TRF3 0002618-29.2014.4.03.6006 00026182920144036006
PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 334-A, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. TRANSPORTE
DE CIGARRO. TIPIFICAÇÃO. MATERIALIDADE. AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. NÃO
CABIMENTO. DOSIMETRIA. CONTRABANDO. DESCAMINHO. INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR
VEÍCULO. APELAÇÕES DESPROVIDAS.
1. A alínea b do § 1º do art. 334 do Código Penal dispõe que incorre na
pena prescrita para o delito de contrabando ou descaminho aquele que praticar
fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho. Por sua vez,
o art. 3º, c. c. o art. 2º, ambos do Decreto n. 399/69 equipara a esse crime
a conduta de transportar cigarro de procedência estrangeira. Por essa razão,
a jurisprudência dispensa, para configuração do delito, que o agente tenha
antes participado da própria internação do produto no País. Precedentes.
2. A ausência do verbo "transportar" no artigo do Código Penal referente ao
crime de contrabando é irrelevante para a configuração do delito, pois,
por força do art. 3º do Decreto-Lei n. 399/68, tal conduta é equiparada
àquelas já previstas no art. 334 do Código Penal. Assim, resta claro que
não é necessário que o agente tenha participado da internação do produto
no País. Assim, comprovadas a materialidade e a autoria, a condenação
deve ser mantida.
3. O Juízo a quo já fixou a pena-base em fração ligeiramente superior a
1/6 (um sexto), devido à circunstância judicial desfavorável consistente
no tamanho da carga apreendida. Assim, não há que se falar em maior
exasperação.
4. São irrelevantes os motivos pelos quais o agente teria sido levado
a confessar o delito perante a autoridade para fazer jus à incidência
da atenuante genérica (STJ, HC n. 159.854, Rel. Min. Laurita Vaz,
j. 15.06.10; HC n. 117.764, Rel. Min. Og Fernandes, j. 11.05.10; HC
n. 46.858, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 13.11.07; HC n. 79.381,
Rel. Min. Nilson Naves, j. 23.10.07). Assim, pouco importa que o réu tenha
sido preso em flagrante, bastando o reconhecimento da prática do delito
(STF, HC n. 69.479-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, unânime, DJ 18.12.02,
p. 384).Portanto, reduzida a pena em 1/6 (um sexto), totalizando 5 (cinco)
anos de reclusão. Desse modo, a aplicação da atenuante de confissão deve
subsistir.
5. É admissível a declaração do efeito da condenação estabelecido
no inciso III do art. 92 do Código Penal na hipótese de contrabando ou
descaminho, constituindo a inabilitação para dirigir veículos medida
eficaz para desestimular a reiteração delitiva. Precedentes.
6. Apelações desprovidas.
Ementa
PENAL. PROCESSO PENAL. ART. 334-A, § 1º, DO CÓDIGO PENAL. TRANSPORTE
DE CIGARRO. TIPIFICAÇÃO. MATERIALIDADE. AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. NÃO
CABIMENTO. DOSIMETRIA. CONTRABANDO. DESCAMINHO. INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR
VEÍCULO. APELAÇÕES DESPROVIDAS.
1. A alínea b do § 1º do art. 334 do Código Penal dispõe que incorre na
pena prescrita para o delito de contrabando ou descaminho aquele que praticar
fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho. Por sua vez,
o art. 3º, c. c. o art. 2º, ambos do Decreto n. 399/69 equipara a esse crime
a conduta de transportar cigarro de procedência estrangeira. Por essa razão,
a jurisprudência dispensa, para configuração do delito, que o agente tenha
antes participado da própria internação do produto no País. Precedentes.
2. A ausência do verbo "transportar" no artigo do Código Penal referente ao
crime de contrabando é irrelevante para a configuração do delito, pois,
por força do art. 3º do Decreto-Lei n. 399/68, tal conduta é equiparada
àquelas já previstas no art. 334 do Código Penal. Assim, resta claro que
não é necessário que o agente tenha participado da internação do produto
no País. Assim, comprovadas a materialidade e a autoria, a condenação
deve ser mantida.
3. O Juízo a quo já fixou a pena-base em fração ligeiramente superior a
1/6 (um sexto), devido à circunstância judicial desfavorável consistente
no tamanho da carga apreendida. Assim, não há que se falar em maior
exasperação.
4. São irrelevantes os motivos pelos quais o agente teria sido levado
a confessar o delito perante a autoridade para fazer jus à incidência
da atenuante genérica (STJ, HC n. 159.854, Rel. Min. Laurita Vaz,
j. 15.06.10; HC n. 117.764, Rel. Min. Og Fernandes, j. 11.05.10; HC
n. 46.858, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 13.11.07; HC n. 79.381,
Rel. Min. Nilson Naves, j. 23.10.07). Assim, pouco importa que o réu tenha
sido preso em flagrante, bastando o reconhecimento da prática do delito
(STF, HC n. 69.479-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, unânime, DJ 18.12.02,
p. 384).Portanto, reduzida a pena em 1/6 (um sexto), totalizando 5 (cinco)
anos de reclusão. Desse modo, a aplicação da atenuante de confissão deve
subsistir.
5. É admissível a declaração do efeito da condenação estabelecido
no inciso III do art. 92 do Código Penal na hipótese de contrabando ou
descaminho, constituindo a inabilitação para dirigir veículos medida
eficaz para desestimular a reiteração delitiva. Precedentes.
6. Apelações desprovidas.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
por unanimidade, negar provimento às apelações, nos termos do relatório
e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
10/04/2017
Data da Publicação
:
18/04/2017
Classe/Assunto
:
ACR - APELAÇÃO CRIMINAL - 67416
Órgão Julgador
:
QUINTA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL ANDRÉ NEKATSCHALOW
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Referência
legislativa
:
***** CP-40 CÓDIGO PENAL DE 1940
LEG-FED DEL-2848 ANO-1940 ART-334A PAR-1 ART-334 ART-92 INC-3
LEG-FED DEC-399 ANO-1969 ART-2 ART-3
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/04/2017
..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão