TRF2 0115491-61.2015.4.02.5101 01154916120154025101
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ILEGITIMIDADE ATIVA DA PARTE. PEDIDO DE READEQUAÇÃO
DO VALOR DO BENEFÍCIO DO MARIDO DA AUTORA AOS TETOS CRIADOS PELAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS NºS 20/98 E 41/03. PRELIMINAR DE AFASTAMENTO DA GRATUIDADE
DE JUSTIÇA NÃO ACOLHIDA. INEXISTÊNCIA DE VALOR AUTORIZADO E NÃO RECEBIDO
EM VIDA PELO SEGURADO OU DE QUALQUER REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO OU AÇÃO
AJUIZADA EM VIDA PELO FALECIDO SEGURADO POSTULANDO O DIREITO. CASO QUE NÃO
SE ENQUADRA NA PREVISÃO DE QUE TRATA O ART. 112 DA LEI Nº 8.213/91. AUSÊNCIA
DE CONDIÇÃO DA AÇÃO. EXTINÇÃO PELO ART. 485, VI, DO CPC. APELAÇÃO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. Preliminarmente, fica mantida a parte da sentença em que
foi sobrestada a condenação ao pagamento das custas, pois está em sintonia
com o artigo 98, § 3º, da lei processual civil, cabendo à parte contrária
afastar a presunção criada pelo § 3º, exercitando o contraditório nos termos
do art. 100, sendo que as razões apresentadas pelo INSS, principalmente
após a contestação da impugnação pela autora, não foram suficientes para
determinar a revogação da gratuidade deferida, razão pela qual filio-me ao
entendimento manifestado pelo i. representante do Ministério Público Federal,
pela confirmação do benefício da gratuidade. 1 2. Cuida-se de apelação contra
sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, em que pretendia a
autora a readequação do benefício que recebia o segurado, falecido marido da
autora, para receber os valores de diferenças decorrentes do reenquadramento
da aposentadoria de que ele era titular, aos tetos criados pelas Emendas
Constitucionais nºs 20/98 e 41/03. 3. Para que se possa ocupar o pólo ativo
da lide, é necessário, em regra, ser titular do direito subjetivo material em
relação ao qual se reveste a tutela pretendida, enquanto que o pólo passivo
deve ser ocupado por quem detém a obrigação legal correspondente. Neste caso,
o titular do direito era o marido da autora, segurado falecido, o qual em vida,
jamais requereu administrativamente ou ajuizou ação pleiteando a readequação
do valor do benefício aos tetos criados pelas Emendas Constitucionais
nºs 20/98 e 41/03 e o pagamento de diferenças. 4. O caso concreto não se
enquadra na hipótese de que trata o art. 112 da Lei nº 8.213/91, pois o que
o dispositivo garante é que os dependentes previdenciários do segurado ou,
na falta deles, seus sucessores na forma da lei civil, têm legitimidade
para requererem o "valor não recebido em vida pelo segurado", o que permite
o ajuizamento de ação judicial buscando importâncias não recebidas em vida
por ele, mas já integradas ao patrimônio do de cujus, bem como que possam
sucedê-lo nos pleitos administrativos ou judiciais que tivesse, em vida,
postulado, o que não é a hipótese dos autos. 5. Correta, pois, a sentença
que apontou a ilegitimidade ativa de terceiro não habilitado a postular em
Juízo, em nome próprio, direito alheio, importando em ausência de condição
da ação, e por conseguinte, à extinção do feito, sem resolução do mérito,
com base no art. 485, VI, do CPC/2015 (já vigente à época da prolação da
sentença). 6. Apelação a que se nega provimento. 2
Ementa
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ILEGITIMIDADE ATIVA DA PARTE. PEDIDO DE READEQUAÇÃO
DO VALOR DO BENEFÍCIO DO MARIDO DA AUTORA AOS TETOS CRIADOS PELAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS NºS 20/98 E 41/03. PRELIMINAR DE AFASTAMENTO DA GRATUIDADE
DE JUSTIÇA NÃO ACOLHIDA. INEXISTÊNCIA DE VALOR AUTORIZADO E NÃO RECEBIDO
EM VIDA PELO SEGURADO OU DE QUALQUER REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO OU AÇÃO
AJUIZADA EM VIDA PELO FALECIDO SEGURADO POSTULANDO O DIREITO. CASO QUE NÃO
SE ENQUADRA NA PREVISÃO DE QUE TRATA O ART. 112 DA LEI Nº 8.213/91. AUSÊNCIA
DE CONDIÇÃO DA AÇÃO. EXTINÇÃO PELO ART. 485, VI, DO CPC. APELAÇÃO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. 1. Preliminarmente, fica mantida a parte da sentença em que
foi sobrestada a condenação ao pagamento das custas, pois está em sintonia
com o artigo 98, § 3º, da lei processual civil, cabendo à parte contrária
afastar a presunção criada pelo § 3º, exercitando o contraditório nos termos
do art. 100, sendo que as razões apresentadas pelo INSS, principalmente
após a contestação da impugnação pela autora, não foram suficientes para
determinar a revogação da gratuidade deferida, razão pela qual filio-me ao
entendimento manifestado pelo i. representante do Ministério Público Federal,
pela confirmação do benefício da gratuidade. 1 2. Cuida-se de apelação contra
sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, em que pretendia a
autora a readequação do benefício que recebia o segurado, falecido marido da
autora, para receber os valores de diferenças decorrentes do reenquadramento
da aposentadoria de que ele era titular, aos tetos criados pelas Emendas
Constitucionais nºs 20/98 e 41/03. 3. Para que se possa ocupar o pólo ativo
da lide, é necessário, em regra, ser titular do direito subjetivo material em
relação ao qual se reveste a tutela pretendida, enquanto que o pólo passivo
deve ser ocupado por quem detém a obrigação legal correspondente. Neste caso,
o titular do direito era o marido da autora, segurado falecido, o qual em vida,
jamais requereu administrativamente ou ajuizou ação pleiteando a readequação
do valor do benefício aos tetos criados pelas Emendas Constitucionais
nºs 20/98 e 41/03 e o pagamento de diferenças. 4. O caso concreto não se
enquadra na hipótese de que trata o art. 112 da Lei nº 8.213/91, pois o que
o dispositivo garante é que os dependentes previdenciários do segurado ou,
na falta deles, seus sucessores na forma da lei civil, têm legitimidade
para requererem o "valor não recebido em vida pelo segurado", o que permite
o ajuizamento de ação judicial buscando importâncias não recebidas em vida
por ele, mas já integradas ao patrimônio do de cujus, bem como que possam
sucedê-lo nos pleitos administrativos ou judiciais que tivesse, em vida,
postulado, o que não é a hipótese dos autos. 5. Correta, pois, a sentença
que apontou a ilegitimidade ativa de terceiro não habilitado a postular em
Juízo, em nome próprio, direito alheio, importando em ausência de condição
da ação, e por conseguinte, à extinção do feito, sem resolução do mérito,
com base no art. 485, VI, do CPC/2015 (já vigente à época da prolação da
sentença). 6. Apelação a que se nega provimento. 2
Data do Julgamento
:
17/07/2017
Data da Publicação
:
21/07/2017
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
1ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
ABEL GOMES
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
ABEL GOMES
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