TRF3 0018539-33.2016.4.03.0000 00185393320164030000
AGRAVO DE INSTUMENTO - AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO - TUTELA PROVISÓRIA -
ART. 300, CPC - MEDICAMENTO NÃO REGISTRADO - POSSIBILIDADE - DIREITO À
VIDA , À DIGNIDADE HUMANA - ART. 5º, CF - RECURSO PROVIDO.
1.Cuida-se em essência de agravo de instrumento interposto para reformar
decisão sobre pedido de tutela provisória .
2.O Código de Processo Civil de 2015 conferiu nova roupagem às tutelas
provisórias , determinando sua instrumentalidade, sempre acessórias a
uma tutela cognitiva ou executiva, podendo ser antecedente ou incidente
(artigo 295) ao processo principal.
3.No caso das tutelas provisórias de urgência , requerem-se, para sua
concessão, elementos que evidenciem a probabilidade do direito, perigo
de dano ou risco ao resultado útil do processo e a ausência de perigo de
irreversibilidade da decisão.
4.Pleiteia o agravante, menor acometido por doença grave, denominada
Deficiência da Lipase Ácida Lisossômica", também conhecida coo
"Deficiência de LAL (LAL-D), o medicamento Kanuma® (Sebelipase Alfa), não
incluído nas listas do Sistema Único de Saúde e sem registro na ANVISA.
5.O fornecimento gratuito de medicamentos deve atingir toda a medicação
necessária ao tratamento dos necessitados, significando que não só são
devidos os remédios padronizados pelo Ministério da Saúde, como todos
aqueles que porventura sejam necessários às particularidades de cada paciente
e que, sob a óptica de princípios constitucionais, como os da dignidade
humana, do direito à saúde, da assistência social e da solidariedade,
infere-se a lesão grave e de difícil reparação que se mostra, na verdade,
na expectativa de vida do paciente, ou ainda na sua qualidade de vida,
autorizando a antecipação dos efeitos da tutela nos autos de origem.
6.O direito ao medicamento pleiteado decorre de garantias constitucionais, como
os direitos à vida (art. 5.º, caput, CF) e à saúde (arts. 6.º e 196, CF),
entre outros, competindo a todos os entes federativos o seu fornecimento .
7.Compulsando os autos, verifica-se que há prova da necessidade do tratamento,
bem como da deficiência física do agravante e receituário prescrevendo
o tratamento, nos exatos termos do pedido (fls. 59/156).
8.Presentes os requisitos autorizadores da tutela de urgência, nos termos
do art. 300, CPC, diante probabilidade do direito alegada, bem como o perigo
de dano, frente ao possível agravamento do doença.
9.O sobrestamento determinado em sede do REsp 1.657.156 - RJ, não tem o
condão de obstar o deferimento da antecipação da tutela nestes autos,
porquanto naqueles restou consignado, em 31/5/2017: " torna-se patente
que a suspensão do processamento dos processos pendentes, determinada no
art. 1.037, II, do CPC/2015, não impede que os Juízos concedam, em qualquer
fase do processo, tutela provisória de urgência, desde que satisfeitos
os requisitos contidos no art. 300 do CPC/2015, e deem cumprimento àquelas
que já foram deferidas." (grifos originais).
10.Agravo de instrumento provido.
Ementa
AGRAVO DE INSTUMENTO - AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO - TUTELA PROVISÓRIA -
ART. 300, CPC - MEDICAMENTO NÃO REGISTRADO - POSSIBILIDADE - DIREITO À
VIDA , À DIGNIDADE HUMANA - ART. 5º, CF - RECURSO PROVIDO.
1.Cuida-se em essência de agravo de instrumento interposto para reformar
decisão sobre pedido de tutela provisória .
2.O Código de Processo Civil de 2015 conferiu nova roupagem às tutelas
provisórias , determinando sua instrumentalidade, sempre acessórias a
uma tutela cognitiva ou executiva, podendo ser antecedente ou incidente
(artigo 295) ao processo principal.
3.No caso das tutelas provisórias de urgência , requerem-se, para sua
concessão, elementos que evidenciem a probabilidade do direito, perigo
de dano ou risco ao resultado útil do processo e a ausência de perigo de
irreversibilidade da decisão.
4.Pleiteia o agravante, menor acometido por doença grave, denominada
Deficiência da Lipase Ácida Lisossômica", também conhecida coo
"Deficiência de LAL (LAL-D), o medicamento Kanuma® (Sebelipase Alfa), não
incluído nas listas do Sistema Único de Saúde e sem registro na ANVISA.
5.O fornecimento gratuito de medicamentos deve atingir toda a medicação
necessária ao tratamento dos necessitados, significando que não só são
devidos os remédios padronizados pelo Ministério da Saúde, como todos
aqueles que porventura sejam necessários às particularidades de cada paciente
e que, sob a óptica de princípios constitucionais, como os da dignidade
humana, do direito à saúde, da assistência social e da solidariedade,
infere-se a lesão grave e de difícil reparação que se mostra, na verdade,
na expectativa de vida do paciente, ou ainda na sua qualidade de vida,
autorizando a antecipação dos efeitos da tutela nos autos de origem.
6.O direito ao medicamento pleiteado decorre de garantias constitucionais, como
os direitos à vida (art. 5.º, caput, CF) e à saúde (arts. 6.º e 196, CF),
entre outros, competindo a todos os entes federativos o seu fornecimento .
7.Compulsando os autos, verifica-se que há prova da necessidade do tratamento,
bem como da deficiência física do agravante e receituário prescrevendo
o tratamento, nos exatos termos do pedido (fls. 59/156).
8.Presentes os requisitos autorizadores da tutela de urgência, nos termos
do art. 300, CPC, diante probabilidade do direito alegada, bem como o perigo
de dano, frente ao possível agravamento do doença.
9.O sobrestamento determinado em sede do REsp 1.657.156 - RJ, não tem o
condão de obstar o deferimento da antecipação da tutela nestes autos,
porquanto naqueles restou consignado, em 31/5/2017: " torna-se patente
que a suspensão do processamento dos processos pendentes, determinada no
art. 1.037, II, do CPC/2015, não impede que os Juízos concedam, em qualquer
fase do processo, tutela provisória de urgência, desde que satisfeitos
os requisitos contidos no art. 300 do CPC/2015, e deem cumprimento àquelas
que já foram deferidas." (grifos originais).
10.Agravo de instrumento provido.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide
a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
23/08/2017
Data da Publicação
:
01/09/2017
Classe/Assunto
:
AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 589536
Órgão Julgador
:
TERCEIRA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL NERY JUNIOR
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Referência
legislativa
:
***** CPC-15 CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
LEG-FED LEI-13105 ANO-2015 ART-300 ART-295 ART-1037 INC-2
***** CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
LEG-FED ANO-1988 ART-5 ART-6 ART-196
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/09/2017
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