TRF3 0001386-78.2016.4.03.6113 00013867820164036113
EMBARGOS À EXECUÇÃO. NULIDADE DA CDA
AFASTADA. CONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS DEVIDAS AO SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO - SAT, SALÁRIO-EDUCAÇÃO,
INCRA E SEBRAE. TAXA SELIC. CUMULAÇÃO DE JUROS DE MORA, CORREÇÃO
MONETÁRIA E MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE. ENCARGO-LEGAL. LEGITIMMIDADE.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
1- A certidão de dívida ativa goza de presunção de legalidade e preenche
todos os requisitos necessários para a execução de título, quais sejam:
a certeza, liquidez e exigibilidade. Cumpre realçar que a CDA que embasa
a execução traz em seu bojo o valor originário do débito, o período e
o fundamento legal da dívida e dos consectários, elementos necessários
a proporcionar a defesa da contribuinte.
2- A Cobrança de Contribuições Sociais Devidas ao Seguro Acidente de
Trabalho - SAT é legítima a teor do que dispõe o art. 22, da lei 8.212/91,
não resvalando o embargado, pois, em qualquer ilegalidade. Ademais, o Colendo
Supremo Tribunal Federal, no RE nº 343.446, declarou a constitucionalidade
da cobrança.
3- A constitucionalidade e legalidade da contribuição denominada
salário-educação, desde sua criação pela Lei nº 4.440/64, sob a égide
da CF/1946 (art. 168, III), passando por sua regulação através do Dec-Lei
nº 1.422/75 e decretos regulamentares sob a CF/1967 e Emenda Constitucional
nº 01/1969 (art. 178), quando não possuía natureza jurídica tributária,
contribuição que foi recepcionada pela atual CF/1988 com natureza modificada
para tributária (art. 212, § 5º e ADCT, art. 25), sendo também regular
a sua subseqüente regulamentação pela MP 1.518/96 e pela Lei 9.424/96
(art. 15), esta última editada para regular a contribuição já sob a
nova redação do art. 178 da CF/88 na redação dada pela EC nº 14/96 já
foi objeto de inúmeros questionamentos, de diversas naturezas. Toda esta
matéria de natureza eminentemente constitucional está hoje pacificada pelo
Egrégio Supremo Tribunal Federal através da Súmula nº 732.
4- Não há inconstitucionalidade na exigência de Contribuições Sociais
Devidas ao INCRA devidas pelas empresas urbanas, porquanto esta contribuição
visa financiar atividades essencialmente sociais em benefício da coletividade,
estendendo-se, assim, a todos os empregadores: rural ou urbano.
5- Nos termos do art. 8º da Lei nº 8.029/90, foi instituída a contribuição
ao SEBRAE, que tem caráter compulsório, natureza parafiscal, destinando-se
a financiar entidades privadas do setor social e de formação profissional
vinculadas ao sistema sindical. Sua incidência não resvala em qualquer
ofensa à constituição e/ou legislação pátria, não constituindo
óbice o fato de a empresa encontrar-se vinculada a outro serviço social
(SEST/SENAT), o que poderia representar uma bitributação, ou ainda por
não estar enquadrada como pequena ou microempresa, não podendo, pois, ser
sujeito passivo da aludida contribuição, uma vez que referida contribuição
constitui-se contribuição de intervenção no domínio público.
6 - Também é legítima a incidência da taxa de juros Selic sobre o crédito
federal, prevista na Lei nº 9.065/95. É a orientação do Superior Tribunal
de Justiça.
7- Não há qualquer óbice na cumulação de juros de mora, correção
monetária e multa moratória, eis que possuem finalidades diversas, todas
legalmente cabíveis.
8 - Quanto ao encargo de 20% (vinte por cento) previsto no decreto-lei nº
1.025/69, a Súmula nº 168 do TFR, de 30 de novembro de 1984, previa que
:"O encargo de 20% (vinte por cento) do decreto-lei nº 1025, de 1969, é
sempre devido nas Execuções Fiscais da União e substitui, nos embargos,
a condenação do devedor em honorários advocatícios.". Destarte, referida
previsão é taxativa no sentido de que tão só nas execuções fiscais
promovidas pela União Federal (caso dos autos) há a incidência do encargo
de 20% previsto no art. 1º do decreto-lei n. 1.025/69, que, dentre outros
encargos administrativos, substitui os honorários advocatícios.
9 - Apelação desprovida.
Ementa
EMBARGOS À EXECUÇÃO. NULIDADE DA CDA
AFASTADA. CONSTITUCIONALIDADE. LEGITIMIDADE DA COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS DEVIDAS AO SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO - SAT, SALÁRIO-EDUCAÇÃO,
INCRA E SEBRAE. TAXA SELIC. CUMULAÇÃO DE JUROS DE MORA, CORREÇÃO
MONETÁRIA E MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE. ENCARGO-LEGAL. LEGITIMMIDADE.
APELAÇÃO DESPROVIDA.
1- A certidão de dívida ativa goza de presunção de legalidade e preenche
todos os requisitos necessários para a execução de título, quais sejam:
a certeza, liquidez e exigibilidade. Cumpre realçar que a CDA que embasa
a execução traz em seu bojo o valor originário do débito, o período e
o fundamento legal da dívida e dos consectários, elementos necessários
a proporcionar a defesa da contribuinte.
2- A Cobrança de Contribuições Sociais Devidas ao Seguro Acidente de
Trabalho - SAT é legítima a teor do que dispõe o art. 22, da lei 8.212/91,
não resvalando o embargado, pois, em qualquer ilegalidade. Ademais, o Colendo
Supremo Tribunal Federal, no RE nº 343.446, declarou a constitucionalidade
da cobrança.
3- A constitucionalidade e legalidade da contribuição denominada
salário-educação, desde sua criação pela Lei nº 4.440/64, sob a égide
da CF/1946 (art. 168, III), passando por sua regulação através do Dec-Lei
nº 1.422/75 e decretos regulamentares sob a CF/1967 e Emenda Constitucional
nº 01/1969 (art. 178), quando não possuía natureza jurídica tributária,
contribuição que foi recepcionada pela atual CF/1988 com natureza modificada
para tributária (art. 212, § 5º e ADCT, art. 25), sendo também regular
a sua subseqüente regulamentação pela MP 1.518/96 e pela Lei 9.424/96
(art. 15), esta última editada para regular a contribuição já sob a
nova redação do art. 178 da CF/88 na redação dada pela EC nº 14/96 já
foi objeto de inúmeros questionamentos, de diversas naturezas. Toda esta
matéria de natureza eminentemente constitucional está hoje pacificada pelo
Egrégio Supremo Tribunal Federal através da Súmula nº 732.
4- Não há inconstitucionalidade na exigência de Contribuições Sociais
Devidas ao INCRA devidas pelas empresas urbanas, porquanto esta contribuição
visa financiar atividades essencialmente sociais em benefício da coletividade,
estendendo-se, assim, a todos os empregadores: rural ou urbano.
5- Nos termos do art. 8º da Lei nº 8.029/90, foi instituída a contribuição
ao SEBRAE, que tem caráter compulsório, natureza parafiscal, destinando-se
a financiar entidades privadas do setor social e de formação profissional
vinculadas ao sistema sindical. Sua incidência não resvala em qualquer
ofensa à constituição e/ou legislação pátria, não constituindo
óbice o fato de a empresa encontrar-se vinculada a outro serviço social
(SEST/SENAT), o que poderia representar uma bitributação, ou ainda por
não estar enquadrada como pequena ou microempresa, não podendo, pois, ser
sujeito passivo da aludida contribuição, uma vez que referida contribuição
constitui-se contribuição de intervenção no domínio público.
6 - Também é legítima a incidência da taxa de juros Selic sobre o crédito
federal, prevista na Lei nº 9.065/95. É a orientação do Superior Tribunal
de Justiça.
7- Não há qualquer óbice na cumulação de juros de mora, correção
monetária e multa moratória, eis que possuem finalidades diversas, todas
legalmente cabíveis.
8 - Quanto ao encargo de 20% (vinte por cento) previsto no decreto-lei nº
1.025/69, a Súmula nº 168 do TFR, de 30 de novembro de 1984, previa que
:"O encargo de 20% (vinte por cento) do decreto-lei nº 1025, de 1969, é
sempre devido nas Execuções Fiscais da União e substitui, nos embargos,
a condenação do devedor em honorários advocatícios.". Destarte, referida
previsão é taxativa no sentido de que tão só nas execuções fiscais
promovidas pela União Federal (caso dos autos) há a incidência do encargo
de 20% previsto no art. 1º do decreto-lei n. 1.025/69, que, dentre outros
encargos administrativos, substitui os honorários advocatícios.
9 - Apelação desprovida.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
por unanimidade, negar provimento ao recurso de apelação, nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
10/10/2017
Data da Publicação
:
19/10/2017
Classe/Assunto
:
Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2241218
Órgão Julgador
:
SEGUNDA TURMA
Relator(a)
:
JUIZ CONVOCADO ROBERTO JEUKEN
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Referência
legislativa
:
***** LOSS-91 LEI ORGÂNICA DA SEGURIDADE SOCIAL
LEG-FED LEI-8212 ANO-1991 ART-22
LEG-FED LEI-4440 ANO-1964
***** CF-1946 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1946
LEG-FED ANO-1946 ART-168 INC-3
***** CF-1967 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1967
LEG-FED ANO-1967
LEG-FED DEL-1422 ANO-1975
***** CF-1969 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1969
LEG-FED EMC-1 ANO-1969
***** CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
LEG-FED ANO-1988 ART-212 PAR-5 ART-178
***** ADCT-88 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DE 1988
LEG-FED ANO-1988 ART-25
LEG-FED MPR-1518 ANO-1996
LEG-FED LEI-9424 ANO-1996 ART-15
LEG-FED EMC-14 ANO-1996
***** STF SÚMULA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
LEG-FED SUM-732
LEG-FED LEI-8029 ANO-1990 ART-8
LEG-FED LEI-9065 ANO-1995
LEG-FED DEL-1025 ANO-1969 ART-1
***** TFR SÚMULA DO EXTINTO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS
LEG-FED SUM-168
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:19/10/2017
..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão