TRF2 0101275-04.2015.4.02.5002 01012750420154025002
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. REMESSA NECESSÁRIA. APELAÇÃO. PORTADOR
DE SÍNDROME DE DOWN. FILHO DE SERVIDORA PÚBLICA. HORÁRIO ESPECIAL
SEM COMPENSAÇÃO. ART. 98 § 3º DA LEI 8.112/90. TRATAMENTO
DISCRIMINATÓRIO. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA. ART. 5º, § 3º E ART. 227, AMBOS DA CRFB/88. REMESSA NECESSÁRIA E
RECURSO DO IFES DESPROVIDOS. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. I. A "Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência" versa sobre direitos humanos e visa
garantir condições de vida com dignidade a todas as pessoas que apresentem
alguma deficiência, passando tais direitos a gozar da condição de direitos
fundamentais. II. O artigo 5º, § 3º da CRFB/88, prevê que "os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais". III. O
art. 227 da CRFB/88 assegura às pessoas portadoras de deficiência física,
sensorial ou mental, a integração social e a eliminação de todas as formas
de discriminação. IV. A redução da carga horária, conforme § 3º do art. 98
da Lei 8.112/90, a qual exige a compensação de horários, confere tratamento
discriminatório ao portador de deficiência sob os cuidados do servidor
se comparado ao §2º do mesmo artigo, quando ele próprio é o portador da
incapacidade, estabelecendo um injustificável tratamento preferencial ao
adulto com deficiência em relação à criança com a mesma limitação. V. Os
cuidados especializados, referentes ao portador de Síndrome de Down, demandam
custo elevado, o que torna inviável a redução proporcional da remuneração de
sua mãe, servidora pública, considerando que tal encargo poderia, até mesmo,
agravar ou impossibilitar a continuidade de seu tratamento. VI. Apelação da
autarquia pública federal e remessa necessária desprovidas. VII. Apelação
da autora provida.
Ementa
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. REMESSA NECESSÁRIA. APELAÇÃO. PORTADOR
DE SÍNDROME DE DOWN. FILHO DE SERVIDORA PÚBLICA. HORÁRIO ESPECIAL
SEM COMPENSAÇÃO. ART. 98 § 3º DA LEI 8.112/90. TRATAMENTO
DISCRIMINATÓRIO. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA. ART. 5º, § 3º E ART. 227, AMBOS DA CRFB/88. REMESSA NECESSÁRIA E
RECURSO DO IFES DESPROVIDOS. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. I. A "Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência" versa sobre direitos humanos e visa
garantir condições de vida com dignidade a todas as pessoas que apresentem
alguma deficiência, passando tais direitos a gozar da condição de direitos
fundamentais. II. O artigo 5º, § 3º da CRFB/88, prevê que "os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais". III. O
art. 227 da CRFB/88 assegura às pessoas portadoras de deficiência física,
sensorial ou mental, a integração social e a eliminação de todas as formas
de discriminação. IV. A redução da carga horária, conforme § 3º do art. 98
da Lei 8.112/90, a qual exige a compensação de horários, confere tratamento
discriminatório ao portador de deficiência sob os cuidados do servidor
se comparado ao §2º do mesmo artigo, quando ele próprio é o portador da
incapacidade, estabelecendo um injustificável tratamento preferencial ao
adulto com deficiência em relação à criança com a mesma limitação. V. Os
cuidados especializados, referentes ao portador de Síndrome de Down, demandam
custo elevado, o que torna inviável a redução proporcional da remuneração de
sua mãe, servidora pública, considerando que tal encargo poderia, até mesmo,
agravar ou impossibilitar a continuidade de seu tratamento. VI. Apelação da
autarquia pública federal e remessa necessária desprovidas. VII. Apelação
da autora provida.
Data do Julgamento
:
03/06/2016
Data da Publicação
:
08/06/2016
Classe/Assunto
:
APELREEX - Apelação / Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e
do Trabalho
Órgão Julgador
:
5ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO
Mostrar discussão