TRF3 0012818-78.2013.4.03.6120 00128187820134036120
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDAP/GDASS. EXTENSÃO AOS
INATIVOS. POSSIBILIDADE. JUROS DE MORA. LEI Nº 11.960/2009. APLICAÇÃO
IMEDIATA. HONORÁRIOS. RECURSO IMPROVIDO.
1- No que se refere especificamente à Gratificação de Desempenho de
Atividades do Seguro Social (GDASS), verifica-se que a mesma foi instituída
pela Medida Provisória n. 146/2003, convertida na Lei n. 10.855/2004,
alterada pela Lei n. 11.501/2007.
2- Da simples leitura dos dispositivos supra transcritos, depreende-se que,
até que fosse realizada a avaliação pela Administração, ocorreria
uma disparidade entre as vantagens recebidas pelo servidor ativo, e as
percebidas pelos inativos, sendo tal assunto objeto de posicionamento
da jurisprudência no sentido de que, em razão da equivalência das
gratificações como GDATA/GDAP/GDASS, a aplicação das alíquotas deve
ser isonômica entre ativos e inativos. Neste sentido, já decidiu o STF
inclusive sob a sistemática do art. 543-A do CPC.
3- É devido o pagamento aos inativos, observados os mesmos parâmetros
utilizados no pagamento da gratificação aos servidores da ativa, tendo em
vista a falta das necessárias avaliações de desempenho. Neste sentido,
orienta-se a jurisprudência do STJ.
4- a partir da edição da Instrução Normativa INSS/PRES n. 38 e da Portaria
INSS/PRES n. 397, publicadas no DOU de 23/04/2009, foram disciplinados os
critérios e procedimentos para a avaliação de desempenho individual
e institucional dos servidores ativos integrantes da Carreira do Seguro
Social, bem como as metas a serem atingidas no primeiro ciclo de avaliação
institucional, que se realizou no período de 1º de maio a 31 de outubro
de 2009.
5- A partir de 1º de maio de 2009, consideram-se definidos os critérios
para aferição da GDASS, ocasião em que deverá prevalecer o seu caráter
pro labore faciendo, motivo pelo qual os inativos e pensionistas fazem
jus ao referido benefício, a partir de então, na forma do art. 16 da Lei
10.855/2004
6- No que tange à correção monetária e aos juros de mora, adoto o
entendimento no sentido de que, sobrevindo nova lei que altere os respectivos
critérios, a nova disciplina legal tem aplicação imediata, inclusive aos
processos já em curso. Contudo, essa aplicação não tem efeito retroativo,
ou seja, não alcança o período de tempo anterior à lei nova, que permanece
regido pela lei então vigente, nos termos do que foi decidido pelo STJ no
REsp n. 1205946/SP, DJE 02/02/2012.
7- A partir de 01/07/2009, a título de correção monetária e juros
moratórios, aplicam-se os critérios previstos no artigo 1º-F da Lei
n. 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei n. 11.960/2009, quais
sejam, os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança, em uma única incidência, até a data do efetivo
pagamento. Quanto a esse último período, cabem algumas considerações.
8- O entendimento até então pacífico na jurisprudência pela aplicação da
regra da Lei n. 11.960/2009 restou abalado com a decisão do STF no julgamento
da ADIn 4.357, que declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento,
da expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança" contida no art. 5º da lei, em decorrência da aplicação do
entendimento já consagrado no STF no sentido da imprestabilidade da TR como
critério de correção monetária.
9- Na sessão do dia 26/03/15, o STF modulou os efeitos da ADIN 4357 nos
seguintes termos: 1- modular os efeitos para que se dê sobrevida ao regime
especial de pagamento de precatórios, instituído pela Emenda Constitucional
nº 62/2009, por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro
de janeiro de 2016; 2- conferir eficácia prospectiva à declaração de
inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco
inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão de ordem
(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até
esta data, a saber: 2.1- fica mantida a aplicação do índice oficial
de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da
Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual
(i) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios
tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda
Pública corrige seus créditos tributários; e 2.2- ficam resguardados
os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal,
com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam
o IPCA-E como índice de correção monetária;
10- Concluindo, aplica-se a TR até 25/03/2015, a partir de quando esse
índice é substituído pelo IPCA-E.
11- O arbitramento dos honorários está adstrito ao critério de valoração,
perfeitamente delineado na legislação vigente, art. 20 do CPC. Firme,
também, a orientação acerca da necessidade de que o valor arbitrado permita
a justa e adequada remuneração dos vencedores, sem contribuir para o seu
enriquecimento sem causa, ou para a imposição de ônus excessivo a quem
decaiu da respectiva pretensão, cumprindo, assim, o montante da condenação
com a finalidade própria do instituto da sucumbência, calcado no princípio
da causalidade e da responsabilidade processual (STJ, REsp 1.111.002/SP,
Rel. Min. MAURO CAMPBELL, na sistemática do art. 543-C do CPC).
12- Mantida a condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios,
fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), diante da ausência de recurso da
parte autora e da Súmula 45/STJ.
13- Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática,
o agravo legal deve ser improvido.
Ementa
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDAP/GDASS. EXTENSÃO AOS
INATIVOS. POSSIBILIDADE. JUROS DE MORA. LEI Nº 11.960/2009. APLICAÇÃO
IMEDIATA. HONORÁRIOS. RECURSO IMPROVIDO.
1- No que se refere especificamente à Gratificação de Desempenho de
Atividades do Seguro Social (GDASS), verifica-se que a mesma foi instituída
pela Medida Provisória n. 146/2003, convertida na Lei n. 10.855/2004,
alterada pela Lei n. 11.501/2007.
2- Da simples leitura dos dispositivos supra transcritos, depreende-se que,
até que fosse realizada a avaliação pela Administração, ocorreria
uma disparidade entre as vantagens recebidas pelo servidor ativo, e as
percebidas pelos inativos, sendo tal assunto objeto de posicionamento
da jurisprudência no sentido de que, em razão da equivalência das
gratificações como GDATA/GDAP/GDASS, a aplicação das alíquotas deve
ser isonômica entre ativos e inativos. Neste sentido, já decidiu o STF
inclusive sob a sistemática do art. 543-A do CPC.
3- É devido o pagamento aos inativos, observados os mesmos parâmetros
utilizados no pagamento da gratificação aos servidores da ativa, tendo em
vista a falta das necessárias avaliações de desempenho. Neste sentido,
orienta-se a jurisprudência do STJ.
4- a partir da edição da Instrução Normativa INSS/PRES n. 38 e da Portaria
INSS/PRES n. 397, publicadas no DOU de 23/04/2009, foram disciplinados os
critérios e procedimentos para a avaliação de desempenho individual
e institucional dos servidores ativos integrantes da Carreira do Seguro
Social, bem como as metas a serem atingidas no primeiro ciclo de avaliação
institucional, que se realizou no período de 1º de maio a 31 de outubro
de 2009.
5- A partir de 1º de maio de 2009, consideram-se definidos os critérios
para aferição da GDASS, ocasião em que deverá prevalecer o seu caráter
pro labore faciendo, motivo pelo qual os inativos e pensionistas fazem
jus ao referido benefício, a partir de então, na forma do art. 16 da Lei
10.855/2004
6- No que tange à correção monetária e aos juros de mora, adoto o
entendimento no sentido de que, sobrevindo nova lei que altere os respectivos
critérios, a nova disciplina legal tem aplicação imediata, inclusive aos
processos já em curso. Contudo, essa aplicação não tem efeito retroativo,
ou seja, não alcança o período de tempo anterior à lei nova, que permanece
regido pela lei então vigente, nos termos do que foi decidido pelo STJ no
REsp n. 1205946/SP, DJE 02/02/2012.
7- A partir de 01/07/2009, a título de correção monetária e juros
moratórios, aplicam-se os critérios previstos no artigo 1º-F da Lei
n. 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei n. 11.960/2009, quais
sejam, os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança, em uma única incidência, até a data do efetivo
pagamento. Quanto a esse último período, cabem algumas considerações.
8- O entendimento até então pacífico na jurisprudência pela aplicação da
regra da Lei n. 11.960/2009 restou abalado com a decisão do STF no julgamento
da ADIn 4.357, que declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento,
da expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança" contida no art. 5º da lei, em decorrência da aplicação do
entendimento já consagrado no STF no sentido da imprestabilidade da TR como
critério de correção monetária.
9- Na sessão do dia 26/03/15, o STF modulou os efeitos da ADIN 4357 nos
seguintes termos: 1- modular os efeitos para que se dê sobrevida ao regime
especial de pagamento de precatórios, instituído pela Emenda Constitucional
nº 62/2009, por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro
de janeiro de 2016; 2- conferir eficácia prospectiva à declaração de
inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco
inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão de ordem
(25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até
esta data, a saber: 2.1- fica mantida a aplicação do índice oficial
de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da
Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual
(i) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios
tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda
Pública corrige seus créditos tributários; e 2.2- ficam resguardados
os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal,
com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam
o IPCA-E como índice de correção monetária;
10- Concluindo, aplica-se a TR até 25/03/2015, a partir de quando esse
índice é substituído pelo IPCA-E.
11- O arbitramento dos honorários está adstrito ao critério de valoração,
perfeitamente delineado na legislação vigente, art. 20 do CPC. Firme,
também, a orientação acerca da necessidade de que o valor arbitrado permita
a justa e adequada remuneração dos vencedores, sem contribuir para o seu
enriquecimento sem causa, ou para a imposição de ônus excessivo a quem
decaiu da respectiva pretensão, cumprindo, assim, o montante da condenação
com a finalidade própria do instituto da sucumbência, calcado no princípio
da causalidade e da responsabilidade processual (STJ, REsp 1.111.002/SP,
Rel. Min. MAURO CAMPBELL, na sistemática do art. 543-C do CPC).
12- Mantida a condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios,
fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), diante da ausência de recurso da
parte autora e da Súmula 45/STJ.
13- Inexistindo fundamentos hábeis a alterar a decisão monocrática,
o agravo legal deve ser improvido.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide
a Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por
unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao agravo legal, nos termos do relatório e
voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
21/02/2017
Data da Publicação
:
20/03/2017
Classe/Assunto
:
APELREEX - APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA - 2000619
Órgão Julgador
:
PRIMEIRA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Referência
legislativa
:
LEG-FED LEI-11960 ANO-2009 ART-5
LEG-FED MPR-146 ANO-2003
LEG-FED LEI-10855 ANO-2004 ART-16
LEG-FED LEI-11501 ANO-2007
***** CPC-73 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973
LEG-FED LEI-5869 ANO-1973 ART-543A ART-543C ART-20
LEG-FED PRT-397 ANO-2009
LEG-FED INT-38 ANO-2009
LEG-FED LEI-9494 ANO-1997 ART-1F
LEG-FED EMC-62 ANO-2009
LEG-FED LEI-12919 ANO-2013 ART-27
LEG-FED LEI-13080 ANO-2015
***** STJ SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
LEG-FED SUM-45
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:20/03/2017
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