TRF2 0012043-78.2017.4.02.0000 00120437820174020000
ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMINAR. MILITAR. EXCLUSÃO DO
CONCURSO. CUMPRIMENTO DAS REGRAS EDITALÍCIAS. AUSÊNCIA DE FUMUS BONI
IURIS E PERICULUM IN MORA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Trata-se de AGRAVO DE
INSTRUMENTO interposto RAFAEL AMARAL SAMPAIO, com pedido de antecipação
dos efeitos da tutela, alvejando decisão que, nos autos da Ação Ordinária,
indeferiu o pedido liminar, que visava manter o agravante no Concurso
Público de Admissão às Escolas de Aprendizes-Marinheiros, do qual foi
eliminado por ter sido considerado inapto na inspeção de saúde. 2. O Douto
Magistrado de primeiro grau, enquanto presidente do processo, e por estar
mais próxima da realidade versada nos autos, detém melhores condições para
avaliar a presença, ou não, dos requisitos autorizadores da antecipação
de tutela. Em outros termos, a concessão de medidas liminares ou de índole
antecipatória deve, em princípio, ser deixada ao prudente arbítrio do juiz,
não cabendo a esta Corte, por isso mesmo, se imiscuir em tal seara, salvo em
hipóteses excepcionais, que se revelarem muito peculiares. 3. Ressalte-se,
ainda, consoante entendimento desta Egrégia Corte, que somente em casos de
decisão teratológica, com abuso de poder ou em flagrante descompasso com
a Constituição, a Lei ou com orientação consolidada de Tribunal Superior
ou deste Tribunal, seria justificável sua reforma pelo órgão ad quem, em
agravo de instrumento (AG 2010.02.01.017607-0, Sexta Turma Especializada,
Rel. Des. Fed. Guilherme Couto, E-DJF2R 14/02/2011; AG 2010.02.01.007779-1,
Sétima Turma Especializada, Rel. Des. Fed. José Antônio Lisboa Neiva, E-DJF2R
01/02/2011). 4. Compulsando os autos, constata-se que o autor se inscreveu no
Concurso Público de Admissão às Escolas de Aprendizes-Marinheiros (CPAEAM),
e que, na inspeção de saúde, segunda fase do exame, de caráter eliminatório,
foi declarado inapto/incapaz por fazer uso de medicamento psiquiátrico
para tratamento de transtorno de ansiedade generalizada, conforme CID 10
(F. 40). 5. Irresignado, o recorrente propôs ação ordinária, com pedido de
tutela provisória, objetivando "que o autor prossiga imediatamente no certame,
realizando a etapa denominada TAF". O Juízo a quo indeferiu a tutela antecipada
requerida, ao argumento de que "há norma no edital tratando do assunto e
o atestado médico apresentado pelo autor (fl. 78) confirmou a existência
de tratamento para ansiedade conforme CID 10 -> F. 40, bem como o uso
de medicamento para TAG (transtorno de ansiedade generalizada). Embora o
atestado de fl. 78 afirme que o autor se encontra em boas condições de saúde
mental e sustente que "tal 1 medicamento não o incapacita de exercer atividades
laborativas, nem de exercer a função de aprendiz de marinheiro, dado o caráter
transitório do transtorno", sugerindo "alta prevista para o final do ano",
isso não tem o condão de afastar a possibilidade de o transtorno de ansiedade
acarretar comprometimento funcional quando do efetivo exercício das funções
de militar. Assim, em análise preliminar, não há prova robusta de que o fato
considerado pela autoridade administrativa para decidir não seja verdadeiro,
nem que teria aplicação equivocada a norma aplicável, uma vez que o Edital
estabeleceu, de forma clara, como condição de inaptidão para ingresso na
Escolas de Aprendizes-Marinheiros, a existência de transtornos mentais e
de comportamento, pelo que se impõe observar a presunção de legitimidade do
ato administrativo adversado". Pelo presente recurso, o agravante pretende
a reforma da decisão guerreada, entretanto, ao que tudo indica, não merece
prosperar a tese recursal. 6. In casu, no item 10, do edital constam as
regras da fase de inspeção de saúde, que por sua vez, fazem referência ao
anexo V, onde estão elencadas as condições incapacitantes para o exercício
do cargo almejado. Dentre elas, estão as "doenças psiquiátricas" descritas
na letra "o" do referido anexo, que assim aduz: "Avaliar cuidadosamente a
história, para detectar: uso abusivo de drogas; esquizofrenia, transtornos
esquizotípicos e delirantes; transtornos do humor; transtornos neuróticos;
transtornos de personalidade e de comportamento; retardo mental; e outros
transtornos mentais. Deverão ser observadas as descrições clínicas e diretrizes
diagnósticas da classificação de transtornos mentais e de comportamento
da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-
10)". 7. Por seu turno, o agravante acostou atestado médico confirmando estar
em tratamento psiquiátrico, bem como tomando medicamento para Transtorno de
Ansiedade Generalizada, conforme CID 10 (F-40). Apesar do médico atestar que
o recorrente "encontra-se em boas condições de saúde mental", aduzindo que o
medicamento não incapacita o recorrente "de exercer atividades laborativas,
nem de exercer a função de aprendiz de marinheiro", tal circunstância não
tem o condão de afastar, com a segurança necessária, a possibilidade de
o aludido transtorno de ansiedade comprometer funcionalmente o recorrente,
quando do efetivo exercício das funções típicas da caserna. 8. Nesse contexto,
a decisão agravada corretamente aduziu que "o Edital estabeleceu, de forma
clara, como condição de inaptidão para ingresso na Escolas de Aprendizes-
Marinheiros, a existência de transtornos mentais e de comportamento, pelo
que se impõe observar a presunção de legitimidade do ato administrativo
adversado". No mesmo sentido foi o parecer do nobre Parquet, que assim
asseverou "em um exame preliminar, a eliminação do candidato na fase de
inspeção de saúde não se mostra ilegal uma vez que, conforme salientado
pelo magistrado a quo, a existência de doenças psiquiátricas é considerada
como uma condição incapacitante para o concurso de admissão às escolas de
aprendizes de Marinheiro". 9. Agravo de Instrumento desprovido. 2
Ementa
ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMINAR. MILITAR. EXCLUSÃO DO
CONCURSO. CUMPRIMENTO DAS REGRAS EDITALÍCIAS. AUSÊNCIA DE FUMUS BONI
IURIS E PERICULUM IN MORA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Trata-se de AGRAVO DE
INSTRUMENTO interposto RAFAEL AMARAL SAMPAIO, com pedido de antecipação
dos efeitos da tutela, alvejando decisão que, nos autos da Ação Ordinária,
indeferiu o pedido liminar, que visava manter o agravante no Concurso
Público de Admissão às Escolas de Aprendizes-Marinheiros, do qual foi
eliminado por ter sido considerado inapto na inspeção de saúde. 2. O Douto
Magistrado de primeiro grau, enquanto presidente do processo, e por estar
mais próxima da realidade versada nos autos, detém melhores condições para
avaliar a presença, ou não, dos requisitos autorizadores da antecipação
de tutela. Em outros termos, a concessão de medidas liminares ou de índole
antecipatória deve, em princípio, ser deixada ao prudente arbítrio do juiz,
não cabendo a esta Corte, por isso mesmo, se imiscuir em tal seara, salvo em
hipóteses excepcionais, que se revelarem muito peculiares. 3. Ressalte-se,
ainda, consoante entendimento desta Egrégia Corte, que somente em casos de
decisão teratológica, com abuso de poder ou em flagrante descompasso com
a Constituição, a Lei ou com orientação consolidada de Tribunal Superior
ou deste Tribunal, seria justificável sua reforma pelo órgão ad quem, em
agravo de instrumento (AG 2010.02.01.017607-0, Sexta Turma Especializada,
Rel. Des. Fed. Guilherme Couto, E-DJF2R 14/02/2011; AG 2010.02.01.007779-1,
Sétima Turma Especializada, Rel. Des. Fed. José Antônio Lisboa Neiva, E-DJF2R
01/02/2011). 4. Compulsando os autos, constata-se que o autor se inscreveu no
Concurso Público de Admissão às Escolas de Aprendizes-Marinheiros (CPAEAM),
e que, na inspeção de saúde, segunda fase do exame, de caráter eliminatório,
foi declarado inapto/incapaz por fazer uso de medicamento psiquiátrico
para tratamento de transtorno de ansiedade generalizada, conforme CID 10
(F. 40). 5. Irresignado, o recorrente propôs ação ordinária, com pedido de
tutela provisória, objetivando "que o autor prossiga imediatamente no certame,
realizando a etapa denominada TAF". O Juízo a quo indeferiu a tutela antecipada
requerida, ao argumento de que "há norma no edital tratando do assunto e
o atestado médico apresentado pelo autor (fl. 78) confirmou a existência
de tratamento para ansiedade conforme CID 10 -> F. 40, bem como o uso
de medicamento para TAG (transtorno de ansiedade generalizada). Embora o
atestado de fl. 78 afirme que o autor se encontra em boas condições de saúde
mental e sustente que "tal 1 medicamento não o incapacita de exercer atividades
laborativas, nem de exercer a função de aprendiz de marinheiro, dado o caráter
transitório do transtorno", sugerindo "alta prevista para o final do ano",
isso não tem o condão de afastar a possibilidade de o transtorno de ansiedade
acarretar comprometimento funcional quando do efetivo exercício das funções
de militar. Assim, em análise preliminar, não há prova robusta de que o fato
considerado pela autoridade administrativa para decidir não seja verdadeiro,
nem que teria aplicação equivocada a norma aplicável, uma vez que o Edital
estabeleceu, de forma clara, como condição de inaptidão para ingresso na
Escolas de Aprendizes-Marinheiros, a existência de transtornos mentais e
de comportamento, pelo que se impõe observar a presunção de legitimidade do
ato administrativo adversado". Pelo presente recurso, o agravante pretende
a reforma da decisão guerreada, entretanto, ao que tudo indica, não merece
prosperar a tese recursal. 6. In casu, no item 10, do edital constam as
regras da fase de inspeção de saúde, que por sua vez, fazem referência ao
anexo V, onde estão elencadas as condições incapacitantes para o exercício
do cargo almejado. Dentre elas, estão as "doenças psiquiátricas" descritas
na letra "o" do referido anexo, que assim aduz: "Avaliar cuidadosamente a
história, para detectar: uso abusivo de drogas; esquizofrenia, transtornos
esquizotípicos e delirantes; transtornos do humor; transtornos neuróticos;
transtornos de personalidade e de comportamento; retardo mental; e outros
transtornos mentais. Deverão ser observadas as descrições clínicas e diretrizes
diagnósticas da classificação de transtornos mentais e de comportamento
da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-
10)". 7. Por seu turno, o agravante acostou atestado médico confirmando estar
em tratamento psiquiátrico, bem como tomando medicamento para Transtorno de
Ansiedade Generalizada, conforme CID 10 (F-40). Apesar do médico atestar que
o recorrente "encontra-se em boas condições de saúde mental", aduzindo que o
medicamento não incapacita o recorrente "de exercer atividades laborativas,
nem de exercer a função de aprendiz de marinheiro", tal circunstância não
tem o condão de afastar, com a segurança necessária, a possibilidade de
o aludido transtorno de ansiedade comprometer funcionalmente o recorrente,
quando do efetivo exercício das funções típicas da caserna. 8. Nesse contexto,
a decisão agravada corretamente aduziu que "o Edital estabeleceu, de forma
clara, como condição de inaptidão para ingresso na Escolas de Aprendizes-
Marinheiros, a existência de transtornos mentais e de comportamento, pelo
que se impõe observar a presunção de legitimidade do ato administrativo
adversado". No mesmo sentido foi o parecer do nobre Parquet, que assim
asseverou "em um exame preliminar, a eliminação do candidato na fase de
inspeção de saúde não se mostra ilegal uma vez que, conforme salientado
pelo magistrado a quo, a existência de doenças psiquiátricas é considerada
como uma condição incapacitante para o concurso de admissão às escolas de
aprendizes de Marinheiro". 9. Agravo de Instrumento desprovido. 2
Data do Julgamento
:
20/02/2018
Data da Publicação
:
26/02/2018
Classe/Assunto
:
AG - Agravo de Instrumento - Agravos - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
8ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
VERA LÚCIA LIMA
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
VERA LÚCIA LIMA
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