TRF2 0117892-42.2015.4.02.5001 01178924220154025001
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPENSAÇÃO. ADEQUAÇÃO DA
VIA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. LEI COMPLEMENTAR
Nº 118/2005. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-MATERNIDADE. VERBAS
RECEBIDAS NOS 15 DIAS ANTECEDENTES AO DEFERIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA
E DO AUXÍLIO-ACIDENTE. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. AVISO
PRÉVIO INDENIZADO. FÉRIAS GOZADAS. HORAS-EXTRAS E ADICIONAIS NOTURNO,
DE PERICULOSIDADE E DE INSALUBRIDADE. AUXÍLIO-CRECHE. AUXÍLIO CESTA-
ALIMENTAÇÃO. VALE-ALIMENTAÇÃO. VALE TRANSPORTE. TAXA SELIC. LEI Nº
11.457/2007. EXIGÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. INTELIGÊNCIA DO ART. 170
-A DO CTN. 1. O pedido de declaração do direito à compensação de créditos
tributários pode ser formulado através de mandado de segurança, a teor do
que reza o enunciado da Súmula nº 213 do STJ, segundo a qual "O mandado de
segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária", sendo inaplicáveis ao caso os enunciados das Súmulas nº 269
e 271 do STF. 2. Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no RESP nº
1122126, rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, "a declaração eventualmente
obtida no provimento mandamental possibilita, também, o aproveitamento de
créditos anteriores ao ajuizamento da impetração, desde que não atingidos
pela prescrição". 3. " O mandado de segurança que visa à obtenção do direito à
compensação de tributos indevidamente recolhidos, por seu caráter preventivo,
não está sujeito a prazo decadencial para sua impetração". (STJ, 2ª Turma,
AgRg no REsp 1329765, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 18/03/2013). 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 566.621/RS,
em repercussão geral, rel. Min. Ellen Gracie, firmou entendimento de que
para as ações ajuizadas após a vacatio da Lei Complementar nº 118/2005
o prazo é de 5 (cinco) anos. 5. No caso em exame, a ação foi proposta
após a vacatio da Lei Complementar nº 118/2005, devendo ser aplicada a
prescrição quinquenal, razão pela qual estão prescritos todos os créditos
referentes aos recolhimentos indevidos ocorridos no quinquênio anterior ao
ajuizamento da ação. 6. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça,
no julgamento do REsp nº 1.230.957/RS, submetido ao regime do recurso
repetitivo, firmou entendimento no sentido de que não incide a contribuição
previdenciária sobre as verbas pagas a título de terço constitucional de
férias gozadas, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado, nos
casos de auxílio-doença 1 e do auxílio-acidente, e aviso prévio indenizado,
e que, em relação à verba paga a título de salário-maternidade, incide
a contribuição previdenciária. 7. "O pagamento de férias gozadas possui
natureza remuneratória e salarial, nos termos do art. 148 da CLT, e integra o
salário-de-contribuição. Precedentes do STJ: AgRg no AREsp 138.628/AC, Segunda
Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 29/04/2014; AgRg no REsp 1.355.135/RS,
Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 27/2/2013; AgRg no Ag
1.426.580/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 12/4/12; AgRg no
Ag 1.424.039/DF, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 21/10/2011" (STJ,
AgRg no REsp 1.437.562/PR, Rel. Min. Mauro Campbell, Segunda Turma, julgado em
05/06/2014, DJe 11/06/2014). 8. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o
entendimento no sentido de que o auxílio-creche possui caráter indenizatório e
não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. 9. No julgamento
do REsp nº 1.358.281/SP, submetido ao regime do recurso repetitivo, a Primeira
Seção do STJ decidiu que incide a contribuição previdenciária sobre as verbas
pagas a título de horas-extras e seu respectivo adicional, adicionais noturno
e de periculosidade. 10. Apesar de o aludido Recurso Especial não ter tratado
da verba paga a título de adicional de insalubridade, deve ser aplicada a
mesma sistemática do julgado do Superior Tribunal de Justiça, na medida em
que o adicional de insalubridade nada mais é do que a contraprestação por
um trabalho realizado pelo empregado em condições especiais, ostentando,
portanto, natureza remuneratória, e sujeitando-se, também, à incidência da
contribuição previdenciária. 11. Não incide a contribuição previdenciária
sobre o auxílio cesta-alimentação estabelecido em acordo ou convenção
coletiva de trabalho, ante a sua natureza indenizatória (Precedente do
STJ). 12. O pagamento in natura do auxílio-alimentação, isto é, quando a
própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da
contribuição previdenciária, por não constituir natureza salarial, esteja o
empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Por
outro lado, as parcelas referentes ao auxílio-alimentação pagas em pecúnia,
em virtude do caráter habitual e remuneratório, integram a base de cálculo
da contribuição previdenciária, conforme precedentes do Superior Tribunal de
Justiça. No caso em tela, a impetrante não esclareceu de que forma é feito
o pagamento do auxílio-alimentação aos seus empregados, se in natura ou em
pecúnia, razão pela qual deve incidir a contribuição previdenciária sobre a
referida verba. 13. Não há incidência da contribuição previdenciária sobre as
verbas relativas ao vale- transporte, ainda que pagas em dinheiro, tendo em
vista seu caráter não remuneratório. Precedentes do Supremo Tribunal Federal
e do Superior Tribunal de Justiça. 14. Os créditos a serem compensados são
posteriores à vigência da Lei nº 9.250/95, incidindo apenas a taxa SELIC,
que abrange correção monetária e juros, e terão como termo a quo a
data do pagamento indevido (art. 38, § 4º, da Lei nº 9.250/95). 15. A
presente ação foi proposta após a vigência da Lei nº 11.457/2007, pelo
que a compensação tributária só poderá efetivar-se com créditos da mesma
espécie. 16. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de recurso
submetido à sistemática repetitiva, firmou entendimento no sentido de
ser aplicável a regra do art. 170-A do CTN, que veda a compensação de
tributo anteriormente ao trânsito em julgado da sentença (REsp 1167039/DF,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki). 17. A presente demanda foi proposta após
a edição da Lei nº 11.941/2009, sendo inaplicável o 2 limite de 30% para a
compensação. 18. Remessa necessária e apelação da União Federal parcialmente
providas.
Ementa
TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPENSAÇÃO. ADEQUAÇÃO DA
VIA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. LEI COMPLEMENTAR
Nº 118/2005. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-MATERNIDADE. VERBAS
RECEBIDAS NOS 15 DIAS ANTECEDENTES AO DEFERIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA
E DO AUXÍLIO-ACIDENTE. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. AVISO
PRÉVIO INDENIZADO. FÉRIAS GOZADAS. HORAS-EXTRAS E ADICIONAIS NOTURNO,
DE PERICULOSIDADE E DE INSALUBRIDADE. AUXÍLIO-CRECHE. AUXÍLIO CESTA-
ALIMENTAÇÃO. VALE-ALIMENTAÇÃO. VALE TRANSPORTE. TAXA SELIC. LEI Nº
11.457/2007. EXIGÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO. INTELIGÊNCIA DO ART. 170
-A DO CTN. 1. O pedido de declaração do direito à compensação de créditos
tributários pode ser formulado através de mandado de segurança, a teor do
que reza o enunciado da Súmula nº 213 do STJ, segundo a qual "O mandado de
segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária", sendo inaplicáveis ao caso os enunciados das Súmulas nº 269
e 271 do STF. 2. Como decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no RESP nº
1122126, rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, "a declaração eventualmente
obtida no provimento mandamental possibilita, também, o aproveitamento de
créditos anteriores ao ajuizamento da impetração, desde que não atingidos
pela prescrição". 3. " O mandado de segurança que visa à obtenção do direito à
compensação de tributos indevidamente recolhidos, por seu caráter preventivo,
não está sujeito a prazo decadencial para sua impetração". (STJ, 2ª Turma,
AgRg no REsp 1329765, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 18/03/2013). 4. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 566.621/RS,
em repercussão geral, rel. Min. Ellen Gracie, firmou entendimento de que
para as ações ajuizadas após a vacatio da Lei Complementar nº 118/2005
o prazo é de 5 (cinco) anos. 5. No caso em exame, a ação foi proposta
após a vacatio da Lei Complementar nº 118/2005, devendo ser aplicada a
prescrição quinquenal, razão pela qual estão prescritos todos os créditos
referentes aos recolhimentos indevidos ocorridos no quinquênio anterior ao
ajuizamento da ação. 6. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça,
no julgamento do REsp nº 1.230.957/RS, submetido ao regime do recurso
repetitivo, firmou entendimento no sentido de que não incide a contribuição
previdenciária sobre as verbas pagas a título de terço constitucional de
férias gozadas, nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado, nos
casos de auxílio-doença 1 e do auxílio-acidente, e aviso prévio indenizado,
e que, em relação à verba paga a título de salário-maternidade, incide
a contribuição previdenciária. 7. "O pagamento de férias gozadas possui
natureza remuneratória e salarial, nos termos do art. 148 da CLT, e integra o
salário-de-contribuição. Precedentes do STJ: AgRg no AREsp 138.628/AC, Segunda
Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe 29/04/2014; AgRg no REsp 1.355.135/RS,
Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 27/2/2013; AgRg no Ag
1.426.580/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 12/4/12; AgRg no
Ag 1.424.039/DF, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 21/10/2011" (STJ,
AgRg no REsp 1.437.562/PR, Rel. Min. Mauro Campbell, Segunda Turma, julgado em
05/06/2014, DJe 11/06/2014). 8. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o
entendimento no sentido de que o auxílio-creche possui caráter indenizatório e
não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. 9. No julgamento
do REsp nº 1.358.281/SP, submetido ao regime do recurso repetitivo, a Primeira
Seção do STJ decidiu que incide a contribuição previdenciária sobre as verbas
pagas a título de horas-extras e seu respectivo adicional, adicionais noturno
e de periculosidade. 10. Apesar de o aludido Recurso Especial não ter tratado
da verba paga a título de adicional de insalubridade, deve ser aplicada a
mesma sistemática do julgado do Superior Tribunal de Justiça, na medida em
que o adicional de insalubridade nada mais é do que a contraprestação por
um trabalho realizado pelo empregado em condições especiais, ostentando,
portanto, natureza remuneratória, e sujeitando-se, também, à incidência da
contribuição previdenciária. 11. Não incide a contribuição previdenciária
sobre o auxílio cesta-alimentação estabelecido em acordo ou convenção
coletiva de trabalho, ante a sua natureza indenizatória (Precedente do
STJ). 12. O pagamento in natura do auxílio-alimentação, isto é, quando a
própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da
contribuição previdenciária, por não constituir natureza salarial, esteja o
empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Por
outro lado, as parcelas referentes ao auxílio-alimentação pagas em pecúnia,
em virtude do caráter habitual e remuneratório, integram a base de cálculo
da contribuição previdenciária, conforme precedentes do Superior Tribunal de
Justiça. No caso em tela, a impetrante não esclareceu de que forma é feito
o pagamento do auxílio-alimentação aos seus empregados, se in natura ou em
pecúnia, razão pela qual deve incidir a contribuição previdenciária sobre a
referida verba. 13. Não há incidência da contribuição previdenciária sobre as
verbas relativas ao vale- transporte, ainda que pagas em dinheiro, tendo em
vista seu caráter não remuneratório. Precedentes do Supremo Tribunal Federal
e do Superior Tribunal de Justiça. 14. Os créditos a serem compensados são
posteriores à vigência da Lei nº 9.250/95, incidindo apenas a taxa SELIC,
que abrange correção monetária e juros, e terão como termo a quo a
data do pagamento indevido (art. 38, § 4º, da Lei nº 9.250/95). 15. A
presente ação foi proposta após a vigência da Lei nº 11.457/2007, pelo
que a compensação tributária só poderá efetivar-se com créditos da mesma
espécie. 16. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de recurso
submetido à sistemática repetitiva, firmou entendimento no sentido de
ser aplicável a regra do art. 170-A do CTN, que veda a compensação de
tributo anteriormente ao trânsito em julgado da sentença (REsp 1167039/DF,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki). 17. A presente demanda foi proposta após
a edição da Lei nº 11.941/2009, sendo inaplicável o 2 limite de 30% para a
compensação. 18. Remessa necessária e apelação da União Federal parcialmente
providas.
Data do Julgamento
:
08/09/2016
Data da Publicação
:
13/09/2016
Classe/Assunto
:
APELREEX - Apelação / Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e
do Trabalho
Órgão Julgador
:
3ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
CLAUDIA NEIVA
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
CLAUDIA NEIVA
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