TRF2 0136318-64.2013.4.02.5101 01363186420134025101
ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. PROFISSIONAIS DE SAÚDE. CARGA
HORÁRIA MÁXIMA SEMANAL. PARECER AGU GQ- 145/1998. JORNADA SEMANAL SUPERIOR A
60 HORAS. IMPOSSIBILIDADE. HIGIDEZ FÍSICA E MENTAL DO SERVIDOR. ORIENTAÇÃO DA
PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. REMESSA E RECURSO PROVIDOS. -Cinge-se a controvérsia à
possibilidade de a impetrante acumular dois cargos de Auxiliar de Enfermagem,
sendo um no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, vinculado ao
Ministério da Saúde, e outro no Hospital Municipal Barata Ribeiro, vinculado ao
Município do Rio de Janeiro. -Sobre o tema, a Constituição Federal, em regra,
veda a cumulação remunerada de cargos ou empregos públicos, permitindo,
excepcionalmente, o exercício de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI,
alínea "c", com redação dada pela EC 34/2001), bastando, tão somente,
que o servidor comprove a compatibilidade entre os horários de trabalho,
a teor do que preceitua o § 2°, do art. 118, da Lei n. 8.112/90. -Convém
salientar que a Primeira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
nos autos do MS 19.336/DF, DJe 14/10/2014, consolidou o entendimento no
sentido da impossibilidade de cumulação de cargos de profissionais da área
de saúde, quando a jornada de trabalho for superior a 60 (sessenta) horas
semanais, na forma do Parecer GQ 145/ 1998, da AGU. -No caso concreto, a
impetrante exerce dois cargos públicos: a) de Auxiliar de Enfermagem, lotada
no Instituto nacional de 1 Traumatologia e Ortopedia, desde 22/02/2010,
com jornada de 40 horas semanais em regime jurídico único (fl. 20); e b)
de Auxiliar de Enfermagem, desde 14/05/2003, no Hospital Municipal Barata
Ribeiro, com jornada de 30 horas semanais (fl. 23). -Dessa forma, não obstante
seja permitida a acumulação de cargos privativos de profissionais de saúde,
verifica-se que, na hipótese, não há compatibilidade de horários no exercício
dos cargos em questão, na medida em que a jornada de trabalho da parte autora
ultrapassa o limite de 60 horas semanais, consideradas razoáveis para que não
haja o comprometimento da qualidade de serviço prestado, pois, como se sabe,
o profissional da área de saúde necessita estar em boas condições físicas
e mentais, para poder cumprir o seu mister de forma eficiente. Precedentes
recentes citados do STJ e desta Turma. -Remessa necessária e recurso providos.
Ementa
ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. PROFISSIONAIS DE SAÚDE. CARGA
HORÁRIA MÁXIMA SEMANAL. PARECER AGU GQ- 145/1998. JORNADA SEMANAL SUPERIOR A
60 HORAS. IMPOSSIBILIDADE. HIGIDEZ FÍSICA E MENTAL DO SERVIDOR. ORIENTAÇÃO DA
PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. REMESSA E RECURSO PROVIDOS. -Cinge-se a controvérsia à
possibilidade de a impetrante acumular dois cargos de Auxiliar de Enfermagem,
sendo um no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, vinculado ao
Ministério da Saúde, e outro no Hospital Municipal Barata Ribeiro, vinculado ao
Município do Rio de Janeiro. -Sobre o tema, a Constituição Federal, em regra,
veda a cumulação remunerada de cargos ou empregos públicos, permitindo,
excepcionalmente, o exercício de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (art. 37, XVI,
alínea "c", com redação dada pela EC 34/2001), bastando, tão somente,
que o servidor comprove a compatibilidade entre os horários de trabalho,
a teor do que preceitua o § 2°, do art. 118, da Lei n. 8.112/90. -Convém
salientar que a Primeira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
nos autos do MS 19.336/DF, DJe 14/10/2014, consolidou o entendimento no
sentido da impossibilidade de cumulação de cargos de profissionais da área
de saúde, quando a jornada de trabalho for superior a 60 (sessenta) horas
semanais, na forma do Parecer GQ 145/ 1998, da AGU. -No caso concreto, a
impetrante exerce dois cargos públicos: a) de Auxiliar de Enfermagem, lotada
no Instituto nacional de 1 Traumatologia e Ortopedia, desde 22/02/2010,
com jornada de 40 horas semanais em regime jurídico único (fl. 20); e b)
de Auxiliar de Enfermagem, desde 14/05/2003, no Hospital Municipal Barata
Ribeiro, com jornada de 30 horas semanais (fl. 23). -Dessa forma, não obstante
seja permitida a acumulação de cargos privativos de profissionais de saúde,
verifica-se que, na hipótese, não há compatibilidade de horários no exercício
dos cargos em questão, na medida em que a jornada de trabalho da parte autora
ultrapassa o limite de 60 horas semanais, consideradas razoáveis para que não
haja o comprometimento da qualidade de serviço prestado, pois, como se sabe,
o profissional da área de saúde necessita estar em boas condições físicas
e mentais, para poder cumprir o seu mister de forma eficiente. Precedentes
recentes citados do STJ e desta Turma. -Remessa necessária e recurso providos.
Data do Julgamento
:
29/01/2016
Data da Publicação
:
03/02/2016
Classe/Assunto
:
APELREEX - Apelação / Reexame Necessário - Recursos - Processo Cível e
do Trabalho
Órgão Julgador
:
8ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
VERA LÚCIA LIMA
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
VERA LÚCIA LIMA
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