TRF2 0516992-15.1900.4.02.5101 05169921519004025101
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. APELAÇÃO. FGTS. PRESCRIÇÃO
TRINTENÁRIA. TRANSCORRIDOS MAIS DE TRINTA ANOS ININTERRUPTOS DO DESPACHO
CITATÓRIO ATÉ A SENTENÇA. PRECEDENTES DO STF. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. Trata-se
de apelação cível, interposta pela UNIÃO/FAZENDA NACIONAL, objetivando a
reforma da r. sentença que nos autos da presente Execução Fiscal, ajuizada
em face de A. R. LIMA - EDITOR, julgou extinto o processo, com fundamento
no art. 269, inciso IV, do CPC/1973, por reconhecer a prescrição do crédito
em cobrança (fls. 54/56). 2. Na hipótese, trata-se de ação proposta para
fins de cobrança de contribuições para o FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE
SERVIÇO - FGTS, referentes às competências de 01/70 a 12/71 (fl. 04). A ação
foi ajuizada em 04/04/1983, e o despacho citatório proferido em 13/04/1983
(fl. 02). 3. Compulsando os autos, verifica-se que a exequente, intimada da
tentativa frustrada de citação (fl. 07), requereu, em 03/05/1984, a suspensão
do feito executivo, com fundamento no art. 40, da Lei n. 6830/80 (fl. 07-v),
o que foi deferido pelo D. Juízo em 14/05/1984 (fl. 08). Determinado o
arquivamento dos autos em 23/10/1989 (fl. 09), e transcorridos quase 10 (dez)
anos sem manifestação, a exequente requereu a citação por edital, em 07/04/1998
(fl. 13), sendo o pleito indeferido, e determinada a suspensão do processo em
04/09/2000 (fl. 24). Em 26/01/2005, foi determinado o arquivamento dos autos,
sem baixa na distribuição (fl. 39), com intimação da exequente em 02/08/2006
(fl. 52-v). Transcorridos mais de 08 (oito) anos sem manifestação da União, em
20/05/2015, os autos foram conclusos e foi prolatada a sentença que pronunciou
a prescrição e extinguiu o feito executivo (fls. 54/56). 4. Inicialmente,
cumpre ressaltar que o Egrégio Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso
de repercussão geral (art. 543-B do CPC/73 - correspondente ao 1 art. 1.036
do Novo Código de Processo Civil), sedimentou orientação no sentido de que,
tratando-se o FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS de um direito
de índole social e trabalhista, após a promulgação da Carta de 1988 não
mais subsistem as razões anteriormente invocadas para a adoção do prazo
de prescrição trintenário. Precedente. 5. No entanto, tendo em vista a
alteração de jurisprudência consolidada há mais de vinte anos pela Corte, no
sentido de que o prazo prescricional aplicável ao FGTS seria o trintenário,
entendimento sustentado mesmo após o advento da CRFB/88, houve a necessidade
de se modular os efeitos do novo entendimento. Dessa forma, restou consignado
no mencionado julgado, que "diante da mudança que se opera, neste momento em
antiga jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e com base em razões de
segurança jurídica, entendo que os efeitos dessa decisão devam ser modulados
no tempo, a fim de que se concedam apenas efeitos prospectivos à decisão e
à mudança de orientação que ora se propõe." A fundamentação foi finalizada
assinalando que, "Dessa forma, para aqueles julgados cujo termo inicial
da prescrição ocorra após a data do presente julgamento, aplica-se, desde
logo, o prazo de cinco anos. Por outro lado, para os casos em que o prazo
prescricional já esteja em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos,
contados do termo inicial, ou 5 anos, a partir desta decisão." 6. Como se
sabe, qualquer que seja o prazo de prescrição aplicado, há de se observar que,
conforme previsto na Lei nº 6.830/80, tratando-se de crédito não tributário,
a inscrição em dívida ativa suspende o curso da prescrição por 180 dias,
ou até a distribuição da execução fiscal (art. 2º, § 3º), e o despacho do
juiz que ordenar a citação interrompe a prescrição (art. 8º, § 2º). 7. In
casu, conforme se infere, a ação foi ajuizada no prazo legal, e o despacho
citatório interrompeu o fluxo do prazo prescricional. 8. No que tange
à prescrição no curso do processo, o Superior Tribunal de Justiça tem o
consolidado entendimento de que as diligências sem resultados práticos não
possuem o condão de obstar o transcurso do prazo da prescrição intercorrente,
pelo que, não encontrados bens penhoráveis para a satisfação do crédito,
após o decurso do referido iter, o pronunciamento da mencionada prescrição,
é medida que se impõe (Precedentes: AgRg nos EDcl no AREsp 775.087/PR,
Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/06/2016, DJe
21/06/2016; EDcl no AgRg no AREsp 594.062/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 25/03/2015). No presente caso,
ainda não transcorreu o prazo de 05 (cinco) anos, contados da citada decisão,
no entanto, verifico que, após o despacho citatório, transcorreram mais de 30
(trinta) anos ininterruptos, sem que houvessem sido localizados bens sobre
os quais pudesse recair a penhora. Dessa forma, indiscutível a ocorrência
da prescrição intercorrente. 9. Valor da execução fiscal em 18/03/1983: Cr$
119.049,17 (fl. 02). 10. Apelação desprovida. 2
Ementa
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. APELAÇÃO. FGTS. PRESCRIÇÃO
TRINTENÁRIA. TRANSCORRIDOS MAIS DE TRINTA ANOS ININTERRUPTOS DO DESPACHO
CITATÓRIO ATÉ A SENTENÇA. PRECEDENTES DO STF. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. Trata-se
de apelação cível, interposta pela UNIÃO/FAZENDA NACIONAL, objetivando a
reforma da r. sentença que nos autos da presente Execução Fiscal, ajuizada
em face de A. R. LIMA - EDITOR, julgou extinto o processo, com fundamento
no art. 269, inciso IV, do CPC/1973, por reconhecer a prescrição do crédito
em cobrança (fls. 54/56). 2. Na hipótese, trata-se de ação proposta para
fins de cobrança de contribuições para o FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE
SERVIÇO - FGTS, referentes às competências de 01/70 a 12/71 (fl. 04). A ação
foi ajuizada em 04/04/1983, e o despacho citatório proferido em 13/04/1983
(fl. 02). 3. Compulsando os autos, verifica-se que a exequente, intimada da
tentativa frustrada de citação (fl. 07), requereu, em 03/05/1984, a suspensão
do feito executivo, com fundamento no art. 40, da Lei n. 6830/80 (fl. 07-v),
o que foi deferido pelo D. Juízo em 14/05/1984 (fl. 08). Determinado o
arquivamento dos autos em 23/10/1989 (fl. 09), e transcorridos quase 10 (dez)
anos sem manifestação, a exequente requereu a citação por edital, em 07/04/1998
(fl. 13), sendo o pleito indeferido, e determinada a suspensão do processo em
04/09/2000 (fl. 24). Em 26/01/2005, foi determinado o arquivamento dos autos,
sem baixa na distribuição (fl. 39), com intimação da exequente em 02/08/2006
(fl. 52-v). Transcorridos mais de 08 (oito) anos sem manifestação da União, em
20/05/2015, os autos foram conclusos e foi prolatada a sentença que pronunciou
a prescrição e extinguiu o feito executivo (fls. 54/56). 4. Inicialmente,
cumpre ressaltar que o Egrégio Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso
de repercussão geral (art. 543-B do CPC/73 - correspondente ao 1 art. 1.036
do Novo Código de Processo Civil), sedimentou orientação no sentido de que,
tratando-se o FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS de um direito
de índole social e trabalhista, após a promulgação da Carta de 1988 não
mais subsistem as razões anteriormente invocadas para a adoção do prazo
de prescrição trintenário. Precedente. 5. No entanto, tendo em vista a
alteração de jurisprudência consolidada há mais de vinte anos pela Corte, no
sentido de que o prazo prescricional aplicável ao FGTS seria o trintenário,
entendimento sustentado mesmo após o advento da CRFB/88, houve a necessidade
de se modular os efeitos do novo entendimento. Dessa forma, restou consignado
no mencionado julgado, que "diante da mudança que se opera, neste momento em
antiga jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e com base em razões de
segurança jurídica, entendo que os efeitos dessa decisão devam ser modulados
no tempo, a fim de que se concedam apenas efeitos prospectivos à decisão e
à mudança de orientação que ora se propõe." A fundamentação foi finalizada
assinalando que, "Dessa forma, para aqueles julgados cujo termo inicial
da prescrição ocorra após a data do presente julgamento, aplica-se, desde
logo, o prazo de cinco anos. Por outro lado, para os casos em que o prazo
prescricional já esteja em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos,
contados do termo inicial, ou 5 anos, a partir desta decisão." 6. Como se
sabe, qualquer que seja o prazo de prescrição aplicado, há de se observar que,
conforme previsto na Lei nº 6.830/80, tratando-se de crédito não tributário,
a inscrição em dívida ativa suspende o curso da prescrição por 180 dias,
ou até a distribuição da execução fiscal (art. 2º, § 3º), e o despacho do
juiz que ordenar a citação interrompe a prescrição (art. 8º, § 2º). 7. In
casu, conforme se infere, a ação foi ajuizada no prazo legal, e o despacho
citatório interrompeu o fluxo do prazo prescricional. 8. No que tange
à prescrição no curso do processo, o Superior Tribunal de Justiça tem o
consolidado entendimento de que as diligências sem resultados práticos não
possuem o condão de obstar o transcurso do prazo da prescrição intercorrente,
pelo que, não encontrados bens penhoráveis para a satisfação do crédito,
após o decurso do referido iter, o pronunciamento da mencionada prescrição,
é medida que se impõe (Precedentes: AgRg nos EDcl no AREsp 775.087/PR,
Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/06/2016, DJe
21/06/2016; EDcl no AgRg no AREsp 594.062/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 25/03/2015). No presente caso,
ainda não transcorreu o prazo de 05 (cinco) anos, contados da citada decisão,
no entanto, verifico que, após o despacho citatório, transcorreram mais de 30
(trinta) anos ininterruptos, sem que houvessem sido localizados bens sobre
os quais pudesse recair a penhora. Dessa forma, indiscutível a ocorrência
da prescrição intercorrente. 9. Valor da execução fiscal em 18/03/1983: Cr$
119.049,17 (fl. 02). 10. Apelação desprovida. 2
Data do Julgamento
:
21/10/2016
Data da Publicação
:
07/11/2016
Classe/Assunto
:
AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho
Órgão Julgador
:
4ª TURMA ESPECIALIZADA
Relator(a)
:
FERREIRA NEVES
Comarca
:
TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Relator para
acórdão
:
FERREIRA NEVES
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