main-banner

Jurisprudência


TRF3 0000663-80.2012.4.03.6119 00006638020124036119

Ementa
PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO. DOLO EVENTUAL. CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO. ART. 121, CAPUT, C. C. O ART. 13, § 2º, B, COM A INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE DO ART. 61, II, G, TODOS DO CÓDIGO PENAL. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. CONDENAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. JÚRI. PRONÚNCIA. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. DESCLASSIFICAÇÃO. INSTRUÇÃO PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE ANIMUS NECANDI. CERTEZA PROBATÓRIA NÃO VERIFICADA. INVIABILIDADE. CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO CULPOSO (CP, ART. 121, § 3º). 1. O juiz pode condenar o acusado ainda que a acusação manifeste-se pela sua absolvição (STJ, HC n. 196421, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 06.02.14; AgRg no AREsp 284611, Rel. Min. Marilza Maynard, j. 16.05.13; HC n. 197068, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 16.04.13; HC n. 152128, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 05.02.13). 2. A decisão de pronúncia compreende juízo de admissibilidade da acusação para submissão do réu ao Tribunal do Júri, encerrando a primeira fase do procedimento, a qual não reclama a certeza exigida a uma sentença penal condenatória, mas o convencimento do juízo fundado em prova da existência do crime e em indícios suficientes de autoria (CPP, art. 413, caput e § 1º). 3. Conforme dispõe o art. 419 do Código de Processo Penal, caso o juiz se convença da inexistência de crime da competência do Tribunal do Júri, ainda na primeira fase do procedimento, em discordância com a acusação, procederá à desclassificação e remeterá os autos ao juiz competente. 4. Contudo, conforme assente na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, faz-se necessário, nessa hipótese, que as provas dos autos evidenciem a certeza da inexistência de dolo de crime contra a vida (animus necandi), sem a necessidade de esforço de análise da conduta do réu ou de outras circunstâncias, pois, caso contrário, haveria usurpação da competência do Tribunal do Júri, juiz natural da causa, nos termos da Constituição da República (STJ, AGRESP 1302794, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 02.02.16; (STJ, AGRESP 1128806, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16.06.15; STJ, AGARESP 332762, Rel. Des. Conv. Walter de Almeida Guilherme, j. 14.10.14; STJ, HC n. 238440, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 17.09.13). 5. Ante a ausência de indícios de que tenha sido cometido crime doloso contra a vida, de rigor a reforma da decisão recorrida para que haja a desclassificação, nos termos do art. 419 do Código de Processo Penal, cabendo ao Juízo competente avaliar se houve a prática do crime de homicídio culposo, previsto no art. 121, § 3º, do Código Penal. 6. Recurso da defesa desprovido. Recurso do Ministério Público Federal provido.
Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso de Gisele Martins dos Santos e, por maioria, dar provimento ao recurso do Ministério Público Federal, para desclassificar os fatos imputados à ré na denúncia para o crime do art. 121, § 3º, do Código Penal, diverso da competência do Tribunal do Júri (CPP, art. 74, § 1º), determinando o retorno dos autos ao Juízo a quo, para que os remeta ao Juízo competente, 4ª Vara Federal de Guarulhos (SP), nos termos do art. 419 do Código de Processo Penal, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Data do Julgamento : 15/10/2018
Data da Publicação : 19/10/2018
Classe/Assunto : RSE - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - 8584
Órgão Julgador : QUINTA TURMA
Relator(a) : DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ NEKATSCHALOW
Comarca : TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo : Acórdão
Referência legislativa : ***** CP-40 CÓDIGO PENAL DE 1940 LEG-FED DEL-2848 ANO-1940 ART-13 PAR-2 LET-B ART-61 INC-2 LET-G ART-121 PAR-3 ***** CPP-41 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL LEG-FED DEL-3689 ANO-1941 ART-413 PAR-1 ART-419 ART-74 PAR-1
Fonte da publicação : e-DJF3 Judicial 1 DATA:19/10/2018 ..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão