TRF2 0007734-82.2015.4.02.0000 00077348220154020000
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO
FISCAL. TAXA DE OCUPAÇÃO. INDÍCIOS DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO
AOS SÓCIOS. RECURSO REPETITIVO. POSSIBILIDADE. 1. O Juízo de Direito da 2ª Vara
Cível de Itaguaí/RJ acolheu, em execução fiscal (taxa de ocupação - terreno
de marinha), a exceção de pré-executividade do sócio-gerente da executada e o
excluiu do polo passivo, convencido de que indícios de dissolução irregular são
insuficientes para caracterizar desvio de finalidade ou confusão patrimonial,
para a desconsideração da personalidade jurídica e redirecionamento da
execução. 2. O STJ pacificou ser obrigação do alienante comunicar à SPU a
transferência da ocupação do imóvel, pena de continuar obrigado a pagar Taxa
de Ocupação, considerando que a extinção da obrigação pessoal "não pode advir
do simples abandono da coisa, tampouco de negócio jurídico com terceiro,
uma vez que não é obrigação propter rem - ou seja, não acompanha a coisa"
(REsp 1242225/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 26/04/2011, DJe 05/05/2011). 3. É possível o redirecionamento da
execução fiscal de dívida não-tributária na dissolução irregular da pessoa
jurídica devedora, prosseguindo a execução sobre o patrimônio dos sócios
(STJ, Primeira Seção, REsp 1371128/RS, na sistemática do art. 543-C do
CPC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, em 10/9/2014). 4. Não há registro
da sociedade empresária na JUCERJA, e no cadastro da Receita Federal foi
"BAIXADA", por "INAPTIDÃO (Lei nº 11.941/2009, art. 54), ratificando os
fortes indícios de dissolução irregular da sociedade, à luz do art. 51,
do CC. 5. Evidenciada a dissolução irregular da sociedade devedora não
encontrada no endereço registrado, admite-se o redirecionamento da execução
para os sócios-gerentes, por desvio de finalidade, conforme orienta o TRF2
e o STJ. 6. Afastar a aplicação do art. 50 do CCiv, à falta de prova cabal
do desvio de finalidade, constitui rigor excessivo em desfavor do exequente,
para além do efeito negativo de vulnerar os princípios éticos que norteiam
o Direito das Obrigações, na defesa da circulação do crédito, e a confiança
dos credores. 7. Agravo de instrumento provido.
Ementa
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO
FISCAL. TAXA DE OCUPAÇÃO. INDÍCIOS DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR. REDIRECIONAMENTO
AOS SÓCIOS. RECURSO REPETITIVO. POSSIBILIDADE. 1. O Juízo de Direito da 2ª Vara
Cível de Itaguaí/RJ acolheu, em execução fiscal (taxa de ocupação - terreno
de marinha), a exceção de pré-executividade do sócio-gerente da executada e o
excluiu do polo passivo, convencido de que indícios de dissolução irregular são
insuficientes para caracterizar desvio de finalidade ou confusão patrimonial,
para a desconsideração da personalidade jurídica e redirecionamento da
execução. 2. O STJ pacificou ser obrigação do alienante comunicar à SPU a
transferência da ocupação do imóvel, pena de continuar obrigado a pagar Taxa
de Ocupação, considerando que a extinção da obrigação pessoal "não pode advir
do simples abandono da coisa, tampouco de negócio jurídico com terceiro,
uma vez que não é obrigação propter rem - ou seja, não acompanha a coisa"
(REsp 1242225/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 26/04/2011, DJe 05/05/2011). 3. É possível o redirecionamento da
execução fiscal de dívida não-tributária na dissolução irregular da pessoa
jurídica devedora, prosseguindo a execução sobre o patrimônio dos sócios
(STJ, Primeira Seção, REsp 1371128/RS, na sistemática do art. 543-C do
CPC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, em 10/9/2014). 4. Não há registro
da sociedade empresária na JUCERJA, e no cadastro da Receita Federal foi
"BAIXADA", por "INAPTIDÃO (Lei nº 11.941/2009, art. 54), ratificando os
fortes indícios de dissolução irregular da sociedade, à luz do art. 51,
do CC. 5. Evidenciada a dissolução irregular da sociedade devedora não
encontrada no endereço registrado, admite-se o redirecionamento da execução
para os sócios-gerentes, por desvio de finalidade, conforme orienta o TRF2
e o STJ. 6. Afastar a aplicação do art. 50 do CCiv, à falta de prova cabal
do desvio de finalidade, constitui rigor excessivo em desfavor do exequente,
para além do efeito negativo de vulnerar os princípios éticos que norteiam
o Direito das Obrigações, na defesa da circulação do crédito, e a confiança
dos credores. 7. Agravo de instrumento provido.
Data do Julgamento
:
14/03/2016
Data da Publicação
:
18/03/2016
Classe/Assunto
:
AG - Agravo de Instrumento - Agravos - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
6ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
NIZETE LOBATO CARMO
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
NIZETE LOBATO CARMO
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