TRF2 0097839-94.2016.4.02.5101 00978399420164025101
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA NÃO REGISTRADO. BEM PENHORADO. SUMULA 84 DO STJ. AFASTADA. AUSÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO DA POSSE. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO- CONFIGURADO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Cuida-se, originariamente, de Embargos de Terceiro opostos
com o objetivo de levantar a medida de indisponibilidade decretada nos
autos do Processo nº 0058515-06.1993.4.02.5101, relativamente ao imóvel
supostamente de propriedade do Embargante, ora Apelante. 2. A sentença de
fls. 44/47, entendeu que, em que pese o conteúdo do Enunciado nº 84 do STJ ("É
admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse
advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro"), o Embargante não comprovou o exercício da posse mansa e pacífica
do bem. 3. Não se desconhece a existência de entendimento jurisprudencial
pacífico no sentido de admitir a posse advinda da celebração de compromisso
de compra e venda (ainda que não tenha sido levado a registro no Cartório
de Registro de Imóveis), como meio hábil a impossibilitar a constrição
judicial de bem imóvel. Nesse sentido é o Enunciado nº 84 da Súmula de
jurisprudência do STJ, litteris: "É admissível a oposição de embargos de
terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.". 4. No entanto, ainda
que se reconheça, em tese, que a ausência de registro do contrato de compra
e venda do imóvel não teria o condão de afastar o direito do Embargante,
para que este direito seja reconhecido no caso concreto faz-se necessária
a efetiva comprovação da posse sobre o imóvel objeto daquele contrato não
registrado, o que não ocorreu na hipótese dos autos. 5. A prova documental
produzida pelos Embargantes nos autos não se revelou suficiente para comprovar
as suas alegações, limitando-se a juntar: i) cópia da escritura de promessa
de compra e venda (fls. 13/16); e ii) da cópia do comprovante de recolhimento
do ITBI (fl. 18). 6. Não foram juntados quaisquer outros documentos hábeis à
comprovar o alegado, como documentos de quitação de impostos, comprovantes
de pagamento de concessionárias de serviço público, dentre outros, não
havendo, portanto, indícios mínimos que comprovem a posse do imóvel pelo
Embargante, de forma que, eventual prova testemunhal seria desnecessária,
afastando-se, assim, a alegação de cerceamento de defesa. 7. Chama a atenção,
outrossim, a ausência de documentos que comprovem a quitação dos débitos
referentes ao contrato particular de compra e venda, conforme previsto em sua
Cláusula Quarta. Dessa forma, a falta de prova da quitação das obrigações do
Embargante, somada à 1 insuficiência das demais provas apresentadas, impede o
reconhecimento da alegada posse decorrente do contrato particular de compra
e venda não registrado. Precedente do STJ e TRF2. 8. Por fim, com relação à
alegação de preclusão consumativa face à apresentação de duas contestações,
concordo com a sentença a quo, identificando a ocorrência de erro material
na hipótese, face à similitude entre os nomes dos irmãos, Embargante e Réu
na ação principal. Mas, de fato, ainda que se desentranhasse a segunda peça,
tal medida em nada alteraria a conclusão do presente, ante à ausência de
indícios mínimos da posse do Embargante. 9. Apelação desprovida.
Ementa
PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA NÃO REGISTRADO. BEM PENHORADO. SUMULA 84 DO STJ. AFASTADA. AUSÊNCIA
DE COMPROVAÇÃO DA POSSE. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO- CONFIGURADO. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Cuida-se, originariamente, de Embargos de Terceiro opostos
com o objetivo de levantar a medida de indisponibilidade decretada nos
autos do Processo nº 0058515-06.1993.4.02.5101, relativamente ao imóvel
supostamente de propriedade do Embargante, ora Apelante. 2. A sentença de
fls. 44/47, entendeu que, em que pese o conteúdo do Enunciado nº 84 do STJ ("É
admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse
advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro"), o Embargante não comprovou o exercício da posse mansa e pacífica
do bem. 3. Não se desconhece a existência de entendimento jurisprudencial
pacífico no sentido de admitir a posse advinda da celebração de compromisso
de compra e venda (ainda que não tenha sido levado a registro no Cartório
de Registro de Imóveis), como meio hábil a impossibilitar a constrição
judicial de bem imóvel. Nesse sentido é o Enunciado nº 84 da Súmula de
jurisprudência do STJ, litteris: "É admissível a oposição de embargos de
terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.". 4. No entanto, ainda
que se reconheça, em tese, que a ausência de registro do contrato de compra
e venda do imóvel não teria o condão de afastar o direito do Embargante,
para que este direito seja reconhecido no caso concreto faz-se necessária
a efetiva comprovação da posse sobre o imóvel objeto daquele contrato não
registrado, o que não ocorreu na hipótese dos autos. 5. A prova documental
produzida pelos Embargantes nos autos não se revelou suficiente para comprovar
as suas alegações, limitando-se a juntar: i) cópia da escritura de promessa
de compra e venda (fls. 13/16); e ii) da cópia do comprovante de recolhimento
do ITBI (fl. 18). 6. Não foram juntados quaisquer outros documentos hábeis à
comprovar o alegado, como documentos de quitação de impostos, comprovantes
de pagamento de concessionárias de serviço público, dentre outros, não
havendo, portanto, indícios mínimos que comprovem a posse do imóvel pelo
Embargante, de forma que, eventual prova testemunhal seria desnecessária,
afastando-se, assim, a alegação de cerceamento de defesa. 7. Chama a atenção,
outrossim, a ausência de documentos que comprovem a quitação dos débitos
referentes ao contrato particular de compra e venda, conforme previsto em sua
Cláusula Quarta. Dessa forma, a falta de prova da quitação das obrigações do
Embargante, somada à 1 insuficiência das demais provas apresentadas, impede o
reconhecimento da alegada posse decorrente do contrato particular de compra
e venda não registrado. Precedente do STJ e TRF2. 8. Por fim, com relação à
alegação de preclusão consumativa face à apresentação de duas contestações,
concordo com a sentença a quo, identificando a ocorrência de erro material
na hipótese, face à similitude entre os nomes dos irmãos, Embargante e Réu
na ação principal. Mas, de fato, ainda que se desentranhasse a segunda peça,
tal medida em nada alteraria a conclusão do presente, ante à ausência de
indícios mínimos da posse do Embargante. 9. Apelação desprovida.
Data do Julgamento
:
13/09/2018
Data da Publicação
:
18/09/2018
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
VICE-PRESIDÊNCIA
Relator(a)
:
REIS FRIEDE
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
REIS FRIEDE
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