TJPA 0001429-59.2005.8.14.0028
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS E ESPECIAIS _________________________ PROCESSO N. 0001429-59.2005.814.0028 RECURSO ESPECIAL RECORRENTE: IRINEU KUSTER BOHRY RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Trata-se de RECURSO ESPECIAL interposto por IRINEU KUSTER BOHRY, com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea 'a', da Constituição Federal, em face do v. acórdão n.º 147.981, proferido pela Egrégia 2ª Câmara Criminal Isolada, que, por unanimidade de votos, conheceu e negou provimento ao apelo interposto pelo recorrente, nos autos de Ação Penal. O aresto n.º 147.981 recebeu a seguinte ementa: APELAÇÃO PENAL. ART. 12, § 1º, II, da LEI N.º 6.368/76. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RECURSO IMPROVIDO. 1.RESTOU EVIDENCIADO, IN CASU, QUE A CONDENAÇÃO DO SENTENCIADO DEVE PERMANECER. O CONTEXTO PROBATÓRIO É ELUCIDATIVO EM APONTAR AO MESMO A CONDUTA DE QUEM -SEMEIA, CULTIVA OU FAZ A COLHEITA DE PLANTAS DESTINADAS À PREPARAÇÃO DE ENTORPECENTE OU DE SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA - NÃO HAVENDO QUE SE FALAR EM ABSOLVIÇÃO, POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. 2. A APREENSÃO DE 542(QUINHENTOS E QUARENTA E DOIS) PÉS DE MACONHA A UMA DISTÂNCIA DE UM QUILOMETRO DO BARRACÃO DE APOIO DA FAZENDA PERTENCENTE AO RECORRENTE, SOMADO AOS OBJETOS ENCONTRADOS NO BARRACÃO, QUAIS SEJAM, UMA BALANÇA DE PRECISÃO, SEMENTES DE MACONHA E DOCUMENTOS PESSOAIS DO SENTENCIADO, NOS CONDUZEM A CERTEZA DA AUTORIA DO DELITO TIPIFICADO NO ART. ART. 12, § 1º, INCISO II, DA LEI N.º 6.368/76, PRATICADO PELO APELANTE. 3. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO, À UNANIMIDADE. Em suas razões recursais, o recorrente aponta negativa de vigência ao artigo 386, V, do Código de Processo Penal, por falta de prova para embasar sua condenação. Contrarrazões às fls. 253/255. Decido sobre a admissibilidade do especial. Inicialmente, cumpre salientar que o recurso interposto será analisado pelas normas contidas no antigo Código de Processo Civil, conforme os enunciados administrativos de nº 01 deste Tribunal e de nº 02 do Superior Tribunal de Justiça. Ultrapassada essa consideração inicial, tem-se a dizer sobre o apelo nobre, que o insurgente satisfez os pressupostos de cabimento relativos à legitimidade, regularidade de representação, tempestividade e interesse recursal, inexistindo fato impeditivo ou extintivo ao direito de recorrer. Quanto ao preparo, este é dispensado em razão da natureza da Ação Penal. Não obstante estarem preenchidos os pressupostos recursais extrínsecos, o recurso não reúne condições de seguimento. Explico. Da suposta violação ao art. 386, inciso V, do CPP. Não obstante estarem preenchidos os pressupostos recursais extrínsecos, o recurso não reúne condições de seguimento diante da ausência do prequestionamento do artigo 386, inciso V, do CPP. Isto porque é imprescindível que no aresto recorrido a questão tenha sido discutida e decidida fundamentadamente, sob pena de não preenchimento do referido requisito, indispensável para admissão do recurso. Ademais, observa-se que o recorrente não opôs embargos de declaração, para prequestionar o referido artigo, pois, sabe-se que caso da interposição de embargos declaratórios, a omissão apontada não seja sanada pelo Tribunal, cabe à parte, na interposição do recurso especial, alegar violação do art. 535 do Código de Processo Civil, o que não ocorreu no presente caso. Neste sentido, considerando que o Acórdão n.º 147.981 (fls. 232/235) aparentemente não emitiu qualquer tese a respeito do dispositivo constitucional invocado, motivo pelo qual se torna imprescindível a aplicação das súmulas 282 e 356 do STF, aplicadas analogicamente. Nesse sentido: (...)2 Não cumpre o requisito do prequestionamento o recurso especial para salvaguardar a higidez de norma de direito federal não examinada pela origem, ainda mais quando inexistente a prévia oposição de embargos declaratórios. Súmulas 282 e 356, do Supremo Tribunal Federal.(...) 6. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no REsp 1361785/AL, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015). (...) 1. A ausência de pronunciamento em torno da questão contida nos dispositivos da legislação federal invocados impede o conhecimento do recurso especial, pela falta de prequestionamento. Incidência das Súmulas 211 do STJ e 282 do STF. 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 274.413/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe 01/07/2014). O ora recorrente foi denunciado pelo Órgão Ministerial sob a acusação da prática do crime disposto no art. 12 § 1º, II, da Lei n. 6.368/76. Em sentença proferida em 1º grau, o magistrado o condenou ao total de 05 anos de reclusão. Inconformado com o decreto condenatório, interpôs Apelação, a qual foi julgada improvida. Em face da decisão colegiada, foi manejado o presente recurso especial. Conforme se denota da leitura das razões recursais, o recorrente alega que não restaram provados os fatos narrados na denúncia. Nesse sentido nega ter participação no fato criminoso e que não há provas suficientes nos autos que justifique o decreto condenatório, ocorre que para verificação da suposta inocência do réu, primordial se faria a reanálise de fatos e provas dos autos. Nesse contexto, importa transcrever trechos fundamentais do voto condutor do acórdão impugnado sobre as contrariedades. Ei-los: ¿ RESTOU EVIDENCIADO, INCSAU, QUE A CONDENAÇÃO DO SENTENSIADO DEVE PERMANECER. O CONTEXTO PROBATÓRIO É ELUCIDATIVO EM APONTAR AO MESMO A CONDUTA DE QUEM SEMEIA, CULTIVA OU FAZ A CHOLHEITA DE PLANTAS DESTINADAS A PREPARAÇÃO DE ENTORPECENTE OU DE SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSIQUÍCA NÃO HAVENDO QUE SE FALAR EM ABSOLVIÇÃO, POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. ¿ (fl. 232). (grifei). Nota-se, que o acórdão impugnado assentou que o conjunto probatório demonstra, de maneira inequívoca, a materialidade e a autoria, portanto, a verificação das ofensas legais apontadas caminha, como um todo, para o amplo revolvimento do conjunto fático-probatório, diante da decisão que, prima facie, foi estabelecida de forma fundamentada. Assim, denota-se que as contrariedades sugeridas, caso existentes, implicariam necessariamente no reexame de provas, o que encontra óbice na via excepcional ante o teor da Súmula nº 7 do STJ, segundo a qual: ¿A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. ¿. A propósito, confiram-se os seguintes arestos da Corte Superior: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. PRETENSÃO QUE DEMANDA O REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. SUPOSTA OMISSÃO NO JUGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.1. O Tribunal de origem, ao manter a condenação do agravante, pela prática do crime previsto no art. 213 do CP, valorou as palavras da vítima, bem como a sua consonância com outros meios de provas presentes nos autos, concluindo haver elementos suficientes de autoria e materialidade delitiva. (...) (AgRg no REsp 1468907/RR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe 03/08/2015).(grifei). (...). VIOLAÇÃO AO ART. 386, IV E V, DO CPP. ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. VEDAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. De acordo com o entendimento jurisprudencial remansoso neste Superior Tribunal de Justiça, os julgadores não estão obrigados a responder todas as questões e teses deduzidas em juízo, sendo suficiente que exponham os fundamentos que embasam a decisão. Incidência do enunciado 83 da Súmula deste STJ. 2. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial". Incidência da Súmula 7 deste Tribunal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 462735 MG 2014/0013029-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 18/11/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/12/2014) Isto posto, nego seguimento ao recurso, pelo juízo regular de admissibilidade. À Secretaria competente para as providências de praxe. Belém, 19/09/2016 CONSTANTINO AUGUSTO GUERREIRO Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Pará Página de 4 EBM F. 71 - D. 86
(2016.03851082-96, Não Informado, Rel. NADJA NARA COBRA MEDA - JUIZA CONVOCADA, Órgão Julgador 2ª TURMA DE DIREITO PENAL, Julgado em 2016-10-03, Publicado em 2016-10-03)
Ementa
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ COORDENADORIA DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS E ESPECIAIS _________________________ PROCESSO N. 0001429-59.2005.814.0028 RECURSO ESPECIAL RECORRENTE: IRINEU KUSTER BOHRY RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Trata-se de RECURSO ESPECIAL interposto por IRINEU KUSTER BOHRY, com fundamento no artigo 105, inciso III, alínea 'a', da Constituição Federal, em face do v. acórdão n.º 147.981, proferido pela Egrégia 2ª Câmara Criminal Isolada, que, por unanimidade de votos, conheceu e negou provimento...
Data do Julgamento
:
03/10/2016
Data da Publicação
:
03/10/2016
Órgão Julgador
:
2ª TURMA DE DIREITO PENAL
Relator(a)
:
NADJA NARA COBRA MEDA - JUIZA CONVOCADA
Mostrar discussão