TRF2 0108235-78.2014.4.02.0000 01082357820144020000
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. GRUPO ECONÔMICO. CONFUSÃO PATRIMONIAL. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL E ART. 124, I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL. RENAJUD. BLOQUEIO DE FROTA DE ÔNIBUS. BACENJUD. MEDIDA CONSTRITIVA
PRIORITÁRIA. RECURSOS REPETITIVOS Nº 1.184.765 E Nº 1.112.943. 1. Agravo
de instrumento interposto por ITAJAÍ TRANSPORTES COLETIVOS LTDA contra
decisão que determinou a inclusão no polo passivo daquela ação de Itajaí
Transportes Coletivos Ltda., Lorena Portela Redighieri, Camila Portela
Redighieri, Isabella Portela Redighieri, Joubert Belumoni, bem como, ad
cautelam, a realização da penhora pelos sistemas BACENJUD e RENAJUD. 2. A
decisão agravada está suficientemente fundamentada no reconhecimento da
existência de grupo econômico, em razão do exercício de atividade sob a
mesma unidade gerencial, explorando o mesmo ramo empresarial, com objetos
sociais idênticos ou relacionados, havendo identidade de sócios. Vê-se que são
apontados elementos indiciários da confusão patrimonial que caracteriza abuso
da personalidade jurídica, que, por sua vez, autoriza a desconsideração da
personalidade jurídica e consequente inclusão da agravante no polo passivo
(art. 50, do Código Civil). 3. O E. Superior Tribunal de Justiça já se
manifestou em diversas oportunidades no sentido da possibilidade de atingir,
com a desconsideração da personalidade jurídica, empresa pertencente ao
mesmo grupo, quando evidente que a estrutura deste é meramente formal,
sendo possível, ainda, a desconstituição no bojo do processo executivo,
independente de ação própria. Precedentes: REsp 1071643/DF, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/04/2009, DJ de 13/04/2009;
REsp 968.564/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado
em 18/12/2008, DJ de 02/03/2009). 4. O E. Superior Tribunal de Justiça
consolidou o entendimento no sentido de que, com a edição da Lei nº 11.382/06,
a penhora eletrônica é medida prioritária, dispensando qualquer procedimento
prévio de busca de outros bens, conforme se lê no julgamento do Repetitivo
RESP nº 1.112.943-MA, cujo excerto da ementa assentou que "após o advento
da referida lei, o juiz, ao decidir sobre a realização da penhora online,
não pode mais exigir do credor prova de exaurimento das vias extrajudiciais
na busca de bens a serem penhorados." 5. O Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Repetitivo REsp 1.184.765/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010, submetido à sistemática do
art. 543- C do Código de Processo Civil, enfatizou que "a utilização do
Sistema BACEN-JUD, no período posterior 1 à vacatio legis da Lei 11.382/2006
(21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências extrajudiciais, por
parte do exequente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de depósitos
ou aplicações financeiras". Ademais, no referido julgado, restou reconhecida a
possibilidade de o magistrado, com base no poder geral de cautela, determinar
o arresto prévio, independente citação. 6. Agravo de instrumento ao qual se
nega provimento.
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. GRUPO ECONÔMICO. CONFUSÃO PATRIMONIAL. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA. ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL E ART. 124, I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL. RENAJUD. BLOQUEIO DE FROTA DE ÔNIBUS. BACENJUD. MEDIDA CONSTRITIVA
PRIORITÁRIA. RECURSOS REPETITIVOS Nº 1.184.765 E Nº 1.112.943. 1. Agravo
de instrumento interposto por ITAJAÍ TRANSPORTES COLETIVOS LTDA contra
decisão que determinou a inclusão no polo passivo daquela ação de Itajaí
Transportes Coletivos Ltda., Lorena Portela Redighieri, Camila Portela
Redighieri, Isabella Portela Redighieri, Joubert Belumoni, bem como, ad
cautelam, a realização da penhora pelos sistemas BACENJUD e RENAJUD. 2. A
decisão agravada está suficientemente fundamentada no reconhecimento da
existência de grupo econômico, em razão do exercício de atividade sob a
mesma unidade gerencial, explorando o mesmo ramo empresarial, com objetos
sociais idênticos ou relacionados, havendo identidade de sócios. Vê-se que são
apontados elementos indiciários da confusão patrimonial que caracteriza abuso
da personalidade jurídica, que, por sua vez, autoriza a desconsideração da
personalidade jurídica e consequente inclusão da agravante no polo passivo
(art. 50, do Código Civil). 3. O E. Superior Tribunal de Justiça já se
manifestou em diversas oportunidades no sentido da possibilidade de atingir,
com a desconsideração da personalidade jurídica, empresa pertencente ao
mesmo grupo, quando evidente que a estrutura deste é meramente formal,
sendo possível, ainda, a desconstituição no bojo do processo executivo,
independente de ação própria. Precedentes: REsp 1071643/DF, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/04/2009, DJ de 13/04/2009;
REsp 968.564/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado
em 18/12/2008, DJ de 02/03/2009). 4. O E. Superior Tribunal de Justiça
consolidou o entendimento no sentido de que, com a edição da Lei nº 11.382/06,
a penhora eletrônica é medida prioritária, dispensando qualquer procedimento
prévio de busca de outros bens, conforme se lê no julgamento do Repetitivo
RESP nº 1.112.943-MA, cujo excerto da ementa assentou que "após o advento
da referida lei, o juiz, ao decidir sobre a realização da penhora online,
não pode mais exigir do credor prova de exaurimento das vias extrajudiciais
na busca de bens a serem penhorados." 5. O Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do Repetitivo REsp 1.184.765/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010, submetido à sistemática do
art. 543- C do Código de Processo Civil, enfatizou que "a utilização do
Sistema BACEN-JUD, no período posterior 1 à vacatio legis da Lei 11.382/2006
(21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências extrajudiciais, por
parte do exequente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de depósitos
ou aplicações financeiras". Ademais, no referido julgado, restou reconhecida a
possibilidade de o magistrado, com base no poder geral de cautela, determinar
o arresto prévio, independente citação. 6. Agravo de instrumento ao qual se
nega provimento.
Data do Julgamento
:
27/07/2017
Data da Publicação
:
03/08/2017
Classe/Assunto
:
AG - Agravo de Instrumento - Agravos - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
4ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
FABIOLA UTZIG HASELOF
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
FABIOLA UTZIG HASELOF
Observações
:
Despacho de fl.94. Despacho de 405.
Mostrar discussão