TRF2 0132970-84.2013.4.02.5118 01329708420134025118
CIVIL E RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL NO
ÂMBITO DO PROGRAMA "MINHA CASA, MINHA VIDA". LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL. V ÍC IOS DE CONSTRUÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS
MORAIS. MANTIDO O CRITÉRIO DE FIXAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. 1. Trata-se de
apelação contra sentença que condenou a CEF a sanar os vícios de construção
em unidade habitacional inserida no Programa "Minha Casa Minha Vida",
e a pagar, solidariamente à Construtora, indenização por danos morais, no
valor de R$10.000,00 (dez mil reais). 2. O Município de Duque de Caxias e
o Estado do Rio de Janeiro não figuram no polo passivo da demanda, fato que
sequer foi ventilado na sentença, não havendo como apreciá-lo na presente via
recursal, sob pena de indevida supressão de instância. 3. A responsabilidade
da CEF, por vícios de construção ou atraso na entrega da obra, dependerá das
circunstâncias em que se verifica sua intervenção nos seguintes termos: a)
inexistirá, se atuar como agente financeiro em sentido estrito; b) existirá,
se atuar como agente executor de políticas federais para a promoção de moradia
para pessoas de baixa ou baixíssima renda. (Precedente: STJ, REsp n. 1102539,
Rel. Min. Maria Isabel Galotti, Quarta Turma). 4. In casu, o imóvel objeto da
lide faz parte de um grupamento residencial, composto por 195 casas, que faz
parte do Programa "Minha Casa, Minha Vida". 5. Neste caso, a CEF atua como
gestora operacional e financeira dos recursos que lhe são dirigidos para tal
empreendimento, que no caso é o FAR (art. 2º, § 8º, Lei 10.188/2001), bem
como no artigo 9º da Lei n. 11.977/09: "A gestão operacional dos recursos
destinados à concessão da subvenção do PNHU de que trata o inciso I do
art. 2º desta Lei será efetuada pela Caixa Econômica Federal". 6. In casu,
a existência dos vícios de construção na unidade habitacional em questão,
conforme apontado no laudo pericial técnicos, causou ofensa à dignidade
dos autores, sobretudo tratando-se de pessoas de baixa renda, cujos parcos
recursos foram direcionados, com sacrifício à realização do sonho de morar
em casa própria, devendo ser reconhecida a existência do dano moral, como
desdobramento direto e efetivo do comportamento desidioso e negligente
da CEF. 7. O quantum indenizatório, fixado no valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais), concilia a pretensão compensatória, pedagógica e punitiva da
indenização do dano moral com o princípio 1 da vedação do enriquecimento
sem causa. 8. Não cabe modificação no critério de fixação dos honorários
advocatícios, os quais foram fixados com moderação e observância à sucumbência
da CEF. 9. Apelação desprovida.
Ementa
CIVIL E RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL NO
ÂMBITO DO PROGRAMA "MINHA CASA, MINHA VIDA". LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL. V ÍC IOS DE CONSTRUÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS
MORAIS. MANTIDO O CRITÉRIO DE FIXAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. 1. Trata-se de
apelação contra sentença que condenou a CEF a sanar os vícios de construção
em unidade habitacional inserida no Programa "Minha Casa Minha Vida",
e a pagar, solidariamente à Construtora, indenização por danos morais, no
valor de R$10.000,00 (dez mil reais). 2. O Município de Duque de Caxias e
o Estado do Rio de Janeiro não figuram no polo passivo da demanda, fato que
sequer foi ventilado na sentença, não havendo como apreciá-lo na presente via
recursal, sob pena de indevida supressão de instância. 3. A responsabilidade
da CEF, por vícios de construção ou atraso na entrega da obra, dependerá das
circunstâncias em que se verifica sua intervenção nos seguintes termos: a)
inexistirá, se atuar como agente financeiro em sentido estrito; b) existirá,
se atuar como agente executor de políticas federais para a promoção de moradia
para pessoas de baixa ou baixíssima renda. (Precedente: STJ, REsp n. 1102539,
Rel. Min. Maria Isabel Galotti, Quarta Turma). 4. In casu, o imóvel objeto da
lide faz parte de um grupamento residencial, composto por 195 casas, que faz
parte do Programa "Minha Casa, Minha Vida". 5. Neste caso, a CEF atua como
gestora operacional e financeira dos recursos que lhe são dirigidos para tal
empreendimento, que no caso é o FAR (art. 2º, § 8º, Lei 10.188/2001), bem
como no artigo 9º da Lei n. 11.977/09: "A gestão operacional dos recursos
destinados à concessão da subvenção do PNHU de que trata o inciso I do
art. 2º desta Lei será efetuada pela Caixa Econômica Federal". 6. In casu,
a existência dos vícios de construção na unidade habitacional em questão,
conforme apontado no laudo pericial técnicos, causou ofensa à dignidade
dos autores, sobretudo tratando-se de pessoas de baixa renda, cujos parcos
recursos foram direcionados, com sacrifício à realização do sonho de morar
em casa própria, devendo ser reconhecida a existência do dano moral, como
desdobramento direto e efetivo do comportamento desidioso e negligente
da CEF. 7. O quantum indenizatório, fixado no valor de R$ 10.000,00 (dez
mil reais), concilia a pretensão compensatória, pedagógica e punitiva da
indenização do dano moral com o princípio 1 da vedação do enriquecimento
sem causa. 8. Não cabe modificação no critério de fixação dos honorários
advocatícios, os quais foram fixados com moderação e observância à sucumbência
da CEF. 9. Apelação desprovida.
Data do Julgamento
:
19/04/2017
Data da Publicação
:
27/04/2017
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
5ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES