TRF3 0031271-17.1995.4.03.6100 00312711719954036100
DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO
ORDINÁRIA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA ANTE SUPOSTO
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. QUESTÃO EXCLUSIVAMENTE DE
DIREITO A DISPENSAR A PRODUÇÃO DA PROVA PLEITEADA. AUDITOR FISCAL
DO TESOURO NACIONAL. INDENIZAÇÃO PREVISTA PELO ART. 2º, §5º,
I, DA LEI N. 7.293/89 QUE TOMA POR BASE DE CÁLCULO O VENCIMENTO
BÁSICO DO SERVIDOR PÚBLICO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR
AFRONTA À ISONOMIA. IMPOSSIBILIDADE DE SE PROMOVER O CONTROLE DIFUSO DE
CONSTITUCIONALIDADE QUANDO ESTE IMPORTAR A EXTINÇÃO DO ÚNICO CRITÉRIO
PREVISTO EM LEI PARA CÁLCULO DE INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE. SEPARAÇÃO
DOS PODERES. ATUAÇÃO NEGATIVA DO JUDICIÁRIO. APELAÇÃO IMPROVIDA.
- A parte apelante alega, em preliminar recursal, que a sentença padece de
nulidade, por ter cometido suposto cerceamento de defesa, consistente no
não deferimento de requerimento para que se apresentasse a certidão dos
deslocamentos realizados pelo autor no período em que exerceu a atividade de
fiscalização externa na condição de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. A
ação foi proposta com o fito de se reconhecer a inconstitucionalidade por
via incidental do artigo 2º, §5º, I, da Lei n. 7.923/89.
- Em sendo assim, a questão vertida nos autos é exclusivamente de
direito, não se fazendo necessária a produção da prova pleiteada pelo
autor-apelante. Ora, pela sistemática processual vigente, o juiz está
autorizado a julgar a demanda que lhe for apresentada de acordo com o seu
livre convencimento, apreciando e valorando as provas produzidas pelas partes,
assim como indeferindo as provas impertinentes, desde que motive a decisão
proferida, sob pena de nulidade.
- No que atina ao mérito, melhor sorte não assiste à apelante. No sistema
que consagra a declaração incidental de inconstitucionalidade, o Poder
Judiciário atuou como "legislador negativo", na linguagem já consagrada
no meio jurídico nacional. Tal atividade, portanto, é limitada a retirar
do ordenamento jurídico norma viciada de inconstitucionalidade, formal
ou material, não lhe sendo dado, ao juiz, ao lado de declarar o vício
constitucional, criar nova norma dirigida ao Poder Público, atuando, aí,
como verdadeiro legislador ordinário, criador de norma de natureza geral
e abstrata, mesmo que voltada à solução do caso concreto.
- Daí, a pretensão do autor em ver alterado o critério de recomposição
financeira prevista para o exercício de sua atividade fiscalizatória
não pode ser modificada, a não ser que pela mesma via em que criada pelo
processo legislativo. Também assinala o juiz, com acerto, que "neste caso,
a declaração de inconstitucionalidade à extinção do único critério
previsto em lei para o cálculo da indenização de transporte". O controle
difuso de constitucionalidade só pode ser exercido quando se mostra
útil, no caso concreto submetido à jurisdição, não se o admitindo
quando resulte, segundo a teoria dos jogos, em soma zero. Se a sentença
tem de ter efetividade, para ser entendida como fonte singular do Direito,
por certo que não pode ela ser proferida para simplesmente declarar a
inconstitucionalidade de uma norma em concreto, sem que daí resulte para
o interessado - postulante - qualquer consequência de ordem prática.
- Recurso de apelação a que se nega provimento.
Ementa
DIREITO CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO
ORDINÁRIA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA ANTE SUPOSTO
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. QUESTÃO EXCLUSIVAMENTE DE
DIREITO A DISPENSAR A PRODUÇÃO DA PROVA PLEITEADA. AUDITOR FISCAL
DO TESOURO NACIONAL. INDENIZAÇÃO PREVISTA PELO ART. 2º, §5º,
I, DA LEI N. 7.293/89 QUE TOMA POR BASE DE CÁLCULO O VENCIMENTO
BÁSICO DO SERVIDOR PÚBLICO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR
AFRONTA À ISONOMIA. IMPOSSIBILIDADE DE SE PROMOVER O CONTROLE DIFUSO DE
CONSTITUCIONALIDADE QUANDO ESTE IMPORTAR A EXTINÇÃO DO ÚNICO CRITÉRIO
PREVISTO EM LEI PARA CÁLCULO DE INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE. SEPARAÇÃO
DOS PODERES. ATUAÇÃO NEGATIVA DO JUDICIÁRIO. APELAÇÃO IMPROVIDA.
- A parte apelante alega, em preliminar recursal, que a sentença padece de
nulidade, por ter cometido suposto cerceamento de defesa, consistente no
não deferimento de requerimento para que se apresentasse a certidão dos
deslocamentos realizados pelo autor no período em que exerceu a atividade de
fiscalização externa na condição de Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. A
ação foi proposta com o fito de se reconhecer a inconstitucionalidade por
via incidental do artigo 2º, §5º, I, da Lei n. 7.923/89.
- Em sendo assim, a questão vertida nos autos é exclusivamente de
direito, não se fazendo necessária a produção da prova pleiteada pelo
autor-apelante. Ora, pela sistemática processual vigente, o juiz está
autorizado a julgar a demanda que lhe for apresentada de acordo com o seu
livre convencimento, apreciando e valorando as provas produzidas pelas partes,
assim como indeferindo as provas impertinentes, desde que motive a decisão
proferida, sob pena de nulidade.
- No que atina ao mérito, melhor sorte não assiste à apelante. No sistema
que consagra a declaração incidental de inconstitucionalidade, o Poder
Judiciário atuou como "legislador negativo", na linguagem já consagrada
no meio jurídico nacional. Tal atividade, portanto, é limitada a retirar
do ordenamento jurídico norma viciada de inconstitucionalidade, formal
ou material, não lhe sendo dado, ao juiz, ao lado de declarar o vício
constitucional, criar nova norma dirigida ao Poder Público, atuando, aí,
como verdadeiro legislador ordinário, criador de norma de natureza geral
e abstrata, mesmo que voltada à solução do caso concreto.
- Daí, a pretensão do autor em ver alterado o critério de recomposição
financeira prevista para o exercício de sua atividade fiscalizatória
não pode ser modificada, a não ser que pela mesma via em que criada pelo
processo legislativo. Também assinala o juiz, com acerto, que "neste caso,
a declaração de inconstitucionalidade à extinção do único critério
previsto em lei para o cálculo da indenização de transporte". O controle
difuso de constitucionalidade só pode ser exercido quando se mostra
útil, no caso concreto submetido à jurisdição, não se o admitindo
quando resulte, segundo a teoria dos jogos, em soma zero. Se a sentença
tem de ter efetividade, para ser entendida como fonte singular do Direito,
por certo que não pode ela ser proferida para simplesmente declarar a
inconstitucionalidade de uma norma em concreto, sem que daí resulte para
o interessado - postulante - qualquer consequência de ordem prática.
- Recurso de apelação a que se nega provimento.Decisão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide
a Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por
unanimidade, negar provimento ao recurso de apelação interposto, nos termos
do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Data do Julgamento
:
24/04/2018
Data da Publicação
:
08/05/2018
Classe/Assunto
:
Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1068327
Órgão Julgador
:
PRIMEIRA TURMA
Relator(a)
:
DESEMBARGADOR FEDERAL WILSON ZAUHY
Comarca
:
TRIBUNAL - TERCEIRA REGIÃO
Tipo
:
Acórdão
Indexação
:
VIDE EMENTA.
Fonte da publicação
:
e-DJF3 Judicial 1 DATA:08/05/2018
..FONTE_REPUBLICACAO:
Mostrar discussão