main-banner

Jurisprudência


TRF3 0001697-98.2013.4.03.6105 00016979820134036105

Ementa
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. IPI. CRÉDITO EXPORTADOR. ESTELIONATO MAJORADO. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. APLICAÇÃO. CONDUTA JÁ ANALISADA E OBJETO DE CONDENAÇÃO EM PROCESSO ANTERIOR. MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO. APELAÇÃO DO MPF IMPROVIDA. 1. Os réus foram denunciados em razão de terem forjado notas fiscais de compras de insumos e de vendas ao exterior, para fins de obtenção de isenção de IPI e recebimento dos respectivos créditos. 2. Imputada às partes rés a prática de estelionato majorado (artigo 171, §3º, do Código Penal). 3. Ora, do quanto provado nos autos, tem-se que os réus simularam operações de compra de insumos no Brasil para a também simulada exportação de produto industrializado/semi-industrializado. Referida apresentação de documentação falsa serviu como suporte para a consolidação de crédito de IPI que, por não ter correspondente a ser compensado em operações nacionais, seria reembolsado. 4. Note-se que o crédito gerado de IPI advém de norma de isenção tributária com o intuito de fomento de atividade exportadora, vale dizer, trata-se de norma que, se aplicável, afasta a incidência da norma tributária, o que equivale dizer que a apresentação de documentação falsa de modo a gerar fato que permita invocar a regra de isenção, equivale comportamento de "suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório". 5. Assim sendo, a conduta dos acusados recai sobre a norma penal especial da Lei 8.137/90, e não sobre o comportamento fraudulento genericamente descrito no artigo 171 do Código Penal. 6. Como se pode observar da sentença emitida no primeiro processo, de nº 0011960-49.2000.4.03.6105 (2000.61.05.011960-7), a Magistrada considerou todas as condutas descritas na denúncia, enquadrando-as no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, expressamente afastando a incidência do artigo 171 do Código Penal e, ainda, para confirmar o abarcamento de todas as condutas delitivas em sua sentença, sujeitou ao pena ao aumento em razão da continuidade delitiva. 7. Precedentes do C. STJ e deste TRF3ªR. 8. Apelação ministerial improvida para manutenção da sentença absolutória.
Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO à apelação do MPF e manter a ABSOLVIÇÃO dos corréus BERNADO FRANCISCO LUIZELLO e MARCOS TAQUES BITTENCOURT da imputação pela prática de crime previsto no artigo 171, § 3º, do Código Penal, com fundamento no artigo 386, III do Código de Processo Penal, sendo que o Juiz Fed. Conv. Carlos Francisco acompanhou pela conclusão.

Data do Julgamento : 03/10/2017
Data da Publicação : 11/10/2017
Classe/Assunto : Ap. - APELAÇÃO CRIMINAL - 54726
Órgão Julgador : PRIMEIRA TURMA
Relator(a) : DESEMBARGADOR FEDERAL WILSON ZAUHY
Comarca : TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo : Acórdão
Referência legislativa : ***** CP-40 CÓDIGO PENAL DE 1940 LEG-FED DEL-2848 ANO-1940 ART-171 PAR-3 LEG-FED LEI-8137 ANO-1990 ART-1 INC-1 ***** CPP-41 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL LEG-FED DEL-3689 ANO-1941 ART-386 INC-3
Fonte da publicação : e-DJF3 Judicial 1 DATA:11/10/2017 ..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão