TJRR 100011642
CÂMARA ÚNICA – TURMA CRIMINAL
HABEAS CORPUS Nº 0000.10.001164-2/Boa Vista
Impetrante: Dr. Luiz Augusto Moreira, OAB-RR nº 177
Paciente: Nayla de Araújo Rodrigues
Autoridade Coatora: MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista
RELATÓRIO
Trata-se de habeas corpus impetrado pelo advogado Luiz Augusto Moreira, em favor de Nayla de Araújo Rodrigues, presa preventivamente desde 22/09/2010, sob a acusação do crime previsto no art. 157, § 3º, parte final (latrocínio) c/c o art. 14, II, todos do Código Penal e art. 244-B (corrupção de menores) da Lei nº 8.069/90, na forma do art. 69 (concurso material) do Código Penal.
Argumenta o impetrante que não houve motivação idônea para a fundamentação do decreto prisional preventivo nem tampouco para a decisão que negou o pedido de revogação da constrição cautelar feito em 1ª Instância.
Pleiteia, portanto, a concessão da presente ordem de Habeas Corpus para que seja relaxada a prisão da paciente, tendo em vista a ausência das hipóteses do art. 312 do Código de Processo Penal, assinalando que a ré é primária, possui bons antecedentes, exerce atividade lícita (estudante) e possui endereço fixo (reside com os pais).
Informações da autoridade apontada coatora, às fls. 36/40, esclarecendo que a paciente encontra-se presa preventivamente com fundamento na garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal, tendo apresentado defesa prévia em 29/11/2010 (intimação feita em 25/11/2010).
Esclarece, ainda, que em 03/12/2010 foi confirmado o recebimento da denúncia, tendo sido designada audiência de instrução e julgamento para o dia 19/01/2011.
Em consulta processual ao SISCOM, feita em 20/01/2011, verifiquei que a referida audiência se realizou na data prevista.
Parecer da douta Procuradoria de Justiça, às fls. 60/64, pela denegação da ordem.
É o relatório.
Boa Vista, 01 de fevereiro de 2011.
Juíza Convocada DRA. GRACIETE SOTTO MAYOR – Relatora
CÂMARA ÚNICA – TURMA CRIMINAL
HABEAS CORPUS Nº 0000.10.001164-2/Boa Vista
Impetrante: Dr. Luiz Augusto Moreira, OAB-RR nº 177
Paciente: Nayla de Araújo Rodrigues
Autoridade Coatora: MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista
VOTO
Em que pesem os argumentos apresentados pela impetrante, não merece prosperar o presente Writ.
Verifico que estão presentes os requisitos da prisão preventiva, nos termos dos arts. 311 e 312 do Código de Processo Penal.
Segundo as informações prestadas pela autoridade coatora, às fls. 36/40, a prisão preventiva da paciente foi efetivada em 22/09/2010 e vem sendo mantida com fundamento na necessidade de se garantir a ordem pública e por conveniência da instrução criminal, uma vez apurada a materialidade e verificada a presença de fortes indícios de autoria contra a acusada, nos termos do decreto prisional, às fls. 54/58:
“(...) a permanência da representada em liberdade, abalaria a ordem pública, gerando uma sensação de impunidade em toda a sociedade, tendo em vista a grande repercussão do fato criminoso dessa natureza em nosso Estado.” (fl. 55)
“No presente feito, verifica-se que a manutenção em liberdade da Representada, poderá trazer danos irreparáveis a instrução criminal, uma vez que segundo se depreende dos autos, restou evidenciado a proximidade entre a Representada e o adolescente TIARLISON, fato que por si só, facilitaria eventual constrangimento da mesma, com o intuito de prejudicar a instrução criminal.” (fl. 57)
Apesar de já ter ocorrido a audiência de instrução e julgamento, a prisão preventiva pode e deve ser mantida com fundamento na garantia da ordem pública, uma vez que este tipo de crime causa desassossego à sociedade, o que justifica a necessidade de manutenção da constrição cautelar, como bem colocou o ilustre magistrado a quo.
Ademais, a denegação da liberdade provisória, em se tratando de acusado primário e de bons antecedentes, não acarreta constrangimento ilegal quando demonstrada a necessidade de manutenção da prisão preventiva, em virtude da presença dos motivos que a autorizam.
Nesse sentido:
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART. 121, § 2º, INCISO III, DO CÓDIGO PENAL. PRISÃO EM FLAGRANTE. INDEFERIMENTO DA LIBERDADE PROVISÓRIA. FUNDAMENTAÇÃO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PECULIARIDADES DO CASO. REITERAÇÃO DELITIVA. I - A decisão que indefere o pedido de liberdade provisória, mantendo preso cautelarmente quem foi detido em flagrante, deve demonstrar, de forma suficiente, a presença dos requisitos insertos no art. 312 do Código de Processo Penal; II - Na hipótese dos autos, o decisum combatido encontra-se fundamentado em dados concretos extraídos dos autos, estando calcada na garantia da ordem pública, eis que consta a informação de que a paciente costumava dirigir impudentemente e sob efeito de álcool (Precedentes); III - De fato, a periculosidade da agente para a coletividade, desde que comprovada concretamente é apta a manutenção da restrição da liberdade (HC 89.266/GO, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 28/06/2007; HC 86002/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 03/02/2006; HC 88.608/RN, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJU de 06/11/2006; HC 88.196/MS, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 17/05/2007); IV - Outrossim, condições pessoais favoráveis, como bons antecedentes e residência fixa, não têm o condão de, por si só, garantirem a concessão da liberdade provisória, se há nos autos, elementos hábeis a recomendar a manutenção da custódia cautelar (Precedentes). Ordem denegada.” (STJ - HC 154.332/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, j. 20/04/2010, DJe 14/06/2010)
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. QUADRILHA ARMADA. PRISÃO PREVENTIVA. (1) EXCESSO DE PRAZO. SENTENÇA. SUPERVENIÊNCIA. SÚMULA 52/STJ. ANÁLISE SUPERADA. (2) GRAVIDADE CONCRETA. REITERAÇÃO DELITIVA. FUNDAMENTOS IDÔNEOS. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
(...) 3. As condições pessoais favoráveis, tais como primariedade, bons antecedentes e residência fixa não são suficientes para garantir ao paciente a revogação da prisão preventiva se há nos autos elementos que recomendam a manutenção da custódia cautelar; 4. Ordem conhecida em parte e, em tal extensão, denegada.” (STJ - HC 90.980/PE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, j. 17/06/2010, DJe 02/08/2010)
Assim tem decidido esta Corte de Justiça:
“HABEAS CORPUS – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DISPARO EM VIA PÚBLICA CONTRA POLÍCIA LOCAL – CONCURSO MATERIAL – PRISÃO EM FLAGRANTE – REGULARIDADE – LIBERDADE PROVISÓRIA – CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS – IRRELEVÂNCIA – PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS E REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA – ORDEM CONHECIDA E DENEGADA.” (TJRR - HC nº 10090136366, Rel. Des. Lupercino Nogueira, j. em 02/03/2010 e p. em 12/03/2010)
Por tais fundamentos, em consonância com o parecer ministerial, voto no sentido de ser conhecida a impetração, eis que adequada à espécie, e no mérito DENEGO a ordem de Habeas Corpus pleiteada.
Boa Vista - RR, 01 de fevereiro de 2011
Juíza Convocada DRA. GRACIETE SOTTO MAYOR – Relatora
CÂMARA ÚNICA – TURMA CRIMINAL
HABEAS CORPUS Nº 0000.10.001164-2/Boa Vista
Impetrante: Dr. Luiz Augusto Moreira, OAB-RR nº 177
Paciente: Nayla de Araújo Rodrigues
Autoridade Coatora: MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista
EMENTA
PROCESSUAL PENAL - HABEAS CORPUS – LATROCÍNIO TENTADO – CORRUPÇÃO DE MENORES – CONCURSO MATERIAL – RELAXAMENTO DA PRISÃO PROVISÓRIA – REQUISITOS AUTORIZADORES DA CONSTRIÇÃO CAUTELAR - PRESENTES - ORDEM DENEGADA.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Câmara Única – Turma Criminal, do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, por unanimidade, em consonância com o parecer ministerial, em denegar a ordem, nos termos do voto da Relatora.
Sala das Sessões, em Boa Vista, 01 de fevereiro de 2011.
DES. LUPERCINO NOGUEIRA – Presidente em exercício/Julgador
DES. RICARDO OLIVEIRA - Julgador
Juíza Convocada DRA. GRACIETE SOTTO MAYOR - Relatora
PROCURADORIA DE JUSTIÇA
Publicado no Diário da Justiça Eletrônico, ANO XIV - EDIÇÃO 4486, Boa Vista, 4 de fevereiro de 2011, p. 020.
( : 01/02/2011 ,
: XIV ,
: 20 ,
Ementa
CÂMARA ÚNICA – TURMA CRIMINAL
HABEAS CORPUS Nº 0000.10.001164-2/Boa Vista
Impetrante: Dr. Luiz Augusto Moreira, OAB-RR nº 177
Paciente: Nayla de Araújo Rodrigues
Autoridade Coatora: MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista
RELATÓRIO
Trata-se de habeas corpus impetrado pelo advogado Luiz Augusto Moreira, em favor de Nayla de Araújo Rodrigues, presa preventivamente desde 22/09/2010, sob a acusação do crime previsto no art. 157, § 3º, parte final (latrocínio) c/c o art. 14, II, todos do Código Penal e art. 244-B (corrupção de menores) da Lei nº 8.069/90, na forma do art....
Data do Julgamento
:
01/02/2011
Data da Publicação
:
04/02/2011
Classe/Assunto
:
Habeas Corpus )
Relator(a)
:
JUIZA GRACIETE SOTTO MAYOR RIBEIRO
Mostrar discussão