TRF3 0005438-43.2009.4.03.6120 00054384320094036120
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. ESTELIONATO MAJORADO. MATERIALIDADE
COMPROVADA. AUTORIA NÃO COMPROVADA. ABSOLVIÇÃO. APELAÇÃO DA RÉ PROVIDA.
1. A ré foi denunciada por ter supostamente sacado parcelas de benefício
previdenciário de sua avó, após seu óbito, mediante utilização de
cartão bancário e senha pessoal da falecida.
2. Imputada à parte ré a prática de estelionato majorado (artigo 171,
§3º, do Código Penal).
3. Materialidade comprovada nos autos.
4. A materialidade restou amplamente comprovada pela documentação juntada
aos autos, a saber, a certidão de óbito de Mariana Fernandes Vasques Lippe
(?. 37) e a listagem onde consta que o benefício foi pago e sacado até
08/04/2008 (fls. 23/25) e as informações bancárias (fls. 145/149).
5. Autoria não comprovada adequadamente.
6. Não há imagem, ou depoimento que indique a presença da ré na agência,
nas datas dos saques indevidos. Nenhum dos depoimentos prestados pelas
familiares da ré a apontou como a autora dos saques fraudulentos. Há
confusão e distanciamento familiar, que deixa nebulosa a localização da
documentação da falecida Mariana Fernandes Vasques Lippe - especialmente
o cartão magnético utilizado para os saques -, e impede a coerência dos
relatos, daí seus caráteres truncados e aparentemente dissonantes, mas
não contraditórios. A única declaração uníssona de todas as testemunhas
ouvidas foi justamente no sentido de que a falecida se manteve integralmente
lúcida, ativa e independente até às vésperas de seu óbito, e que realizava
atividades, bancárias inclusive, sem qualquer auxílio de familiares. O
depoimento de Francisco Donizeti Mendes (fls. 233), compromissado, coloca a ré
e sua mãe como hospedadas em sua residência na primeira semana de outubro de
2007 e no início de 2008, ocasiões em que ocorreram saques fraudulentos da
aposentadoria de Mariana Fernandes Vasques Lippe. Por derradeiro, a acusada,
em momento algum, confessou a prática do crime.
7. De rigor, a absolvição da ré, dada a ausência de comprovação da
autoria na pessoa da acusada.
8. Apelação provida, para absolver a ré com fundamento no artigo 386, V,
do Código de Processo Penal.
Ementa
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. ESTELIONATO MAJORADO. MATERIALIDADE
COMPROVADA. AUTORIA NÃO COMPROVADA. ABSOLVIÇÃO. APELAÇÃO DA RÉ PROVIDA.
1. A ré foi denunciada por ter supostamente sacado parcelas de benefício
previdenciário de sua avó, após seu óbito, mediante utilização de
cartão bancário e senha pessoal da falecida.
2. Imputada à parte ré a prática de estelionato majorado (artigo 171,
§3º, do Código Penal).
3. Materialidade comprovada nos autos.
4. A materialidade restou amplamente comprovada pela documentação juntada
aos autos, a saber, a certidão de óbito de Mariana Fernandes Vasques Lippe
(?. 37) e a listagem onde consta que o benefício foi pago e sacado até
08/04/2008 (fls. 23/25) e as informações bancárias (fls. 145/149).
5. Autoria não comprovada adequadamente.
6. Não há imagem, ou depoimento que indique a presença da ré na agência,
nas datas dos saques indevidos. Nenhum dos depoimentos prestados pelas
familiares da ré a apontou como a autora dos saques fraudulentos. Há
confusão e distanciamento familiar, que deixa nebulosa a localização da
documentação da falecida Mariana Fernandes Vasques Lippe - especialmente
o cartão magnético utilizado para os saques -, e impede a coerência dos
relatos, daí seus caráteres truncados e aparentemente dissonantes, mas
não contraditórios. A única declaração uníssona de todas as testemunhas
ouvidas foi justamente no sentido de que a falecida se manteve integralmente
lúcida, ativa e independente até às vésperas de seu óbito, e que realizava
atividades, bancárias inclusive, sem qualquer auxílio de familiares. O
depoimento de Francisco Donizeti Mendes (fls. 233), compromissado, coloca a ré
e sua mãe como hospedadas em sua residência na primeira semana de outubro de
2007 e no início de 2008, ocasiões em que ocorreram saques fraudulentos da
aposentadoria de Mariana Fernandes Vasques Lippe. Por derradeiro, a acusada,
em momento algum, confessou a prática do crime.
7. De rigor, a absolvição da ré, dada a ausência de comprovação da
autoria na pessoa da acusada.
8. Apelação provida, para absolver a ré com fundamento no artigo 386, V,
do Código de Processo Penal.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide
a Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por
unanimidade, DAR PROVIMENTO à apelação da ré MARIANA FERNANDES LIPPE
AGUIAR, para ABSOLVÊ-LA da imputação de cometimento do crime previsto
do artigo 171, §3º, do Código Penal, com fundamento no artigo 386, V,
do Código de Processo Penal, nos termos do relatório e voto que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
03/10/2017
Data da Publicação
:
11/10/2017
Classe/Assunto
:
Ap. - APELAÇÃO CRIMINAL - 58116
Órgão Julgador
:
PRIMEIRA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL WILSON ZAUHY
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Referência
legislativa
:
***** CP-40 CÓDIGO PENAL DE 1940
LEG-FED DEL-2848 ANO-1940 ART-171 PAR-3
***** CPP-41 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
LEG-FED DEL-3689 ANO-1941 ART-386 INC-5
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:11/10/2017
..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão