TRF2 0107518-98.2014.4.02.5001 01075189820144025001
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A
TERCEIROS. REPETIÇÃO NA VIA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBLIDADE. REGIME
GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. INOCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AMBOS OS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO DESPROVIDOS. 1. Os aclaratórios, segundo o artigo 1022 do CPC/15,
são um recurso chamado de fundamentação vinculada, restrito a situações em que
é manifesta a incidência do julgado em obscuridade, contradição ou omissão,
admitindo-se também a sua utilização para a correção de inexatidões materiais
e, ainda com um pouco mais de liberalidade, para reconsideração ou reforma
de decisões manifestamente equivocadas. 2. Da leitura do v. acórdão e do
respectivo voto condutor, verifica-se, de forma clara, o entendimento de que
não incide a contribuição previdenciária patronal sobre os quinze primeiros
dias de afastamento do empregado por motivo de doença, adicional constitucional
de férias e aviso prévio indenizado; e incide sobre o décimo terceiros salário
pago proporcional ao aviso prévio indenizado. In casu, o parâmetro utilizado
para não incidência da contribuição previdenciária patronal foi a natureza
não remuneratória, indenizatória ou compensatória das rubricas questionadas;
e para a incidência foi a natureza salarial da verba posta em questão,
nos termos da jurisprudência pacífica do Colendo STJ. 3. A compensação deve
ser efetivamente realizada na esfera administrativa, eis que cabe ao Poder
Judiciário apenas reconhecer este direito ou não. A 1 impetrante terá que
se submeter aos procedimentos administrativos da Receita Federal do Brasil -
SRFB, onde será verificada a eventualidade, ou não, de tais pagamentos. 4. O
pedido formulado nos presentes autos não enseja obrigação de pagar, e nem
seria o caso, porquanto o mandado de segurança não é sucedâneo de ação de
cobrança, dessa forma, a devolução dos valores pagos indevidamente devem
ser reclamados administrativamente, sem a interferência judicial, ou pelas
vias ordinárias (STF, Súmulas 269 e 271). Por tais fundamentos, não cabe a
concessão de ordem para que restituição dos valores recolhidos indevidamente
ocorra na via administrativa. 5. Quanto à cláusula de reserva de plenário, o
artigo 97 da Constituição da República, ao estatuir que os Tribunais poderão
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público
somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial, deve ser interpretado de forma restritiva. 6. O
sistema jurídico vigente permite o controle difuso da constitucionalidade,
podendo-se afastar a eficácia de lei ou ato normativo, independentemente do
controle direto feito pelo Supremo Tribunal Federal. A aplicação da lei, de
maneira harmônica com a Constituição, não depende da manifestação plenária dos
Tribunais, podendo ser concretizada pelos órgãos fracionários. 7. Por ocasião
do julgamento, esta Egrégia Corte apenas examinou matéria constitucional,
reflexamente, tendo decidido que não incide a contribuição previdenciária
sobre as verbas questionadas. 8. A jurisprudência é no sentido de que o
magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pelas
partes, se os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar
a decisão. Precedentes do STJ. 9. O recurso interposto, ainda que com o fim
de prequestionamento, deve observância ao artigo 1022 do CPC/15, não sendo
recurso hábil ao reexame da causa, conforme pretende a embargante. 10. Ambos
os embargos de declaração desprovidos.
Ementa
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A
TERCEIROS. REPETIÇÃO NA VIA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBLIDADE. REGIME
GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. INOCORRÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AMBOS OS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO DESPROVIDOS. 1. Os aclaratórios, segundo o artigo 1022 do CPC/15,
são um recurso chamado de fundamentação vinculada, restrito a situações em que
é manifesta a incidência do julgado em obscuridade, contradição ou omissão,
admitindo-se também a sua utilização para a correção de inexatidões materiais
e, ainda com um pouco mais de liberalidade, para reconsideração ou reforma
de decisões manifestamente equivocadas. 2. Da leitura do v. acórdão e do
respectivo voto condutor, verifica-se, de forma clara, o entendimento de que
não incide a contribuição previdenciária patronal sobre os quinze primeiros
dias de afastamento do empregado por motivo de doença, adicional constitucional
de férias e aviso prévio indenizado; e incide sobre o décimo terceiros salário
pago proporcional ao aviso prévio indenizado. In casu, o parâmetro utilizado
para não incidência da contribuição previdenciária patronal foi a natureza
não remuneratória, indenizatória ou compensatória das rubricas questionadas;
e para a incidência foi a natureza salarial da verba posta em questão,
nos termos da jurisprudência pacífica do Colendo STJ. 3. A compensação deve
ser efetivamente realizada na esfera administrativa, eis que cabe ao Poder
Judiciário apenas reconhecer este direito ou não. A 1 impetrante terá que
se submeter aos procedimentos administrativos da Receita Federal do Brasil -
SRFB, onde será verificada a eventualidade, ou não, de tais pagamentos. 4. O
pedido formulado nos presentes autos não enseja obrigação de pagar, e nem
seria o caso, porquanto o mandado de segurança não é sucedâneo de ação de
cobrança, dessa forma, a devolução dos valores pagos indevidamente devem
ser reclamados administrativamente, sem a interferência judicial, ou pelas
vias ordinárias (STF, Súmulas 269 e 271). Por tais fundamentos, não cabe a
concessão de ordem para que restituição dos valores recolhidos indevidamente
ocorra na via administrativa. 5. Quanto à cláusula de reserva de plenário, o
artigo 97 da Constituição da República, ao estatuir que os Tribunais poderão
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público
somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial, deve ser interpretado de forma restritiva. 6. O
sistema jurídico vigente permite o controle difuso da constitucionalidade,
podendo-se afastar a eficácia de lei ou ato normativo, independentemente do
controle direto feito pelo Supremo Tribunal Federal. A aplicação da lei, de
maneira harmônica com a Constituição, não depende da manifestação plenária dos
Tribunais, podendo ser concretizada pelos órgãos fracionários. 7. Por ocasião
do julgamento, esta Egrégia Corte apenas examinou matéria constitucional,
reflexamente, tendo decidido que não incide a contribuição previdenciária
sobre as verbas questionadas. 8. A jurisprudência é no sentido de que o
magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pelas
partes, se os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar
a decisão. Precedentes do STJ. 9. O recurso interposto, ainda que com o fim
de prequestionamento, deve observância ao artigo 1022 do CPC/15, não sendo
recurso hábil ao reexame da causa, conforme pretende a embargante. 10. Ambos
os embargos de declaração desprovidos.
Data do Julgamento
:
09/11/2017
Data da Publicação
:
14/11/2017
Classe/Assunto
:
APELREEX - Apelação / Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e
do Trabalho
Órgão Julgador
:
4ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
FERREIRA NEVES
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
FERREIRA NEVES
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