TRF3 0012382-88.2014.4.03.9999 00123828820144039999
CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AUSÊNCIA
DE NULIDADE DA SENTENÇA. REMESSA NECESSÁRIA DESCABIMENTO. PRELIMINARES
REJEITADAS. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOS FATOS
ALEGADOS. TRABALHADORA RURAL. IMPOSSIBILIDADE DA EXTENSÃO DA QUALIFICAÇÃO DO
MARIDO. ATIVIDADE RURAL NÃO DEMONSTRADA. BENEFÍCIO INDEFERIDO. SÚMULA 149
DO STJ. APLICABILIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO DE
OFÍCIO. AUSÊNCIA DE PROVA DO TRABALHO RURAL. VERBAS DE SUCUMBÊNCIA. DEVER
DE PAGAMENTO SUSPENSO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. APELAÇÃO DO INSS PREJUDICADA.
1 - Não houve violação do disposto no artigo 460, parágrafo único, do
Código de Processo Civil. O fato de o magistrado sentenciante ter consignado
que o termo inicial da aposentadoria por idade será "a partir da citação
ou do requerimento do benefício na esfera administrativa, se existente",
por si só, não torna a sentença incerta.
2 - O INSS foi condenado à implantação do benefício de aposentadoria por
idade rural, no valor de um salário mínimo, desde 14/05/2013 e no pagamento
das parcelas vencidas, com os consectários legais. Constata-se, portanto,
que desde o termo inicial do benefício (14/05/2013) até a prolação
da sentença (02/12/2013), somam-se 06 (seis) meses, totalizando assim,
06 (seis) prestações cujo montante, mesmo devidamente corrigido e com a
incidência dos juros de mora e verba honorária, se afigura inferior ao
limite de alçada estabelecido na lei processual.
3 - A aposentadoria por idade do trabalhador rural encontra previsão no
art. 48, §§1º e 2º, da Lei nº 8.213/91.
4 - A autora pleiteia a concessão de aposentadoria por idade rural. Nasceu
em 03 de maio de 1952, com implemento do requisito etário em 03 de maio de
2007. Deveria, portanto, comprovar nos autos o exercício do labor rural,
em período imediatamente anterior a 2007, ao longo de, ao menos, 156 (cento
e cinquenta e seis) meses, conforme determinação contida no art. 142 da
Lei nº 8.213/91.
5 - A inicial da presente demanda veio instruída com cópia da CTPS autora,
na qual constam registros de caráter rural, nos períodos de 07/06/1971
a 03/07/1971, de 20/01/1982 a 30/04/1982, de 10/05/1982 a 15/12/1982 e
de 17/01/1983 a 19/03/1983. Tal documento, embora seja prova plena do
exercício de atividade laborativa rural nos interregnos neles apontados,
não se constitui - quando apresentado isoladamente - em suficiente início
de prova material do labor nas lides campesinas em outros períodos que nele
não constam.
6 - A autora também trouxe certidão de seu casamento, realizado em 1973,
na qual o cônjuge foi qualificado como lavrador.
7 - Ante a ausência de início de prova material contemporâneo aos fatos
alegados, resta inviabilizado o reconhecimento de labor rural por todo o
tempo pleiteado.
8 - Benefício de aposentadoria por idade rural indeferido.
9 - Extinção da demanda, sem resolução do mérito, a fim de possibilitar
a propositura de nova ação, caso a requerente venha a conseguir documentos
que comprovem o labor desenvolvido na qualidade de rurícola até o implemento
do requisito etário. Entendimento consolidado do C. STJ, em julgado proferido
sob a sistemática dos recursos repetitivos, conforme art. 543-C do CPC/1973:
REsp 1.352.721/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 16/12/2015, DJe 28/04/2016.
10 - Condenação da parte autora no pagamento das despesas processuais e
dos honorários advocatícios, observados os benefícios da assistência
judiciária gratuita (arts. 11, §2º, e 12, ambos da Lei 1.060/50,
reproduzidos pelo §3º do art. 98 do CPC), já que deu causa à extinção
do processo sem resolução do mérito.
11 - Preliminares rejeitadas. Extinção do processo sem resolução do mérito
de ofício. Ausência de prova do trabalho rural. Verbas de sucumbência. Dever
de pagamento suspenso. Gratuidade da justiça. Apelação do INSS prejudicada.
Ementa
CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AUSÊNCIA
DE NULIDADE DA SENTENÇA. REMESSA NECESSÁRIA DESCABIMENTO. PRELIMINARES
REJEITADAS. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOS FATOS
ALEGADOS. TRABALHADORA RURAL. IMPOSSIBILIDADE DA EXTENSÃO DA QUALIFICAÇÃO DO
MARIDO. ATIVIDADE RURAL NÃO DEMONSTRADA. BENEFÍCIO INDEFERIDO. SÚMULA 149
DO STJ. APLICABILIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO DE
OFÍCIO. AUSÊNCIA DE PROVA DO TRABALHO RURAL. VERBAS DE SUCUMBÊNCIA. DEVER
DE PAGAMENTO SUSPENSO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. APELAÇÃO DO INSS PREJUDICADA.
1 - Não houve violação do disposto no artigo 460, parágrafo único, do
Código de Processo Civil. O fato de o magistrado sentenciante ter consignado
que o termo inicial da aposentadoria por idade será "a partir da citação
ou do requerimento do benefício na esfera administrativa, se existente",
por si só, não torna a sentença incerta.
2 - O INSS foi condenado à implantação do benefício de aposentadoria por
idade rural, no valor de um salário mínimo, desde 14/05/2013 e no pagamento
das parcelas vencidas, com os consectários legais. Constata-se, portanto,
que desde o termo inicial do benefício (14/05/2013) até a prolação
da sentença (02/12/2013), somam-se 06 (seis) meses, totalizando assim,
06 (seis) prestações cujo montante, mesmo devidamente corrigido e com a
incidência dos juros de mora e verba honorária, se afigura inferior ao
limite de alçada estabelecido na lei processual.
3 - A aposentadoria por idade do trabalhador rural encontra previsão no
art. 48, §§1º e 2º, da Lei nº 8.213/91.
4 - A autora pleiteia a concessão de aposentadoria por idade rural. Nasceu
em 03 de maio de 1952, com implemento do requisito etário em 03 de maio de
2007. Deveria, portanto, comprovar nos autos o exercício do labor rural,
em período imediatamente anterior a 2007, ao longo de, ao menos, 156 (cento
e cinquenta e seis) meses, conforme determinação contida no art. 142 da
Lei nº 8.213/91.
5 - A inicial da presente demanda veio instruída com cópia da CTPS autora,
na qual constam registros de caráter rural, nos períodos de 07/06/1971
a 03/07/1971, de 20/01/1982 a 30/04/1982, de 10/05/1982 a 15/12/1982 e
de 17/01/1983 a 19/03/1983. Tal documento, embora seja prova plena do
exercício de atividade laborativa rural nos interregnos neles apontados,
não se constitui - quando apresentado isoladamente - em suficiente início
de prova material do labor nas lides campesinas em outros períodos que nele
não constam.
6 - A autora também trouxe certidão de seu casamento, realizado em 1973,
na qual o cônjuge foi qualificado como lavrador.
7 - Ante a ausência de início de prova material contemporâneo aos fatos
alegados, resta inviabilizado o reconhecimento de labor rural por todo o
tempo pleiteado.
8 - Benefício de aposentadoria por idade rural indeferido.
9 - Extinção da demanda, sem resolução do mérito, a fim de possibilitar
a propositura de nova ação, caso a requerente venha a conseguir documentos
que comprovem o labor desenvolvido na qualidade de rurícola até o implemento
do requisito etário. Entendimento consolidado do C. STJ, em julgado proferido
sob a sistemática dos recursos repetitivos, conforme art. 543-C do CPC/1973:
REsp 1.352.721/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 16/12/2015, DJe 28/04/2016.
10 - Condenação da parte autora no pagamento das despesas processuais e
dos honorários advocatícios, observados os benefícios da assistência
judiciária gratuita (arts. 11, §2º, e 12, ambos da Lei 1.060/50,
reproduzidos pelo §3º do art. 98 do CPC), já que deu causa à extinção
do processo sem resolução do mérito.
11 - Preliminares rejeitadas. Extinção do processo sem resolução do mérito
de ofício. Ausência de prova do trabalho rural. Verbas de sucumbência. Dever
de pagamento suspenso. Gratuidade da justiça. Apelação do INSS prejudicada.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
por unanimidade, rejeitar as preliminares e, de ofício, em atenção ao
determinado no REsp 1.352.721/SP, julgado na forma do art. 543-C do CPC/1973,
extinguir o processo, sem resolução do mérito, com fulcro no art. 267,
IV, do mesmo diploma legislativo (art. 485, IV, do CPC/2015), diante da não
comprovação do trabalho rural; por conseguinte, julgar prejudicado o apelo
do INSS, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante
do presente julgado.
Data do Julgamento
:
08/10/2018
Data da Publicação
:
18/10/2018
Classe/Assunto
:
Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1964915
Órgão Julgador
:
SÉTIMA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS DELGADO
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Indexação
:
VIDE EMENTA.
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:18/10/2018
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