TRF2 0056549-36.2015.4.02.5101 00565493620154025101
APELAÇÃO CÍVEL. PENSIONISTA DE MILITAR DO ANTIGO DISTRITO FEDERAL. EQUIPARAÇÃO
COM MILITARES DO ATUAL DISTRITO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. CONCESSÃO
APENAS DAS VANTAGENS REMUNERATÓRIAS PREVISTAS NO ART. 65 DA LEI N.º
10.486/2002. EXTENSÃO DA VANTAGEM PECUNIÁRIA ESPECIAL (VPE) - LEI N.º
11.134/2005 -, DA GRATIFICAÇÃO DE CONDIÇÃO ESPECIAL DE FUNÇÃO MILITAR (GCEF)
- LEI N.º 11.663/2008 E DA GRATIFICAÇÃO POR RISCO DE VIDA (GRV) - LEI N.º
12.086/2009. DESCABIMENTO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Cuida-se de apelação cível
alvejando sentença que, nos autos de ação de conhecimento, processada sob
o rito comum ordinário, julgou improcedente o pedido de condenação da ré na
obrigação de proceder à implantação, nos proventos da autora, ora recorrente,
da Vantagem Pecuniária Especial (VPE), da Gratificação de Condição Especial de
Função Militar (GCEF) e da Gratificação por Risco de Vida (GRV), bem assim
ao pagamento das parcelas atrasadas, observada a prescrição quinquenal,
sob o fundamento de que os militares inativos e pensionistas do antigo
Distrito Federal somente têm direito à percepção das verbas remuneratórias
previstas na Lei n.º 10.486/2002, inexistindo previsão legal de extensão das
vantagens ora postuladas. 2. A partir da vigência das Leis n.º 3.752/60 e
n.º 5.959/73, a regulamentação e administração do pessoal ativo e inativo,
vinculado ao antigo Distrito Federal, foram transferidas para a esfera do
então Estado da Guanabara. Entretanto, inicialmente, a União permaneceu
arcando com a remuneração e os proventos de inatividade do pessoal lotado
nos serviços transferidos, dentre eles, a Polícia Militar (art. 3.º, §
2.º, da Lei n,º 3.762/60). Posteriormente, a União ficou responsável pelo
pagamento apenas das pensões e dos proventos devidos ao pessoal transferido
para a inatividade até a data da entrada em vigor do Decreto-lei n.º
1.015/69 (art. 2.º, I, da Lei n,º 5.959/73). 3. A Lei n.º 10.486/2002,
que dispõe sobre a remuneração dos militares do atual Distrito Federal,
revogou expressamente a Lei n.º 5.959/73, porém não conferiu isonomia entre
os militares do Distrito Federal e os do antigo Distrito Federal, posto que,
de forma clara, estabeleceu que os Policiais Militares e Bombeiros do antigo
Distrito Federal têm direito às vantagens nos termos nela instituídos. Contudo,
isso não implica dizer que passaram a fazer parte do mesmo regime jurídico
aplicável aos policiais e bombeiros militares do atual Distrito Federal,
com direito eterno ao recebimento das mesmas gratificações destinadas a
estes. 4. De forma alguma pretendeu o legislador estender toda e qualquer
vantagem aos integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do antigo
Distrito Federal, mas somente aquelas expressamente previstas no aludido
diploma legal, visto que, nos termos da Súmula n.º 339 do STF, por analogia,
"Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos 1 sob fundamento de isonomia". Tanto
é assim que a autora, pensionista de militar do antigo Distrito Federal,
recebe vantagens de caráter privativo, não extensíveis aos militares do atual
Distrito Federal, a exemplo da Gratificação Especial de Função Militar -
GEFM e da Gratificação de Incentivo à Função Militar - GFM, instituídas pelo
art. 24 da Medida Provisória n.º 302/2006, convertida na Lei n.º 11.356/2006,
informação essa corroborada pelo contracheque encartado nos autos. 5. A
Vantagem Pecuniária Especial - VPE, instituída pela Lei n.º 11.134/05,
e a Gratificação de Condição de Função Militar (GCEF), criada pela Lei n.º
11.663/2008, são devidas exclusivamente aos militares e pensionistas do Corpo
de Bombeiros e da Polícia Militar do Distrito Federal, não se estendendo aos
militares e pensionistas do antigo Distrito Federal, por ausência de previsão
legal. Precedentes do STJ e desta Corte. 6. A Gratificação por Risco de Vida
(GRV) também foi criada exclusivamente para os militares do atual Distrito
Federal. Dessarte, diante da inexistência de previsão legal de extensão da
aludida vantagem aos militares inativos e pensionistas do antigo Distrito
Federal, bem assim da inexistência de total isonomia remuneratória entre
estes e os militares do atual Distrito Federal, a pretensão autoral também
deve ser rechaçada nesse ponto. 7. Apelação conhecida e improvida.
Ementa
APELAÇÃO CÍVEL. PENSIONISTA DE MILITAR DO ANTIGO DISTRITO FEDERAL. EQUIPARAÇÃO
COM MILITARES DO ATUAL DISTRITO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. CONCESSÃO
APENAS DAS VANTAGENS REMUNERATÓRIAS PREVISTAS NO ART. 65 DA LEI N.º
10.486/2002. EXTENSÃO DA VANTAGEM PECUNIÁRIA ESPECIAL (VPE) - LEI N.º
11.134/2005 -, DA GRATIFICAÇÃO DE CONDIÇÃO ESPECIAL DE FUNÇÃO MILITAR (GCEF)
- LEI N.º 11.663/2008 E DA GRATIFICAÇÃO POR RISCO DE VIDA (GRV) - LEI N.º
12.086/2009. DESCABIMENTO. RECURSO IMPROVIDO. 1. Cuida-se de apelação cível
alvejando sentença que, nos autos de ação de conhecimento, processada sob
o rito comum ordinário, julgou improcedente o pedido de condenação da ré na
obrigação de proceder à implantação, nos proventos da autora, ora recorrente,
da Vantagem Pecuniária Especial (VPE), da Gratificação de Condição Especial de
Função Militar (GCEF) e da Gratificação por Risco de Vida (GRV), bem assim
ao pagamento das parcelas atrasadas, observada a prescrição quinquenal,
sob o fundamento de que os militares inativos e pensionistas do antigo
Distrito Federal somente têm direito à percepção das verbas remuneratórias
previstas na Lei n.º 10.486/2002, inexistindo previsão legal de extensão das
vantagens ora postuladas. 2. A partir da vigência das Leis n.º 3.752/60 e
n.º 5.959/73, a regulamentação e administração do pessoal ativo e inativo,
vinculado ao antigo Distrito Federal, foram transferidas para a esfera do
então Estado da Guanabara. Entretanto, inicialmente, a União permaneceu
arcando com a remuneração e os proventos de inatividade do pessoal lotado
nos serviços transferidos, dentre eles, a Polícia Militar (art. 3.º, §
2.º, da Lei n,º 3.762/60). Posteriormente, a União ficou responsável pelo
pagamento apenas das pensões e dos proventos devidos ao pessoal transferido
para a inatividade até a data da entrada em vigor do Decreto-lei n.º
1.015/69 (art. 2.º, I, da Lei n,º 5.959/73). 3. A Lei n.º 10.486/2002,
que dispõe sobre a remuneração dos militares do atual Distrito Federal,
revogou expressamente a Lei n.º 5.959/73, porém não conferiu isonomia entre
os militares do Distrito Federal e os do antigo Distrito Federal, posto que,
de forma clara, estabeleceu que os Policiais Militares e Bombeiros do antigo
Distrito Federal têm direito às vantagens nos termos nela instituídos. Contudo,
isso não implica dizer que passaram a fazer parte do mesmo regime jurídico
aplicável aos policiais e bombeiros militares do atual Distrito Federal,
com direito eterno ao recebimento das mesmas gratificações destinadas a
estes. 4. De forma alguma pretendeu o legislador estender toda e qualquer
vantagem aos integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do antigo
Distrito Federal, mas somente aquelas expressamente previstas no aludido
diploma legal, visto que, nos termos da Súmula n.º 339 do STF, por analogia,
"Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos 1 sob fundamento de isonomia". Tanto
é assim que a autora, pensionista de militar do antigo Distrito Federal,
recebe vantagens de caráter privativo, não extensíveis aos militares do atual
Distrito Federal, a exemplo da Gratificação Especial de Função Militar -
GEFM e da Gratificação de Incentivo à Função Militar - GFM, instituídas pelo
art. 24 da Medida Provisória n.º 302/2006, convertida na Lei n.º 11.356/2006,
informação essa corroborada pelo contracheque encartado nos autos. 5. A
Vantagem Pecuniária Especial - VPE, instituída pela Lei n.º 11.134/05,
e a Gratificação de Condição de Função Militar (GCEF), criada pela Lei n.º
11.663/2008, são devidas exclusivamente aos militares e pensionistas do Corpo
de Bombeiros e da Polícia Militar do Distrito Federal, não se estendendo aos
militares e pensionistas do antigo Distrito Federal, por ausência de previsão
legal. Precedentes do STJ e desta Corte. 6. A Gratificação por Risco de Vida
(GRV) também foi criada exclusivamente para os militares do atual Distrito
Federal. Dessarte, diante da inexistência de previsão legal de extensão da
aludida vantagem aos militares inativos e pensionistas do antigo Distrito
Federal, bem assim da inexistência de total isonomia remuneratória entre
estes e os militares do atual Distrito Federal, a pretensão autoral também
deve ser rechaçada nesse ponto. 7. Apelação conhecida e improvida.
Data do Julgamento
:
04/11/2016
Data da Publicação
:
10/11/2016
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
6ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA
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