TRF2 0102869-44.2015.4.02.5005 01028694420154025005
EMBARGOS À EXECUÇÃO. DEFENSOR DATIVO NOMEADO EM AÇÃO PENAL
ELEITORAL. AUSÊNCIA DE DEFENSORIA PÚBLICA NA COMARCA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO. CRITÉRIO DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. LEI 11.960/2009. APLICABILIDADE. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1
- Inicialmente, é de se afastar a preliminar de incompetência suscitada pela
UNIÃO. Assim porque, a regra de competência fixada constitucionalmente deve
prevalecer sobre a regra fixada em regra meramente processual. Precedentes da
2ª Seção do STJ. CC 17.924/PA, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 08/09/1999, DJ 17/12/1999, p. 314; CC 17.897/SC, Rel. Ministro
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/11/1998, DJ
02/08/1999, p. 127. 2 - Seguindo a mesma premissa, de acordo com a orientação
da 1ª Seção do STJ, fixados honorários em favor de defensor dativo, no âmbito
da justiça trabalhista, a competência para a execução correspondente seria
da justiça comum, estadual (v. CC 113.403/ES, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe
11/11/2010, CC 111.290/ES, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 20/10/2010,
e não da justiça laboral. Com base em tais precedentes, existe decisão
monocrática, da mesma Corte, que se amolda com perfeição ao caso presente,
que é idêntico, envolvendo honorários fixados em favor de advogado dativo,
em desfavor da UNIÃO, no âmbito da justiça eleitoral. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Nº 137.131 - PE (2014/0305073-4) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
SUSCITANTE : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5A REGIÃO SUSCITADO: JUÍZO DA 18A
ZONA ELEITORAL DE PORTO DA FOLHA - SE. 11 de junho de 2015. 3 - Verifica-se
do processo eletrônico de execução que a pretensão executória se ampara em
sentença proferida por juiz eleitoral, que julgou improcedente representação
formulada pelo Ministério Público Eleitoral, condenando a UNIÃO em honorários
advocatícios, em favor de advogado dativo, que funcionou nos autos em favor
da parte ré. De acordo com a sentença, não há Defensoria Pública Federal que
atue na Comarca em que tramitou o feito. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO
RELATOR (Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 18/06/2015. 4 - A jurisprudência
dos Tribunais Regionais Federais se orienta no sentido de 1 que, em tal
situação, a UNIÃO deve ser a responsável pelos honorários advocatícios, eis
que sucumbente o Ministério Público Eleitoral. Com efeito, houve atuação de
um advogado dativo que faz jus aos correspondentes honorários, constituindo
a sentença que os arbitrou título executivo judicial. Precedentes. AC
00005757020154013604, DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES, TRF1 - QUINTA
TURMA, e-DJF1 DATA:13/09/2016; AC 00042289620134058500, Desembargador
Federal Manoel Erhardt, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::10/09/2015;
AC 00025877320134058500, Desembargador Federal José Maria Lucena, TRF5 -
Primeira Turma. 5 - Assim, não procedem os questionamentos formulados nos 5
(cinco) primeiros itens da apelação, conforme Relatório. Já merece acolhida
a irresignação relativa à correção monetária, eis que o Contador utilizou
o IPCA-E, conforme se pode verificar do demonstrativo de fl. 23, tendo
desconsiderado, assim, o disposto na Lei 11.960/2009. Com relação à Lei
11.960/2009, o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 870.947/SE,
da relatoria do Ministro LUIZ FUX, submetido à repercussão geral, julgado
no dia 16/04/2015, estabeleceu os parâmetros para a fixação dos juros e
da atualização monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública. Na
oportunidade, o Ministro LUIZ FUX consignou que o Plenário do STF, no
julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, julgou inconstitucional a fixação
dos juros moratórios com base na TR apenas quanto aos débitos de natureza
tributária. Com isso, asseverou que, em relação aos juros de mora incidentes
sobre condenações oriundas de relação jurídica não tributária, aplicam-se
as disposições contidas no artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/2009. 6 - O Ministro LUIZ FUX também esclareceu
que o Plenário do STF, no julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, declarou
a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97,
com redação dada pela Lei nº 11.960/2009, apenas na parte em que a TR era
utilizada como índice de atualização monetária de precatórios e de RPVs. Já
na parte em que rege a atualização monetária das condenações impostas à
Fazenda Pública (entre o dano efetivo/ajuizamento da demanda e a condenação),
o artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97 continua em pleno vigor, na medida em que não
foi objeto de pronunciamento expresso quanto à sua constitucionalidade. 7 -
Apelação parcialmente provida.
Ementa
EMBARGOS À EXECUÇÃO. DEFENSOR DATIVO NOMEADO EM AÇÃO PENAL
ELEITORAL. AUSÊNCIA DE DEFENSORIA PÚBLICA NA COMARCA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. PAGAMENTO. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO. CRITÉRIO DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. LEI 11.960/2009. APLICABILIDADE. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1
- Inicialmente, é de se afastar a preliminar de incompetência suscitada pela
UNIÃO. Assim porque, a regra de competência fixada constitucionalmente deve
prevalecer sobre a regra fixada em regra meramente processual. Precedentes da
2ª Seção do STJ. CC 17.924/PA, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 08/09/1999, DJ 17/12/1999, p. 314; CC 17.897/SC, Rel. Ministro
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 25/11/1998, DJ
02/08/1999, p. 127. 2 - Seguindo a mesma premissa, de acordo com a orientação
da 1ª Seção do STJ, fixados honorários em favor de defensor dativo, no âmbito
da justiça trabalhista, a competência para a execução correspondente seria
da justiça comum, estadual (v. CC 113.403/ES, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe
11/11/2010, CC 111.290/ES, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 20/10/2010,
e não da justiça laboral. Com base em tais precedentes, existe decisão
monocrática, da mesma Corte, que se amolda com perfeição ao caso presente,
que é idêntico, envolvendo honorários fixados em favor de advogado dativo,
em desfavor da UNIÃO, no âmbito da justiça eleitoral. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Nº 137.131 - PE (2014/0305073-4) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
SUSCITANTE : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5A REGIÃO SUSCITADO: JUÍZO DA 18A
ZONA ELEITORAL DE PORTO DA FOLHA - SE. 11 de junho de 2015. 3 - Verifica-se
do processo eletrônico de execução que a pretensão executória se ampara em
sentença proferida por juiz eleitoral, que julgou improcedente representação
formulada pelo Ministério Público Eleitoral, condenando a UNIÃO em honorários
advocatícios, em favor de advogado dativo, que funcionou nos autos em favor
da parte ré. De acordo com a sentença, não há Defensoria Pública Federal que
atue na Comarca em que tramitou o feito. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO
RELATOR (Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 18/06/2015. 4 - A jurisprudência
dos Tribunais Regionais Federais se orienta no sentido de 1 que, em tal
situação, a UNIÃO deve ser a responsável pelos honorários advocatícios, eis
que sucumbente o Ministério Público Eleitoral. Com efeito, houve atuação de
um advogado dativo que faz jus aos correspondentes honorários, constituindo
a sentença que os arbitrou título executivo judicial. Precedentes. AC
00005757020154013604, DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES, TRF1 - QUINTA
TURMA, e-DJF1 DATA:13/09/2016; AC 00042289620134058500, Desembargador
Federal Manoel Erhardt, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::10/09/2015;
AC 00025877320134058500, Desembargador Federal José Maria Lucena, TRF5 -
Primeira Turma. 5 - Assim, não procedem os questionamentos formulados nos 5
(cinco) primeiros itens da apelação, conforme Relatório. Já merece acolhida
a irresignação relativa à correção monetária, eis que o Contador utilizou
o IPCA-E, conforme se pode verificar do demonstrativo de fl. 23, tendo
desconsiderado, assim, o disposto na Lei 11.960/2009. Com relação à Lei
11.960/2009, o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 870.947/SE,
da relatoria do Ministro LUIZ FUX, submetido à repercussão geral, julgado
no dia 16/04/2015, estabeleceu os parâmetros para a fixação dos juros e
da atualização monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública. Na
oportunidade, o Ministro LUIZ FUX consignou que o Plenário do STF, no
julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, julgou inconstitucional a fixação
dos juros moratórios com base na TR apenas quanto aos débitos de natureza
tributária. Com isso, asseverou que, em relação aos juros de mora incidentes
sobre condenações oriundas de relação jurídica não tributária, aplicam-se
as disposições contidas no artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/2009. 6 - O Ministro LUIZ FUX também esclareceu
que o Plenário do STF, no julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, declarou
a inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97,
com redação dada pela Lei nº 11.960/2009, apenas na parte em que a TR era
utilizada como índice de atualização monetária de precatórios e de RPVs. Já
na parte em que rege a atualização monetária das condenações impostas à
Fazenda Pública (entre o dano efetivo/ajuizamento da demanda e a condenação),
o artigo 1ºF da Lei nº 9.494/97 continua em pleno vigor, na medida em que não
foi objeto de pronunciamento expresso quanto à sua constitucionalidade. 7 -
Apelação parcialmente provida.
Data do Julgamento
:
24/03/2017
Data da Publicação
:
29/03/2017
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
5ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES
Mostrar discussão