TJPA 0094729-32.2015.8.14.0000
3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0094729-32.2015.8.14.0000 JUÍZO DE ORIGEM: 11ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELÉM/PA AGRAVANTE: PAULO CÉSAR FRANCO DE MOURA ADVOGADO: EDGAR JARDIM DA CONCEIÇÃO AGRAVADO: NOVA GESTÕES RECUPERAÇÃO DE ATIVOSS AGRAVADO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S/A RELATORA: DESA. EDINÉA OLIVEIRA TAVARES AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. REGISTRO NO ROL DE DEVEDORES. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE REQUISITOS NECESSÁRIOS AO DEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Inexistindo prova inequívoca do efetivo pagamento, não há que se falar em tutela antecipada para suspender os atos de cobrança. 2. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: a) a ação for fundada em questionamento integral ou parcial do débito; b) ficar demonstrada que a cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; c) for depositada a parcela incontroversa ou prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz. A pretensão deduzida pela parte, à primeira vista, não se encontra amparada pela Jurisprudência dos Tribunais Superiores. 3. Recuso desprovido. DECISÃO MONOCRÁTICA A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA EDINÉA OLIVEIRA TAVARES (RELATORA): Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO, com pedido de antecipação da tutela recursal interposto por PAULO CÉSAR FRANCO DE MOURA, em face de decisão proferida pelo M.M. Juízo da 11ª Vara Cível da Comarca de Belém/PA, que indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS nº 0074134-79.2015.8.14.0301, que move em face de BANCO BRADESCO FIANCIAMENTOS S/A e NOVA GESTÕES - RECUPERAÇÃO DE ATIVOS. Insurge-se o Agravante contra a decisão do Juízo da 11ª Vara Cível de Belém que indeferiu o pedido de tutela antecipada pretendida pelo Autor, ora Agravante, para que os Agravados se abstenham de efetuar cobranças referentes ao contrato de Financiamento, fls. 31-44 dos autos. Aduz, que apesar de ter ficado inadimplente com o pagamento das parcelas do contrato, realizou acordo com as Agravadas para a quitação do débito, ocasião em que pagou o valor integral que devia, e, que apesar disso, as Agravadas continuaram com insistentes cobranças tendo inclusive realizado a inscrição do Agravante nos órgãos de proteção ao crédito e realizado o protesto da cobrança, conforme documentos que carreou aos autos. Requer, ainda, a concessão da antecipação dos efeitos da tutela recursal para determinar que a primeira Agravada Banco Bradesco Financiamento S/S: 1 - Exclua o nome do Agravante dos órgão de proteção ao crédito; 2 - Adote as providências necessárias para a baixa do protesto relacionado ao nome do CPF do Agravante referente ao contrato nº 4332839421 no Cartório do 1º Ofício Vale Veiga; 3 - Que ambas as Agravadas cessem todo e qualquer tipo de cobrança, tudo sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 em caso de descumprimento. Requer ao final, que seja a tutela antecipada transformada em definitiva. É o relatório. D E C I D O. Registro inicialmente que as provas colacionadas não traduzem o convencimento para a concessão da tutela antecipada pretendida e requerida na forma do art. 273 e ss. do CPC e 527, III nesta instância recursal. É que compulsando os autos constatou-se que o contrato de fls. 31-44, demonstra que o débito contraído pelo Agravante alcançava à época da assinatura, o valor de R$ 132.840,00 (cento e trinta e dois mil, oitocentos e quarenta reais), tendo o Agravante efetuado como entrada o pagamento no valor de R$ 26.568,00, (vinte e seis mil, quinhentos e sessenta e oito reais), com o financiamento do saldo residual de R$ 106.272,00 (cento e seis mil, duzentos e setenta e dois reais) Pois bem, o Agravante sustenta que decorridos alguns meses e por passar por problemas pessoais, não conseguiu honrar com os sobreditos pagamentos, e, que após alguns meses o primeiro Agravado lhe fez uma proposta para pagamento do débito, o que foi aceito. Juntou aos autos o boleto de fls. 55, demonstrando o pagamento do valor de R$ 40.100,00 (quarenta mil e cem reais). Com efeito, verifico que há grande diferença entre o valor contratual e aquele que o Agravante demonstra ter efetuado o pagamento, e, ao menos nesta análise prematura do processo, vejo que inexiste a tenra possibilidade em acolher a tese do Agravante, pelo que deve manter-se incólume a decisão do Juízo originário que indeferiu o pedido de tutela antecipada. Ademais, verifico não estarem presentes requisitos necessários ao deferimento da tutela de urgência pleiteada, qual seja a demonstração de que o pleito se funda na aparência do bom direito, e, prestação de caução idônea. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO EM CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO. TUTELA ANTECIPADA. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 273/CPC. SÚMULA 7/STJ. 1. A conclusão a que chegou o Tribunal a quo, acerca da falta dos requisitos autorizadores para antecipação dos efeitos da tutela, decorreu de convicção formada em face dos elementos fáticos existentes nos autos e interpretação do contrato. Rever os fundamentos do acórdão recorrido importaria necessariamente no reexame de provas, o que é defeso nesta fase recursal o que é defeso nesta fase recursal (Súmula 7/STJ) e impede o conhecimento do recurso. 2. A simples discussão judicial da dívida não é suficiente para obstaculizar ou remover a negativação do devedor nos bancos de dados, a qual depende da presença concomitante dos seguintes requisitos: a) ação proposta pelo devedor contestando a existência integral ou parcial do débito; b) efetiva demonstração de que a pretensão se funda na aparência do bom direito; e c) depósito ou prestação de caução idônea do valor referente à parcela incontroversa, para o caso de a contestação ser apenas de parte do débito. (Resp n. 1.061.530, Segunda Seção, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 10/30/2009). 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 177.839/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 29/06/2012). Grifei. Dessa forma, seja pela inexistência dos requisitos necessários ao deferimento da antecipação da tutela pretendida, ou, pelo entendimento jurisprudencial dominante, não há como acolher os pedidos do Agravante. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, para manter a decisão de primeiro grau que indeferiu o pedido de tutela antecipada. P. R. Intimem-se a quem couber. Após o trânsito em julgado do decisum, devidamente certificado, arquivem-se os autos. À Secretaria para as devidas providências. Belém, (PA), 23 de novembro de 2015. Desa. EDINÉA OLIVEIRA TAVARES Desembargadora Relatora
(2015.04433228-95, Não Informado, Rel. EDINEA OLIVEIRA TAVARES, Órgão Julgador 3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA, Julgado em 2015-12-01, Publicado em 2015-12-01)
Ementa
3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0094729-32.2015.8.14.0000 JUÍZO DE ORIGEM: 11ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE BELÉM/PA AGRAVANTE: PAULO CÉSAR FRANCO DE MOURA ADVOGADO: EDGAR JARDIM DA CONCEIÇÃO AGRAVADO: NOVA GESTÕES RECUPERAÇÃO DE ATIVOSS AGRAVADO: BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S/A RELATORA: DESA. EDINÉA OLIVEIRA TAVARES AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. REGISTRO NO ROL DE DEVEDORES. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE REQUISITOS NECESSÁRIOS AO DEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO....
Data do Julgamento
:
01/12/2015
Data da Publicação
:
01/12/2015
Órgão Julgador
:
3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA
Relator(a)
:
EDINEA OLIVEIRA TAVARES
Mostrar discussão