pública,
excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária; (v)
as 1 condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos,
sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao
mês (capitalização simples); correção monetária: índices previstos no Manual
de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a
partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao
mês; correção monetária: IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora:
remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E;
e (vi) não obstante os índices estabelecidos para atualização monetária e
compensação da mora, de acordo com a natureza da condenação imposta à Fazenda
Pública, cumpre ressalvar eventual coisa julgada que tenha determinado a
aplicação de índices diversos, cuja constitucionalidade/legalidade há de s
er aferida no caso concreto." 4. O aresto recorrido carece de ser adequado
ao entendimento supra, de modo a que, nas condenações impostas à Fazenda
Pública alusivas às relações jurídica de natureza não tributária, como é
o caso dos presentes autos, em relação à correção monetária, deverá ser
observado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-E mensal,
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual persistirá até o
efetivo pagamento pela Fazenda Nacional, corrigindo-se as diferenças da data de
cada p arcela devida. 5. Por ora, o IPCA-E foi fixado como índice de correção
monetária por ser o que, atualmente, apresenta melhor capacidade de captar
o fenômeno inflacionário. Contudo, em relação às situações futuras, deve-se
observar o índice constante do Manual de Cálculos da Justiça Federal, caso
o IPCA-E deixe de representar o índice qualificado a capturar a variação de
preços da economia, sendo inidôneo a promover o s fins a que se destina. 6. Em
relação aos juros de mora, deve-se observar o art. 1.º-F da Lei 9.494/97
(com redação dada pela Lei 11.960/2009), que estabelece a incidência do
índice oficial de remuneração da caderneta de p oupança. 7. Juízo positivo
de retratação do acórdão.
Ementa
APELAÇÃO CÍVEL. REMESSA NECESSÁRIA. DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO
E PROCESSUAL CIVIL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ARTS. 1.040 E 1.041 DO
CPC/15. SERVIDOR PÚBLICO. ABONO DE PERMANÊNCIA. ATRASADOS. RECONHECIMENTO
ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. INTERESSE DE AGIR
CONFIGURADO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO STJ. CORREÇÃO
MONETÁRIA. IPCA-E. STF. ADIN´S 4357 E 4425 E RE 870.947. STJ. RESP N.º
1.492.221 (TEMA 905). MODIFICAÇÃO DO JULGADO. ADEQUAÇÃO AOS ENTENDIMENTOS
DO STF, PROFERIDO EM SEDE DE RECURSO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA,
E DO STJ, E XARADO SOB A SISTEMÁTICA DE RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. 1. Julgamento proferido em cumprimento ao disposto nos
arts. 1.040 e 1.041 do CPC/15, para fins de adequação do acórdão proferido
por esta Turma aos entendimentos sedimentados no Supremo Tribunal Federal
(STF), nos autos do RE 870.947, submetido ao rito dos recursos com repercussão
geral reconhecida, e no STJ, nos autos do RESP 1.492.221, sob a sitemática de
recurso representativo de c ontrovérsia. 2. O C. STF, em sede de repercurssão
geral (Tema 810), reconheceu a validade dos juros moratórios incidentes
sobre as condenações impostas à Fazenda Pública nas relações jurídicas
de natureza não tributária, conforme previstos no art. 1.º-F da Lei n.º
9.494/1997, com a redação dada pela Lei .nº 11.960/2009. Por outro lado,
declarou a inconstitucionalidade do aludido dispositivo legal na parte em
que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda
Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, por impor
restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII),
de modo que a correção monetária deverá observar o IPCA-e (RE n.º 870.947,
Rel. Ministro Luiz Fux, 25/06/2015). No que toca, porém, às relações
jurídicas tributárias, definiu a SELIC como índice p ara a atualização
monetária e juros moratórios. 3. O STJ, ao apreciar, sob a sistemática dos
recursos representativos de controvérsia, o REsp n.º 1.492.221, fixou as
seguintes teses: (i) o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada pela Lei
11.960/2009), para fins de correção monetária, não é aplicável nas condenações
judiciais impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza;
(ii) impossibilidade de fixação apriorística da taxa de correção monetária;
(iii) não cabimento de modulação dos efeitos da decisão que declarou
inconstitucional a atualização monetária dos débitos da Fazenda Pública com
base no índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, no âmbito do
Supremo Tribunal Federal, em relação aos casos em que não ocorreu expedição
ou pagamento de precatório; (iv) o art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redação dada
pela Lei 11.960/2009), na parte em que estabelece a incidência de juros de mora
nos débitos da Fazenda Pública com base no índice oficial de remuneração da
caderneta de poupança, aplica-se às condenações impostas à Fazenda Pública,
excepcionadas as condenações oriundas de relação jurídico-tributária; (v)
as 1 condenações judiciais referentes a servidores e empregados públicos,
sujeitam-se aos seguintes encargos: (a) até julho/2001: juros de mora: 1% ao
mês (capitalização simples); correção monetária: índices previstos no Manual
de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a
partir de janeiro/2001; (b) agosto/2001 a junho/2009: juros de mora: 0,5% ao
mês; correção monetária: IPCA-E; (c) a partir de julho/2009: juros de mora:
remuneração oficial da caderneta de poupança; correção monetária: IPCA-E;
e (vi) não obstante os índices estabelecidos para atualização monetária e
compensação da mora, de acordo com a natureza da condenação imposta à Fazenda
Pública, cumpre ressalvar eventual coisa julgada que tenha determinado a
aplicação de índices diversos, cuja constitucionalidade/legalidade há de s
er aferida no caso concreto." 4. O aresto recorrido carece de ser adequado
ao entendimento supra, de modo a que, nas condenações impostas à Fazenda
Pública alusivas às relações jurídica de natureza não tributária, como é
o caso dos presentes autos, em relação à correção monetária, deverá ser
observado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-E mensal,
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual persistirá até o
efetivo pagamento pela Fazenda Nacional, corrigindo-se as diferenças da data de
cada p arcela devida. 5. Por ora, o IPCA-E foi fixado como índice de correção
monetária por ser o que, atualmente, apresenta melhor capacidade de captar
o fenômeno inflacionário. Contudo, em relação às situações futuras, deve-se
observar o índice constante do Manual de Cálculos da Justiça Federal, caso
o IPCA-E deixe de representar o índice qualificado a capturar a variação de
preços da economia, sendo inidôneo a promover o s fins a que se destina. 6. Em
relação aos juros de mora, deve-se observar o art. 1.º-F da Lei 9.494/97
(com redação dada pela Lei 11.960/2009), que estabelece a incidência do
índice oficial de remuneração da caderneta de p oupança. 7. Juízo positivo
de retratação do acórdão.
Data do Julgamento
:
14/09/2018
Data da Publicação
:
19/09/2018
Classe/Assunto
:
APELREEX - Apelação / Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e
do Trabalho
Órgão Julgador
:
6ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
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